PARA O MPLA HÁ ESPERANÇA DE FUTURO, MAS QUANTO A ANGOLA…

Ultimamente têm aparecido na comunicação social notícias sobre transplantes de órgãos de porcos geneticamente modificados em humanos.

Por Carlos Pinho (*)

Assim, no passado dia 11 de Janeiro de 2022 noticiava-se o transplante de um coração de porco para um ser humano, o qual teve lugar a 7 de Janeiro desse mesmo ano, e a 22 de Janeiro, também de 2022, outra notícia referia o transplante de dois rins de porco, igualmente para um ser humano.

Neste último caso, a notícia baseava-se num artigo científico publicado no American Journal of Transplantation (https://doi.org/10.1111/ajt.16930). Saliente-se ainda que neste último caso o paciente humano estava em morte cerebral e o objectivo do transplante foi o de se avaliar o comportamento desses rins transplantados.

Conforme o Diário de Notícias de Lisboa refere, baseando-se no acima citado artigo científico: Embora o stresse fisiológico no corpo não fosse um ambiente ideal para sustentar a função renal, os rins produziram urina e não foram rejeitados no curto prazo.

Já no caso do transplante de coração, o paciente receptor tinha duas alternativas, ou falecer ou tentar este tipo de transplante, segundo o Jornal de Notícias do Porto. E que eu saiba, ainda vive.

Com estes desafios e consequentes sucessos, mesmo que ainda parciais, o cidadão corrente vai ficar habituado ao uso corrente de uma nova palavra, xenotransplante. Ora o xenotransplante é a designação dada ao transplante de órgãos entre diferentes espécies, ao passo que o transplante entre dois membros, embora geneticamente distintos, pertencentes à mesma espécie chama-se alotransplante. Ou seja, aquilo que conhecemos e que se sabe ser praticado nos dias de hoje entre humanos e que designamos correntemente por transplante, é numa linguagem mais rigorosa o alotransplante.

E o que é que isto interessa ao MPLA, numa escala menor, e a Angola numa escala maior? Eu passo a explicar.

Logicamente que estes esforços de se conseguirem capacidades e competência de se xenotransplantarem órgãos, irá abrir uma imensidão de novas perspectivas de garantia de vida e quiçá de aprimoramento dos humanos. Se calhar estou a exagerar, mas sonhar não custa.

Imaginem que se conseguem desenvolver geneticamente porcos que consigam desenvolver cérebros que possam ser transplantados para humanos, concretamente militantes do MPLA. Isto para o partido seria, com certeza absoluta, uma melhoria inquestionável do seu capital humano, e certamente que o nível intelectual do partido sofreria um aumento de nível. Ainda por cima, e olhando para o caso do MPLA, as modificações genéticas necessárias os porcos dadores, seriam certamente mínimas, o que certamente levaria a uma economia de meios não despicienda.

É evidente que à boa moda do MPLA iriam surgir questões de não somenos importância. Os porcos poderiam ser brancos, ibéricos ou bísaros por exemplo, ou serem obrigatoriamente negros, como é o caso do porco alentejano? Ou mesmo mestiçados entre os de pelagem branca e os de pelagem negra? Há aqui uma questão de genuinidade tão querida aos dirigentes do partido. E depois poderiam ficar, é claro, dúvidas quanto à garantia de adequada nacionalidade desses militantes, se os porcos fossem de proveniência estrangeira, ou se meramente lá tivessem passado algum período das suas vidas.

De facto, o melhor é o Ministério da Ciência angolano começar já a definir critérios rigorosos quanto à carga genética original da, ou das raças de porcos, a serem usadas como dadoras (exclusivamente genuínas seria o ideal), e subsequentemente iniciar um programa de desenvolvimento científico e tecnológico, para ultrapassar os gringos neste domínio da xenotransplantação cerebral. Num partido com quase 700 membros no seu Comité Central, receptores certamente não faltarão. Haja suíno-dadores!

Pessoalmente não tenho dúvidas de que a qualidade cultural, científica, e humanística do MPLA se iria ressentir positivamente com tais desenvolvimentos. Talvez pudéssemos deixar de ver pintos a quererem zurrar, divagações sobre quão eficaz é a luta contra a corrupção em Angola, manifestações de analfabetismo diplomado, ou discursos pirómanos em vez de apaziguadores da opinião pública. Se calhar estou a pedir mais, mas como universitário a minha fé na ciência é inquebrantável.

Só fico com uma dúvida, que objectivamente é quase uma certeza. Não acredito que Angola pudesse tirar benefícios de tal tecnologia de xenotransplantação cerebral. Pois tão baixo é o nível da rapaziada do MPLA que nem com cérebros de suínos lá vão!

(*) Docente da FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

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