PETROMAX A… ENERGIA SOLAR?

Mais de 500 mil painéis solares, instalados na comuna de Biópio, província de Benguela, geram 144.9 megawatts e beneficiam quase um milhão de angolanos, um investimento de 500 milhões de dólares para um conjunto de sete centrais.

Segundo o director do Centro Fotovoltaico do Biópio, Nilton de Carvalho, os painéis solares ocupam uma área de 360 hectares e geram 144.9 megawatts de energia, reforçando, desde 2022, o sistema regional centro e norte.

O responsável frisou que o Governo está apostado (presume-se que desde 1975) na diversificação da sua matriz energética, com foco para as energias limpas, destacando a existência de centrais hídricas “com muita potência de geração de energia”, como as barragens de grande porte de Laúca, Kapanda, Cambambe e brevemente de Caculo Cabaça, além das grandes centrais solares.

O director do Centro Fotovoltaico de Biópio admitiu que há ainda comunidades, sobretudo as zonas rurais, sem acesso à energia, mas o Governo vem investindo para a montagem de outras centrais com vista a colmatar o défice nessas localidades.

“Estamos inseridos na rede de 220 quilovolts, da rede da região central e região centro, onde estão interligadas dez províncias, que são abastecidas quer de energias limpas hídricas, como também das centrais solares”, frisou.

Há previsões para que dentro de pouco tempo, segundo Nilton de Carvalho, toda essa energia da região centro seja interligada à linha da região sul “e futuramente poderá ser o leste”. “É uma linha que poderá ser adjudicada ao país todo”, vincou.

A Central Fotovoltaica do Biópio foi um projecto desenvolvido pela Sun Africa, multinacional dos Estados Unidos da América focada em soluções de energia renovável, presente em Angola desde 2018, trabalhando em parceria com o Ministério da Energia e Águas.

Segundo o representante da Sun Africa na Conferência sobre a Coordenação do Apoio ao Corredor do Lobito, realizada quarta-feira, em Benguela, iniciativa da Power Africa, o projecto prevê a implementação de sete centrais solares.

“Foi um financiamento externo por parte do SEK, uma agência de crédito à exportação sueca, que ronda 500 milhões de dólares (447,8 milhões de euros) para um conjunto de sete centrais, que totalizam 370 megawatts”, disse Eguinilson da Silva.

Eguinilson da Silva frisou que tendo em conta o sucesso obtido no desenvolvimento desta central do Biópio, foram já identificadas outras necessidades, em áreas mais recônditas, pelo Governo angolano.

“Solicitou-nos também a necessidade de desenvolvermos míni-redes para localidades a volta do país, que ainda não estejam interligadas pelo sistema nacional, para colmatar as necessidades de uma maneira mais rápida”, frisou.

De acordo com Eguinilson da Silva, está próximo da fase de execução esse projecto com o financiamento aprovado, recentemente, de 1,6 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros), pelo EximBank dos EUA, para a instalação de 65 mini-redes no sul do país, com uma capacidade instalada de 220 megawatts.

Em Angola, a Sun Africa tem já projectos desenvolvidos nas províncias da Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico.

Recorde-se que II Fórum de Diálogo, Ciência e Sociedade, que decorreu no Lubango, descobriu a fórmula da pólvora seca ao recomendar a electrificação das zonas rurais, devendo ter em conta da diversidade dos contextos de cada localidade e dirimir a carência de distribuição de energia sustentável. Ao fim de 49 anos, os iluminados peritos recomendam o que existe de mais basilar – a electrificação das zonas rurais. É obra!

Trata-se – disse na altura a agência de notícias do MPLA (Angop) – de uma medida que, segundo os participantes no encontro, vai ajudar o Executivo a dirimir a problemática existente da distribuição da energia sustentável e inovação tecnológica no país, tomando sempre em conta a diversidade dos contextos.

Essa estratégia, conforme refere o comunicado final da organização, pode passar pela massificação da instalação de painéis solares, o que pode favorecer a diversificação da agricultura. Cada cavadela, cada minhoca.

Para isso, o fórum defendeu (com rara perspicácia) que é preciso definir as políticas públicas e disponibilizar recursos financeiros e humanos dedicados à integração de energia sustentável e inovação tecnológica para o desenvolvimento das comunidades rurais.

No capítulo da Transição Energética e Educação, Desafios e Perspectivas para o Ensino Superior em Angola, o encontro pede que os projectos de extensão universitária sejam feitos com a comunidade e não só para a comunidade, sobretudo no que toca aos aspectos ligados à biodiversidade. Mais uma das emblemáticas conclusões dos peritos, na senda – aliás – de La Palice para quem, recorde-se, um certo individuo antes de morrer estava… vivo.

O secretário de Estado para o Ensino superior, Eugénio da Silva, salientou que as conclusões saídas do evento demonstram o quão importante e útil é o certame que colocou todos a reflectir sobre uma nova realidade, tendo o ambiente como factor determinante na definição das políticas públicas.

“É incontornável falar de desenvolvimento harmonioso integrado e sustentável à margem das questões ambientais e o sector da educação e ensino desempenha aqui um papel fundamental, na medida em que tal como destaquei, no início deste Fórum, tem de cuidar e garantir a instrução dos cidadãos”, elucidou.

O evento foi promovido pelo Programa da UNI.AO, em colaboração com o ISCED-Huíla, Universidade Mandume ya Ndemufayo e o Instituto Superior Politécnico Tundavala, com vista a reflectir sobre as principais forma e canais de interacção entre o mundo académico e a sociedade.

No dia 10 de Maio, o Governo (do MPLA há 49 anos) estimou que seja necessário investir cerca de 11 mil milhões de euros para atingir uma taxa de electrificação do país de 50% até 2027, com a incorporação de, pelo menos, 72% de energias renováveis.

O Plano de Acção do Sector de Energia 2023-2027 de Angola prevê a continuidade da diversificação das fontes de energia de forma a incorporar pelo menos 72% de energias renováveis (entre fonte solar e hídrica) até 2027, disse o secretário de Estado para a Energia, Arlindo Bota.

As referidas acções visam atingir uma taxa de electrificação de 50%, num investimento total de cerca de 12 mil milhões de dólares (11 mil milhões de euros), disse o governante, frisando que as instituições financeiras e o sector privado devem desempenhar um papel determinante.

“Prevê-se que os projectos de construção dos parques solares fotovoltaicos sejam concluídos nos próximos anos. Estas centrais contribuirão para o aumento da capacidade instalada de geração solar fotovoltaica”, afirmou Arlindo Bota na abertura da 2.ª edição do Fórum Energia e Ambiente.

No encontro, organizado pelo Jornal Expansão, o responsável reconheceu que, embora o país tenha observado “notória evolução” na disponibilização de electricidade, sobretudo em fontes renováveis de produção, os desafios “ainda são imensos”.

Considerou também que Angola tem necessidade de garantir a expansão da rede de transporte de energia de modo a escoar e distribuir o excedente à data actual existente”, referindo que a dispersão dos aglomerados populacionais impulsiona as autoridades a recorrer aos sistemas solares.

Para garantir mais electricidade às populações espalhadas nas 18 províncias angolanas, Arlindo Bota destacou a aprovação de dois projectos de electrificação nas províncias do leste e sul de Angola, que devem beneficiar mais seis milhões de habitantes em 132 localidades.

“Estas soluções incluem, principalmente, sistemas solares com acumuladores, as respectivas redes de distribuição, bem como sistemas solares individuais, o que encurtará, sem dúvida, o tempo de construção das infra-estruturas”, referiu.

Entre 2018 e 2022, a previsão do Governo passava por investimentos públicos de 13.500 milhões de dólares (11.600 milhões de euros). Desta verba, 70% seriam utilizados para projectos ligados à energia (geração e distribuição) e os restantes 30% ao fornecimento de água.

Angola é um dos maiores produtores de petróleo da África subsaariana, com cerca de 1,7 milhões de barris por dia, mas o gás natural resultante desta exploração continua a ser queimado ou injectado de novo nos poços. Também é um dos maiores “produtores” de corrupção, incompetência, mortalidade infantil e pobres (20 milhões… por enquanto).

O Governo do MPLA tem por isso a meta de, até 2025, mais de 20% da energia eléctrica produzida no país resultar do aproveitamento do gás natural, através da instalação de centrais de ciclo combinado.

Esta posição foi transmitida anteriormente pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, no âmbito do plano de desenvolvimento do sector eléctrico, que até 2025 previa elevar a capacidade de produção instalada a cerca de 9.000 MegaWatts (MW), praticamente o triplo no espaço de 10 anos.

Quando esse plano for concluído, 62% do volume de electricidade a produzir será proveniente dos recursos hídricos, com a construção de várias barragens.

A segunda parcela será garantida pelo aproveitamento do gás natural, de 21% do total, o equivalente a uma capacidade instalada, dentro de sete anos, de cerca de 2.000 MW.

“O que se está a projectar é a construção de centrais de ciclo combinado ao longo do litoral do país, em Cabinda, Benguela e Namibe”, explicou o governante.

João Baptista Borges lembrou que depois da água, o gás é o segundo maior recurso natural disponível em Angola para a produção de electricidade, sendo objectivo do Governo diversificar as fontes de energia, para que o país não fique “dependente de um único combustível primário”.

Folha 8 com Lusa

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