COISA ESTRANHA, CHOVE EM ANGOLA!

Fortes chuvas provocaram o desabamento de 90 casas em Angola, na comuna de Cacolo, na localidade da Hogiwa, desalojando quase 500 pessoas, indicou esta terça-feira o porta-voz do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros, Wilson Baptista.

Wilson Baptista frisou que as famílias foram transferidas para uma localidade próxima, localizada num ponto mais alto da comuna, tendo já o governo provincial disponibilizado chapas de zinco, pregos e barrotes para a construção de abrigos, além da assistência social da parte da comissão da protecção civil local que receberam.

O aumento do caudal do rio Longa, província angolana do Cuanza Sul, deixou submersa a ponte, impedindo a circulação na Estrada Nacional 100, que liga Luanda às regiões sul do país, adiantou a mesma fonte.

“Nesta localidade de Hogiwa a inundação atingiu 100% da localidade, ela está localizada na zona mais baixa do Longa”, disse o porta-voz dos bombeiros.

O responsável avançou que o leito do rio está assoreado [terra, lixo e matéria orgânica acumulada], por esta razão não consegue dar vazão ao grande volume das águas, situação a qual está associada a subida do nível do mar.

“Isso faz com que haja retorno das águas do mar para rio adentro, fazendo que este choque, nesse ponto, tivesse causado essa inundação, que atingiu acima de 1,20 metros da EN n.º 100, naquele troço em específico”, explicou.

Segundo Wilson Baptista, apesar da chuva, estão a ser criadas condições para se realizar o desassoreamento do rio e para se criarem bacias de retenção de águas naquele perímetro, como medidas imediatas e paliativas.

O problema é cíclico, prosseguiu Wilson Baptista, destacando os constrangimentos causados na circulação de pessoas e bens, apontando a necessidade de um trabalho de engenharia profundo para a ponte, que se encontra num nível muito baixo e totalmente submersa.

“Desaconselha-se veículos ligeiros utilizarem aquele troço (…) o nível da água atingiu 1,20 metros, o suficiente para impedir que uma viatura mais baixa passe”, frisou.

“A recomendação vai no sentido de as pessoas terem paciência e usarem outras vias para entrar para o sul ou sair do Cuanza Sul para Luanda, que passa por usar a via da Gabela, e quem sai de Luanda, passar pelo Alto Dondo para ir ao Sumbe ou às outras províncias do litoral sul”, acrescentou.

De acordo com o porta-voz dos bombeiros, a previsão é que as regiões centro e norte do país continuem sob forte chuva, sublinhando que muitos rios convergem no rio Longa, aumentando o volume do caudal.

O governador do Cuanza Sul, Job Capapinha, numa reunião realizada segunda-feira para analisar o ocorrido, considerou “constrangedora” a situação de transitabilidade na Estrada Nacional n.º 100, na localidade da Hogiwa, carecendo de uma profunda reflexão para salvaguardar vidas humanas e infra-estruturas sociais.

“Já acionámos o Governo central no sentido de dar resposta a esta situação, tendo em conta que transcende as nossas capacidades e aguardamos, nas próximas horas, a deslocação de uma equipa técnica para avaliar a situação e encontrar as formas mais viáveis de emergência para salvaguardar a vida das pessoas”, frisou Job Capapinha, citado pela Angop, agência noticiosa angolana.

O período de chuvas em Angola vai de meados de Agosto até à primeira quinzena de Maio, sendo o mês de Abril o que regista chuvas intensas.

CHUVA NÃO LAVA A INCOMPETÊNCIA DO GOVERNO

Estradas intransitáveis, inundações, casas alagadas, carros a circular por ruas reservadas a barcos. Sempre que chove, até Luanda a boiar. Nem sequer nos vale o Aeroporto Internacional recentemente inaugurado ou o metro(politano) de superfície… alagada.

A chuva continua a mostrar, sobretudo em Luanda, que os governos do país (de uma forma geral) e da Província (de forma particular) continuam – como tem sido hábito e regra ao longos de décadas – a julgar que o corredor de fundo e o fundo do corredor são a mesma coisa. A incompetência é de tal ordem que até se desculpam com os erros do tempo colonial…

Mortos, desalojados, casas destruídas, inundação de escolas, de centros de saúde fazem parte da identidade do MPLA sempre que chove. E, ainda por cima, a chuva não obedece às ordens superiores do Presidente do MPLA. É uma verdadeira arruaceira. Ao menos serve para que todos possamos constatar a incompetência de quem, ao longo de muitos anos, teve e tem responsabilidades na estruturação das diferentes província.

O Governador de Luanda viu, no terreno, o mesmo que tinha visto o seu antecessor, o antecessor do antecessor e por aí fora. E então porque é que nada se faz, para além de medidas paliativas, para resolver de forma definitiva estes problemas?

Nada se faz, desde logo, porque os responsáveis não são criminalmente responsabilizados.

E o culpado é… Entendamo-nos. Tudo o que de errado se passa em Angola foi, é e será culpa dos portugueses, da UNITA, dos activistas e, já agora, do Folha 8. A independência poderia ter chegado há 500 anos mas só chegou há 49. A culpa é dos portugueses. João Lourenço poderia ser loiro, mas não é. Manuel Gomes da Conceição Homem poderia ser competente, mas não é. A culpa é dos portugueses e similares arruaceiros. Angola poderia ser um dos países menos corruptos do mundo, mas não é. A culpa é dos portugueses, da UNITA, dos activistas e, já agora, do Folha 8.

Em tempos recentes o ex-Presidente da República (que só esteve no poder há 38 anos) considerou que a província de Luanda vivia “graves problemas decorrentes da situação complicada herdada do colonialismo, mormente no domínio das infra-estruturas e saneamento básico”.

Sua majestade o rei de então, como certamente o monarca de hoje dirá a mesma coisa, intervinha na abertura de uma reunião técnica, dedicada à problemática dos constrangimentos sócio-conjunturais da cidade capital, e que juntou alguns membros do Executivo e responsáveis da província em busca de fórmulas mais consentâneas para a implementação dos projectos decorrentes de programas aprovados há alguns anos.

Segundo o nosso Kim Jong-un de então, os 30 anos de guerra que o país viveu (por culpa dos portugueses, é claro) não permitiram a mobilização de recursos humanos e financeiros para satisfazer todas as expectativas das populações.

Para Eduardo dos Santos, os desafios eram enormes, as despesas cresceram muito e, em certos casos, “superam a nossa capacidade”, daí a necessidade de recorrer-se à sabedoria no domínio da gestão parcimoniosa.

José Eduardo dos Santos disse também ser preciso trabalhar com base em prioridades “atacando os problemas essenciais”, que, por sua vez, permitam a resolução de outros, decorrentes dos eixos fundamentais.

Antes dessa reunião, no Marco Histórico “4 de Fevereiro”, no município do Cazenga, com titulares das pastas da Construção, Transportes, Planeamento e Desenvolvimento Territorial, Urbanismo e Habitação, os secretários de Estado das Águas e do Tesouro, entre outros responsáveis, o “querido líder” cumpriu uma jornada que o levou às obras de intervenção na zona conhecida como da “Lagoa de São Pedro”, na comuna do Hoji-Ya-Henda, assim com a algumas vias rodoviárias, que supostamente iriam conferir melhores condições de vida às populações.

Os próximos episódios dependem da… chuva.

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