Devido ao encerramento da Rádio Global FM pelo Governo, em Dezembro, os funcionários daquela estação emissora estão em casa, há perto de quatro meses, à espera de enquadramento nos quadros na Rádio Nacional de Angola (RNA), sob a responsabilidade do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) de gerir esta rádio após passar para a esfera do Estado, em 2020, depois de confiscada no âmbito da recuperação dos bens construídos com fundos públicos.
Por Domingos Miúdo
Com elevada preocupação e aborrecimento, os funcionários afirmaram estar a caminho do quarto mês à espera que a direcção da Rádio Nacional de Angola os chame para o respectivo enquadramento nas diferentes rádios que fazem parte do grupo RNA.
“Estamos preocupados com a nossa situação desde o encerramento da rádio em Dezembro. Já fizemos uma exposição manifestando a preocupação a respeito do processo de inserção e nada”, denunciam os visados que agora estão em casa.
Segundo os funcionários, citados pelo Novo Jornal, a 20 de Dezembro de 2023, o PCA Pedro Cabral garantiu a todos os trabalhadores da Rádio Global FM que a partir do mês de Janeiro de 2024 se faria, de forma gradual, a inserção destes trabalhadores, o que até agora não se concretizou.
De acordo com os funcionários, a inserção do pessoal da Global FM não é uma iniciativa da RNA, mas resultante do próprio processo de recuperação deste activo.
Entretanto, manifestaram o apelo ao PCA da RNA, Pedro Cabral, que desse andamento ao processo com a máxima celeridade, pois, já estão cansados de ficarem em casa.
Todavia, os trabalhadores da Global FM não entendem as razões que levaram a RNA a não os enquadrar até ao momento, visto que o procedimento é idêntico ao que aconteceu com muitos funcionários da ZAP e da Palanca TV, enquadrados na Televisão Pública de Angola (TPA).
Importa recordar que a Global FM encerrou definitivamente a sua emissão no dia 28 de Dezembro de 2023 por decisão do seu órgão gestor, a RNA, que alegou razões financeiras. Ainda em Dezembro, o órgão teve o último atraso salarial de três meses, mas viu esse problema resolvido antes do Natal, porém, a surpresa ocorreu três dias depois do Natal, dia 28, que ditou o seu encerramento por decisão do conselho de administração.
Em despacho assinado pelo presidente do conselho de administração da Rádio Nacional de Angola, Pedro Cabral, a que o Folha 8 teve acesso, este PCA determinou o encerramento definitivo da rádio.
Em 2022 um caso semelhante que teve o mesmo desfecho foi o da TV Palanca, que pertencia ao mesmo grupo da Rádio Global FM, entretanto, os seus funcionários foram todos transferidos para a TPA, depois da promessa do Governo, através do MINTTICS, de que aquela TV seria transformada num canal de desporto da TPA, mas tal intenção não se concretizou ainda.
Segundo uma fonte da RNA, conforme refere o Novo Jornal, a Global FM só trazia despesas para o Estado, daí transferirem os meios para o grupo RNA e deliberar consequentemente o seu encerramento.
Vale também recordar que a TV Zimbo, a Rádio Mais e o jornal O País, do grupo Media Nova, que pertenciam aos generais Hélder Vieira Dias “Kopelipa” e Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, também foram absorvidos pelo Estado ao abrigo da mesma legislação, estando permanentemente em cima da mesa a sua reprivatização, contudo, sem grandes avanços.
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