A produção diamantífera em Angola caiu 21% em 2023, reflectidas nas receitas brutas das exportações de 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros), redução de 20% em relação a 2022, anunciou hoje fonte oficial.
Os dados foram avançados pelo secretário de Estado dos Recursos Minerais, Jânio Correia Vítor, justificando a queda da produção, neste período, pelos serviços de optimização e condicionamento da central de tratamento do Sociedade Mineira do Luele e a reestruturação de alguns projectos.
“A produção total realizada em 2023 representa uma diminuição de cerca de 21% comparativamente à previsão estabelecida, justifica-se por vários factores com realce para os serviços de optimização e condicionamento da central de tratamento do Luele”, disse.
A Sociedade Mineira de Catoca foi a que mais produziu, no período, com cerca de 71% da produção total.
Falando durante a cerimónia de apresentação das realizações do subsector diamantífero em 2023, fez saber que Angola comercializou 9,39 milhões de quilates de diamantes brutos.
“As exportações diamantíferas totalizaram cerca de 9,91 milhões de quilates representando um acréscimo de quase 12% comparativamente ao ano anterior”, assinalou.
As receitas brutas das exportações diamantíferas foram cerca de 1,5 mil milhões de dólares (1,38 mil milhões de euros), “uma redução de aproximadamente 20% em relação a 2022, justificada pela redução dos preços no mercado face ao ano anterior”, argumentou.
Em relação às projecções, Jânio Correia Vítor referiu que este subsector pretende ultrapassar os 10 milhões de quilates de diamantes brutos.
Emirados Árabes Unidos (72%) e Bélgica (26%) foram os principais destinos dos diamantes angolanos.
Recorde-se que na terça-feira, dois diamantes com mais de 100 quilates foram recuperados no Lulo, elevando para 42 o número de pedras com esses parâmetros encontradas na mina localizada na Lunda-Norte, de acordo com um comunicado divulgado em Luanda, pelos parceiros angolanos e australianos que operam aquela unidade.
A Lucapa Diamonds Company Limited (de capital australiano), bem como as angolanas Endiama e Rosas & Pétalas declararam, na última semana, a descoberta de duas pedras especiais com 116 e 162 quilates, do tipo IIa, no Bloco Mineiro 46, sendo o 41º e 42º diamantes com mais de 100 quilates recuperados na mina desde o início das operações, em 2010.
O presidente do Conselho de Administração da ENDIAMA, Ganga Júnior, é citado no comunicado a afirmar que esta descoberta confirma o potencial da concessão para a recuperação de pedras especiais com mais de 100 quilates, e incentiva o Conselho de Gerência do Lulo a intensificar o seu trabalho de prospecção para aumentar as reservas do projecto e continuar a ampliar o seu tempo de vida.
“Esse tipo de pedra demonstra a todo e qualquer investidor o grande potencial diamantífero que Angola tem, pelo que, seria uma mais-valia que viessem investir no subsector dos diamantes no país”, disse.
Dados disponíveis indicam que, só num leilão realizado em Dezembro do ano passado, foram vendidas oito pedras especiais do Lulo que perfaziam 646,52 quilates, por cerca de 17 milhões de dólares, na sequência de sucessivas descobertas anunciadas ao longo dos anos, depois de 2010.
A mina é operada pela Sociedade Mineira do Lulo, constituída pelas empresas angolanas ENDIAMA E.P (32 por cento) e Rosas & Pétalas (28), bem como pela australiana Lucapa Diamond (40).
Entretanto, dias antes, a primeira-dama, Ana Dias Lourenço, participou em Luanda na ,8.ª Conferência da Itália Design Day (IDD) 2024, promovida pelo Ministério italiano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional.
Ao encerrar o acto, Ana Dias Lourenço afirmou que o evento trouxe abordagens interessantes, ligadas a projectos criados pelos intervenientes, mostrando que, com criatividade e dedicação, é possível fazer muitas coisas e bem feitas, que orgulham os angolanos em qualquer parte do mundo.
“Angola tem futuro e hoje saio daqui com a convicção plena de que nós temos futuro, e que futuro é a nossa juventude e pessoas com capacidade de criar como estes diamantes presentes neste painel”, referiu Ana Dias Lourenço.
A indústria diamantífera em Angola está a tornar-se cada vez mais atractiva, sobretudo com as reformas legislativas, a descoberta de jazidas de alta qualidade e uma abordagem prospectiva por parte do Executivo, que especificamente tem um argumento forte para o investimento estrangeiro.
Esta suposta realidade foi apresentada aos investidores internacionais durante a Feira Internacional de Minas, que a Cidade do Cabo acolheu de 6 a 8 de Março.
No evento, ficou patente que o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás está a envolver activamente os parceiros regionais e globais para melhorar a produção e posicionar o país como um centro de excelência para a produção de diamantes.
Angola é o quarto maior produtor de diamantes em África e o sexto a nível mundial, com a produção a atingir 9,8 milhões de quilates em 2023. Em 2024, o país espera produzir até 14,6 milhões de quilates, um objectivo que só pode ser alcançado por meio do aumento do investimento estrangeiro.
Numa audiência na Cidade do Cabo, o director de Geologia da ENDIAMA, Rogério Guimarães, disse que o sector mineiro em Angola sofreu mudanças significativas nos últimos cinco anos, com o objectivo de trazer investidores para o país.
As reformas, segundo o gestor, incluem a criação da Agência Nacional de Recursos Minerais – uma agência reguladora mineral independente criada em 2020, as novas políticas de investimento e repatriação de capital, as novas políticas de comercialização de diamantes e as condições fiscais atractivas.
Por sua vez, o presidente do Conselho de Administração da Sodiam, Eugénio Bravo da Rosa, explicou que, antes da aprovação dos novos incentivos fiscais, os investidores que estabeleceram fábricas tinham de pagar 3,5 por cento pelo diamante bruto lapidado localmente.
“Agora, pagam apenas 2,25 por cento. Se quiserem exportar, podem fazê-lo com uma taxa de 3,5 por cento, enquanto antes era de 5,6 por cento.”, disse o gestor.
Segundo o responsável, este esforço do Governo, para reestruturar o sector, já produziu resultados positivos, com a indústria mineira de Angola a oferecer numerosos benefícios aos investidores.
Segundo Eugénio Bravo da Rosa, os resultados incluem um ambiente político e social estável, legislação de investimento atraente, uma política de marketing e vendas de diamantes focada no mercado, forte potencial geológico, bem como a garantia de repatriamento de capitais e de diamantes de alta qualidade.
Além disso, o Governo tem “dados e informações disponíveis que podem ser partilhados com potenciais investidores”, ressaltou o gestor, acrescentando que os dados não só melhoraram a compreensão do sector mineiro angolano, como facilitaram o investimento das empresas.
No evento, participaram cerca de oito mil conferencistas, operadores de multinacionais, médias e pequenas empresas, entre as quais 14 angolanas, com o objectivo de captação de investimentos tecnológicos da indústria mineira.
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