O Comité Central do MPLA, seita política no poder em Angola há 49 anos, elegeu para vice-presidente do partido Mara Quiosa, que substitui no cargo Luísa Damião, que cumpria desde 2018 essa função.
Mara Quiosa, governadora da província do Cuanza Sul e eleita com 585 votos dos 693, foi felicitada pelo líder do MPLA, general João Lourenço, bem como pelo Presidente da Re(i)pública, general João Lourenço e pelo Titular do Poder Executivo, general João Lourenço.
Segundo o general João Lourenço, o MPLA reconhece o mérito daqueles “que de forma incansável” deixam bem o partido e o país. No caso de Mara Quiosa tem toda a razão, desde logo porque os angolanos reconhecem (embora sem ser de forma empírica) que Quiosa é excelente em qualquer posição para que sejam requeridos os seus dotes.
“Aqueles que trabalham não precisam de ser eles a dizer que eu sou um bom quadro, eu sou um bom político, mereço o lugar A ou B. O mérito deve ser reconhecido pelos outros, deve ser reconhecido pelo partido e o partido tem olhos para ver quais são os quadros e dirigentes que de forma incansável deixam sempre ficar bem o nosso partido e o nosso país”, frisou o general, num discurso improvisado e testado sobejas vezes em frente aos espelhos do Palácio Presidencial.
A nova vice-presidente do MPLA foi eleita com 585, o correspondente a 95,7% dos votos, 17 contra, nove abstenções, seis nulos e 15 em branco. Votos contra, abstenções, nulos e em branco? Francamente. O MPLA já não é o que era…
Em declarações à imprensa, Mara Quiosa prometeu trabalhar “de forma mais aguerrida” para não defraudar a confiança depositada em si pelo líder. Pelo “querido líder”, entenda-se.
“De facto temos alguma experiência, mas nada comparado ao que deveremos realizar agora, mas sim vamos continuar a trabalhar, a ajudar o camarada presidente nesta caminhada, continuando a manifestar o nosso apoio incondicional ao nosso líder”, referiu.
Mara Quiosa citou também o desafio de continuar a trabalhar manter coeso o partido, a dar toda atenção a todas as estruturas de base. Se ela cumprir que essa ideia de dar atenção às bases vai ser um bacanal (político entenda-se).
“O nosso partido continua organizado, continua coeso, temos todas as nossas organizações em pleno funcionamento, o que nós vamos continuar a fazer agora é fazer este acompanhamento, que de alguma forma já tem estado a acontecer”, afirmou.
A reunião do Comité Central do MPLA, realizada depois do VIII congresso extraordinário do partido, elegeu o novo Bureau Político, a maioria dos membros reconduzidos, e o coordenador da Comissão de Disciplina, Ética e Auditoria, Pedro Neto e como sua adjunta, Mariana Filipe.
Logo a seguir o Bureau Político do MPLA elegeu o secretariado por unanimidade, com alguns ajustes, dos quais se destaca o regresso de Mário António, como secretário para o Departamento dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Nádia Monteiro, secretária para Administração e Finanças, Roberto de Almeida, presidente da Fundação Sagrada Esperança convidado permanente.
Na sua intervenção final, o general João Lourenço disse que este congresso “que contrariou o sentimento pessimista de algumas pessoas” decorreu num ambiente “de harmonia e camaradagem”, frisando que “os objectivos foram atingidos”.
O VIII congresso extraordinário do MPLA serviu para reflexão dos 50 anos de independência de Angola, que se assinala a 11 de Novembro de 2025, e ajustamento aos estatutos do partido, com destaque para o artigo 120º, sobre a Designação do Candidato a Presidente e vice-Presidente da República.
Com este ajuste, o candidato a Presidente e vice-Presidente da República passam a ser designados pelo Comité Central, proposto pelo Bureau Político do MPLA.
Em 2022, noutra frente, a então nova governadora de Cabinda, exactamente a mesma Mara Quiosa, prometeu “maior comprometimento, mais proximidade e valorização dos recursos humanos” locais, sobretudo atenção especial com a juventude, procurando responder às aspirações do povo. Já não era mau. A governadora sabia que em Cabinda existe… povo.
“Entendemos que Cabinda é uma província com muitos desafios, naturalmente à semelhança de outras. O que nós queremos agora é de termos uma governação cada vez mais de proximidade, cada vez mais participativa”, afirmou a governante, em Luanda. E os resultados foram tão bons que o seu patrão, general João Lourenço, lhe passou uma guia de marcha…
A “nossa perspectiva é de continuidade, continuarmos a trabalhar com os projectos já iniciados a nível da província de Cabinda, temos projectos estruturantes para aquela província, sem desprimor para a continuação da implementação do PIIM (Plano Integrado de Intervenção nos Municípios)”, frisou.
“Vamos trabalhar com todos e todas. Na nossa província fala-se muito da questão dos seus recursos naturais, mas é preciso fazermos também um grande investimento em torno de um outro grande recurso que consideramos essenciais que são os recursos humanos”, explicou a então governadora, na altura 47 anos depois de o MPLA ser também dono de Cabinda, território que ocupou em Novembro de 1975.
A governadora prometeu maior comunicação e proximidade: “É preciso comunicarmos bem, porque, de facto, sentimos que, às vezes, o que nos falta é de facto esta aproximação”.
“O nosso executivo está com grandes projectos, estamos com muitas realizações a nível da província e é importante que as nossas populações saibam o que está a acontecer e acompanhem todo esse crescimento que a província tem estado a verificar”, realçou.
Por outro lado, “uma atenção especial será dada à nossa juventude, aos jovens da província, naquilo que à empregabilidade diz respeito e também no âmbito da promoção contínua da habitação para os nossos jovens”, apontou.
Questionada se os resultados eleitorais deveriam implicar uma dinâmica redobrada para a província, a governadora respondeu que “é preciso comprometimento com o trabalho”.
“É preciso perceber quais são as grandes aspirações do povo de Cabinda e nós vamos trabalhar nesse sentido. É possível sim mudar o quadro, o que temos que fazer é trabalhar mais, estarmos mais envolvidos e estarmos cada vez mais próximos das nossas populações”, respondeu.
Para, dessa forma, “podermos identificarmos as suas grandes preocupações e com elas podermos melhorar e corrigir cada vez mais a nossa actuação”, concluiu Mara Quiosa, que na legislatura cessante (des)governou a província do Bengo.
Mara Quiosa é uma altíssima moldura (ou quadro) do MPLA. Foi Chefe de Secção do Comité Provincial da JMPLA, de Secção do Comité Nacional da JMPLA, de Departamento Produtivo e Social do Comité Nacional da JMPLA, Directora do Departamento de Cultura Recreação e Desportos do Comité Nacional da JMPLA e Deputada à Assembleia Nacional do MPLA.
Além disso, em 2021 foi Membro do Comité Nacional da OMA, em 2018 Membro do Bureau Político do MPLA, em 2016 Membro do Comité Municipal do MPLA de Luanda, Primeira Secretária do Comité Municipal do MPLA de Luanda, Membro do Comité Provincial do MPLA de Luanda, Membro da Comissão Executiva do Comité Provincial do MPLA em Luanda, Membro do Comité Central do MPLA, Membro honorária do Movangola.
Em 2015 foi Membro do Comité Provincial da OMA, Membro do Comité Nacional da JMPLA, em 2013 Membro da Comissão Executiva do Comité Distrital do Sambizanga, em 2011 Coordenadora do Núcleo da OMA, CAP 165, em 2010 Membro de Direcção do CAP 163, em 2008 Membro da Cruz Vermelha de Angola, em 2007 Membro da Akwa Sambila. Em 1999, com 19 anos, ingressou no MPLA.