ELEITO JÁ ESTÁ. E AGORA, MPLA?

Apitos, cornetas e “ye ye yés” efusivos saudaram hoje a eleição de Adalberto da Costa Júnior (ACJ) no XIII Congresso da UNITA, depois de o dirigente ter sido afastado da liderança do partido por decisão do MPLA através da sua sucursal Tribunal Constitucional (TC).

O TC deu razão, em Outubro, ao MPLA através de um grupo de militantes que alegaram irregularidades no congresso de Novembro de 2019 que elegeu Adalberto da Costa Júnior, nomeadamente o facto de ter nacionalidade portuguesa à data da entrega da candidatura, obrigando a repetir o conclave.

O anúncio da eleição de ACJ, que concorreu sozinho neste acto eleitoral, ao contrário do que sucedeu em 2019 quando derrotou outros quatro candidatos, foi recebido no complexo do SOVSMO, quartel-general do partido do “Galo Negro” em Luanda, com explosões de alegria.

O anúncio foi feito pelo presidente da Comissão Eleitoral, Africano Pedro Kangombe.

No congresso votaram mais de mil delegados, estando presentes na sala incluindo históricos da UNITA como os generais Kamalata Numa e Lukamba Gato, Alcides Sakala, e o presidente cessante Isaías Samakuva, que voltou à liderança do partido na sequência da destituição de ACJ decretada pelo MPLA.

O acto foi acompanhado também por convidados portugueses como o socialista João Soares e o chefe de missão adjunto da Embaixada de Portugal em Angola, José Correia, bem como diplomatas de outros países e representantes de outros partidos angolanos, como Justino Pinto de Andrade do Bloco Democrático.

O terceiro e último dia do XIII Congresso teve como ponto alto a eleição do presidente do partido do “Galo Negro” depois de Adalberto da Costa Júnior ter sido destituído, na sequência de uma decisão do MPLA via Tribunal Constitucional que deu razão (dois anos depois) a um grupo de militantes que alegaram irregularidades no conclave de 2019, entre as quais o facto de ACJ ter concorrido quando detinha ainda nacionalidade portuguesa.

No congresso, que decorreu em Viana, nos arredores de Luanda, votam 1141 delegados (menos nove do que os 1150 inicialmente previstos devido à suspensão de nove militantes).

No terceiro e último dia do XIII Congresso, cujo ponto alto foi a eleição do novo presidente, a votação foi antecedida pela aprovação de um conjunto de resoluções e vários intervenções que levaram a votação a começar com atraso.

Questionado sobre os motivos que levaram à suspensão de três membros da Comissão Política, depois de outros sete militantes terem sido suspensos, esta semana, o porta-voz do partido, Ruben Sicato, indicou que a decisão se deveu a razões de ordem disciplinar e que todos terão oportunidade de falar em sua defesa. Sublinhou ainda que ninguém na UNITA, principal partido da oposição que o MPLA ainda permite em Angola, é “expulso por pensar diferente”.

“Aliás, estes nossos colegas, tanto do primeiro grupo como do segundo grupo, estiveram presentes quando se apresentou a proposta de resolução que iria, ou não, suspendê-los. Não é um delito de pensamento. Somos um partido que defende a democracia”, vincou o responsável.

No final, o partido poderá dar-lhes razão e reconhecer ter cometido uma injustiça ou decidir expulsar os militantes.

“O processo não acaba aqui, passa para o órgão de jurisdição, é onde eles estão e eles fazem a sua defesa. Se houver uma situação em que não se consigam defender ou surjam até questões mais complicadas podem ser expulsos, mas também o inverso pode acontecer, chegar-se à conclusão de que o que aconteceu com a suspensão foi um acto injusto”, afirmou Ruben Sicato.

“É algo que acontece em todos os partidos do mundo, há sempre alguém que está em contramão com a disciplina do partido e aí há dois caminhos, ou o partido permite que isso continue e entramos em situação de anarquia e corre o risco de desaparecer ou então tem de impor ordem, algo que não é inédito na história do partido”, rematou.

A direcção da UNITA suspendeu na quarta-feira três membros da Comissão Política, entre os quais José Pedro Katchiungo, que disputou a liderança do partido no congresso realizado em 2019, que elegeu Adalberto da Costa Júnior.

A decisão foi tomada na reunião estatutária que precede o XIII Congresso do partido do “Galo Negro”, atá hoje dirigido por Isaías Samakuva, que esteve à frente da UNITA durante 16 anos e regressou na sequência das ordens superiores do MPLA que “decretou” o afastamento de Adalberto da Costa Júnior por força do acórdão da sua sucursal, Tribunal Constitucional, que anulou o congresso de 2019, dando razão a uma queixa de um grupo de militantes que alegaram irregularidades, entre as quais o facto de o candidato vencedor ter concorrido sem renunciar à nacionalidade portuguesa – algo que Adalberto da Costa Júnior sempre negou.

Katchiungo disputou a corrida eleitoral à UNITA em 2019, sendo o menos votado entre os restantes candidatos (Adalberto da Costa Júnior, Alcides Sakala, Abilio Kamalata Numa, Raul Danda), recolhendo apenas 10 votos.

Folha 8 com Lusa

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