Nova era dos diamantes em… 2022

O ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, reafirmou hoje que espera lançar a bolsa de diamantes de Angola, de forma experimental, no próximo ano, sublinhando que pretende cooperar neste domínio com empresários belgas. Em 26 de Março, o ministro já tinha dito o mesmo, apenas acrescentando “se as condições permitirem”, referindo que “a criação de uma bolsa não se faz apenas por decreto”.

Hoje o ministro falava num encontro, em Luanda, com uma delegação de mais de 20 empresários belgas, associados ao Centro Mundial de Diamantes de Antuérpia (Antwerp World Diamond Centre), uma organização que representa mais de 1.600 empresas deste sector.

Na sua intervenção de abertura, Diamantino Azevedo abordou as mudanças em curso na comercialização de diamantes em Angola, necessárias para eliminar práticas de monopólio, e que constituirão um momento transitório para um mecanismo mais eficiente para a comercialização dos diamantes, a futura bolsa.

O governante sublinhou a vontade de cooperar com a AWDC e outras bolsas a nível mundial, para melhorar a comercialização, e adiantou que o governo está também a trabalhar no aumento da capacidade de lapidação dos diamantes.

Para o efeito está a ser criado um parque para instalação de fábricas em Saurimo (Lunda Sul), adiantou apelando aos empresários belgas para investirem neste polo de lapidação, bem como nas áreas de prospecção e produção de diamantes.

Sobre o potencial mineiro, Diamantino Azevedo lembrou que Angola tem a quarta maior mina de diamantes primários do mundo e “em breve” deverá entrar em produção uma com maior dimensão.

O embaixador da Bélgica, Jozef Smets, que acompanhou o encontro, disse que o objectivo da visita é intensificar os contactos já existentes e apresentar Antuérpia como um centro de negócios de diamante, que oferece os melhores preços e uma garantia de transparência, mas também dar a conhecer os projectos e políticas do executivo angolano.

Por seu lado, o presidente da Endiama, empresa pública angolana de mineração, salientou que Angola quer aproveitar a experiência belga na futura bolsa

Quanto à entrada em funcionamento das novas minas, indicou que a mina de Luaxe deve ter “alguma produção experimental” já este ano, devendo entrar em funcionamento também outras mais pequenas com as de Luembe e Cassaguidi. O objectivo é atingir no próximo ano uma produção de 14 milhões de quilates.

Entretanto, o Centro Mundial de Diamantes de Antuérpia, que representa mais de 1.600 empresas desta indústria, quer assinar um acordo com o governo angolano para a compra directa de diamantes, disse hoje o presidente da organização, Chaim Pluczenik.

“Antuérpia é o maior centro mundial de diamantes e Angola é um dos maiores produtores mundiais, queremos ter um fornecimento directo para a indústria belga”, disse Chaim Pluczenik, à margem do referido encontro de empresários belgas.

O responsável destacou que 86% da produção mundial de diamantes passa por Antuérpia: “Estamos preparados para assinar um acordo de longo prazo com o governo, com algumas companhias, tal como fizemos com a Alrosa (empresa diamantífera russa) e a DeBeers”.

Chaim Pluczenik adiantou que a sua própria empresa, a Pluzcenik, uma das principais casas diamantíferas mundiais, criada há 65 anos, é uma das interessadas.

“Gostamos de trabalhar no longo prazo, não somos oportunistas. Gostamos de trabalhar numa base regular nos tempos bons e nos tempos maus”, afirmou, apontando para um possível acordo de três a cinco anos.

Em Dezembro de 2020, cinco das maiores empresas organizadoras de leilões e licitações de diamantes apresentaram propostas à SODIAM, empresa de comercialização de diamantes angolana, para realizarem serviços na futura bolsa de diamantes do país

Um comunicado de imprensa da SODIAM refere que foram recepcionadas propostas de interesse da Bonas-Couzyn NV, First Element DTC (Pty) Ltd, I-Henning & Co. Ltd, Kon International DMCC e Trans Atlantic Gem Sales DMCC.

Segundo Peter Meeus, consultor e coordenador técnico para a Bolsa de Diamantes de Angola, que trabalha em parceria com a SODIAM, estavam então a ser analisados quais os serviços que se melhor se adequam às necessidades da indústria diamantífera angolana, de acordo com a legislação vigente no país.

A SODIAM estava igualmente a analisar a colaboração com prestadoras de serviço de Acidificação para a Bolsa de Diamantes, nomeadamente a Elmyr Services BVBA e Quality Boiling (Charlotte) BVBA.

“As duas empresas – Elmyr e Charlotte – apresentaram as suas propostas de interesse, que estavam em análise. Ambas as empresas possuem escritórios nas principais praças diamantíferas, Antuérpia e Dubai”, disse Peter Meeus, citado no comunicado.

De acordo com o coordenador, a intenção é ter uma unidade de acidificação na Bolsa de Diamantes de Angola, para que antes da venda aos compradores, os diamantes passem por um processo de ebulição profunda, que terá lugar nas suas próprias instalações, com vista ao benefício local e maximização do preço.

A futura Bolsa de Diamantes de Angola vai também incluir, segundo a informação de Dezembro de 2020, uma Academia de Gemologia e um Centro de Pesquisa Tecnológica e vai ter o seu funcionamento incorporado como zona franca.

O ministro Diamantino de Azevedo, citado na nota, referiu que existem actualmente em Angola 14 minas operacionais e o volume total da produção diamantífera em 2019 atingiu os 9,086 milhões de quilates, avaliados em 1,263 milhões de dólares (1,037 milhões de euros).

Diamantino de Azevedo afirmou que um dos objectivos da Bolsa de Diamantes de Angola é concentrar o enorme fluxo de diamantes sob o mesmo tecto.

“Entendemos que uma parte destes diamantes poderão ser vendidos por via de leilões/licitações”, referiu o ministro, acrescentando que a SODIAM estava a auscultar junto de prestadores deste tipo de serviços, para maximizar o resultado da produção nacional e obter os melhores resultados possíveis.

Folha 8 com Lusa

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