INFLAÇÃO DÁ (BONS) SINAIS

A inflação em Angola caiu 1,38% em Março face a Fevereiro de 2025 e registou uma variação homóloga de 23,85%, com um decréscimo de 1,41 pontos percentuais se comparada com Março de 2024, anunciou hoje o INE angolano.

Quando comparados os preços de Março deste ano com os preços de Março de 2024, o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) revela que a variação homóloga se situa em 23,85%, registando um decréscimo de 1,41 pontos percentuais, lê-se numa nota do INE.

O índice registou uma variação de 1,38% de Fevereiro para Março de 2025, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas.

A queda da inflação em Março confirma a tendência da redução dos preços que se regista em Angola nos últimos onze meses, ou seja, desde Maio de 2024, conforme dados do INE.

A classe “transportes” foi a que registou maior aumento de preços, com uma variação de 1,83%. Destacam-se também os aumentos dos preços verificados nas classes “bebidas alcoólicas e tabaco” com 1,77%, “hotéis, cafés e restaurantes” com 1,75% e “vestuário e calçado” com 1,62%.

As províncias que registaram menor variação nos preços foram Lunda Sul com 1,34%, Malanje com 1,23% e Luanda com 1,18%. Bié (2,09%), Moxico (1,88%) e Cabinda (1,88%) foram as províncias que registaram maior variação de preços nesse período.

Em Março, o banco central angolano manteve a taxa de juro de referência em 19,5%, face à tendência de (eventual) desaceleração da inflação que prevê que se situe nos 17,5% este ano.

Segundo o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, que falava após a reunião do Comité de Política Monetária, destacou que todo o trabalho está a ser feito para se alcançar a taxa de inflação de um dígito nos próximos dois a três anos.

O comunicado saído da reunião refere que a inflação homóloga, referente aos últimos doze meses, manteve a sua trajectória descendente. “Essa tendência deverá manter-se nos próximos meses, tendo em conta, por um lado, a adequação das condições monetárias ao ritmo de crescimento da actividade económica e, por outro lado, a maior disponibilidade dos produtos de amplo consumo”, considera o Banco Central.

Segundo o governador do BNA, o processo é de desaceleração, mas a inflação continua alta, realçando que em Junho e Julho de 2024 atingiu os 31% e em Agosto se iniciou o processo de desaceleração.

“É uma taxa bastante alta, razão pela qual todos os esforços do lado do Banco Nacional de Angola vão continuar a ser feitos para que passamos alcançar o nosso objectivo, de médio longo prazo, que é uma inflação de um dígito. Enquanto isto não acontece, nós temos um objectivo de uma inflação de 17,5% no final do ano em curso (…) ainda assim é alta”, salientou o Manuel Tiago Dias.

O Comité de Política Monetária do BNA decidiu manter a taxa BNA em 19,5% e a taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez em 20,5%, mas reduzir a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez para 17,5%, com vista a “sinalizar a necessidade de uma maior dinâmica no mercado monetário interbancário”.

A nível monetário, no comunicado referia que a base monetária em moeda nacional contraiu 3,62% em Fevereiro deste ano, após ter contraído 0,07% em Janeiro passado, levando a variação acumulada para 3,69%.

De acordo com o comunicado, a redução da base monetária em Fevereiro deste ano reflectiu-se na diminuição das notas e moedas em circulação e também nas reservas obrigatórias em moeda nacional, em 0,45% e 10,96%, respectivamente.

Manuel Tiago Dias referiu que também o ‘stock’ de notas e moedas em poder público se reduziu em 3,21%, em Fevereiro, e em 12,38%, em termos acumulados.

O ‘stock’ de crédito à economia, em moeda nacional, atingiu 6,24 biliões de kwanzas (cerca de 5,9 mil milhões de euros) em Fevereiro de 2025, representando um aumento de 3,47%, face ao mês de Janeiro e um aumento acumulado de 3,87%, ou seja, 232,77 mil milhões de kwanzas (223,5 milhões de euros).

A próxima reunião do Comité de Política Monetária está marcada para Luanda, nos dias 20 e 21 de Maio de 2025.

Entre outras contas, no meio das encomendas superiores, registe-se que, por exemplo, a consultora Oxford Economics prevê que a inflação em Angola abrande para 19,2% em 2025, depois de subir 28,1% em 2024, e uma degradação do valor da moeda nacional, para 927,4 kwanzas por dólar.

“Projectamos que a média da taxa de câmbio da moeda nacional se enfraqueça, de 871,5 kwanzas por dólar em 2024, para 927,4 kwanzas por dólar este ano, o que vai manter a inflação sob pressão”, escrevem os analistas no comentário à evolução da inflação em Angola.

Na análise, enviada aos clientes, o departamento africano desta consultora britânica aponta para uma previsão de abrandamento da inflação para 19,2% este ano, o que compara com os 28,1% registados, em média, durante o ano passado.

“A nossa visão é que a inflação vai continuar a descer este ano, devido aos efeitos favoráveis de base e à inexistente pressão dos preços das matérias-primas”, escrevem os analistas, vincando que a desvalorização da moeda nacional, para mais de 900 kwanzas por dólar, durante o segundo semestre do ano passado, vai ajudar a abrandar a inflação este ano.

Também hoje, o Governo anunciou que vai privatizar oito unidades hoteleiras das redes IU e Bina, por via de um concurso limitado por prévia qualificação, no âmbito do Programa de Privatizações (ProPriv) 2023-2026.

Segundo o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) angolano, a privatização das referidas unidades hoteleiras, localizadas nas províncias do Bengo, Zaire, Lunda Sul, Namibe e Uíje, foi autorizada por despacho presidencial.

Os hotéis serão privatizados na modalidade de concessão do direito de exploração e gestão, através de concurso limitado por prévia qualificação, refere o Instituto.

O IGAPE anuncia também, em comunicado, que 15 hotéis em construção da rede IKA e IU passam agora para a sua esfera e que deverá procurar parcerias estratégicas para concluir as obras, redefinir o uso e valorizar os activos.

As unidades em construção estão localizadas nas províncias angolanas do Bengo, Moxico, Malanje, Zaire, Cuanza Norte, Cunene, Uíje e Benguela.

O ProPriv inscreve activos dos sectores da banca, seguros, telecomunicações, indústria, comunicação social, agro-pecuária, restauração e outros.

Folha 8 com Lusa

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