O 25 DE ABRIL, UNS E OUTROS

Completam-se hoje 50 anos desde que Portugal e as suas colónias libertaram-se do regime fascista e ditatorial do chamado Estado Novo, instaurado em Portugal em 1933, sob a liderança de Oliveira Salazar.

Por Lukamba Gato

Por força das contradições internas do próprio regime, sobretudo os problemas económicos e sociais, exacerbados pelos efeitos nefastos da guerra colonial em várias frentes, nomeadamente Angola, Moçambique, Guiné e Cabo Verde, um golpe de Estado pôs fim a ditadura salazarista, abrindo novas perspectivas para Portugal e suas colónias.

Foi nesse contexto que as novas autoridades portuguesas fizeram uma clara e inequívoca opção a favor da Democracia e do desenvolvimento económico e social de Portugal, bem como a descolonização de todos os seus territórios do ultramarinos.

Decorridos 50 anos desde a também conhecida como a Revolução dos Cravos, Portugal é hoje um país democrático e económica e socialmente desenvolvido. Contribuiram imenso para o estado actual de Portugal os recursos e sobretudo a mentalidade e o estado de espírito trazidos pelos chamados “retornados” das ex-colónias e a adesão à então Comunidade Europeia.

Ao contrário de Portugal, as autoridades que se acapararam ilegalmente do poder em Angola na sequência dos mesmos acontecimentos, fizeram uma opção diferente.

Os golpistas angolanos instauraram em Angola a chamada “ditadura do proletariado” com todo o seu requinte, como o partido único, o Poder Popular e uma economia de planificação central, para tudo estar de acordo com os ditames do seu aliado estratégico, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas/URSS.

É importante sublinhar aqui que no momento dos factos acima narrados, Angola era do ponto de vista do desenvolvimento económico e social, conhecida como sendo a “Jóia da Corona do Império Português”. Por outras palavras, as forças produtivas de Angola estavam muito mais avançadas comparadas com as da potência colonial.

Decorridos 50 anos desde que nos libertamos das garras do sistema colonial, Angola, o nosso grande e rico país está hoje agonizante, nos antípodas de Portugal, arrastando-se com todos os efeitos da má governação, da exclusão, do roubo do erário, do enriquecimento ilícito da classe dirigente.

Cinquenta anos depois, os que dirigem Angola, deviam, pelo menos, ter o dever de apresentar um balanço honesto e assumir as respectivas consequências políticas, porque tudo o que se passou em Angola durante o período em análise, resultou das grandes opções políticas e económicas do mesmo partido.

Foi oportuno o convite feito pelas autoridades portuguesas aos dirigentes angolanos para participarem nas celebrações dos 50 anos da Revolução que libertou simultaneamente “o colono e o colonizado”. Espero que o principal convidado angolano às celebrações em Portugal, tenha a coragem intelectual de pelo menos constatar a “reviravolta” operada em Portugal, como consequência da vontade política dos dirigentes portugueses depois dos acontecimentos de Abril.

Deste lado, o cidadão angolano está em condições de ajuizar e decidir em consequência.

Viva o 25 de Abril
Viva a Revolução dos Cravos

Título original: «O 25 DE ABRIL: AS MESMAS CAUSAS “COM VONTADES” DIFERENTES, PRODUZEM EFEITOS DIFERENTES…»

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