O MPLA escolheu o Presidente João Lourenço e a primeira-dama, Ana Dias Lourenço, como as figuras do ano 2021, explicando que a dupla vencedora obteve o maior número de votos de sempre, derrotando os outros dois principais candidatos à liderança do partido, no caso João Lourenço e… João Lourenço, “mostrando que as forças da empatia são maiores que as fúrias da divisão”.
Por Angola, depois de José Eduardo dos Santos ser a figura do ano durante 38 anos, eis que João Lourenço assumiu o lugar.
Registe-se que Presidente da República (também Presidente do MPLA e o Titular do Poder Executivo), João Lourenço, é uma das mais, talvez mesmo a maior, personalidades africana do ano (seja qual for ano) e até do mundo democrático, desde a Coreia do Norte à Guiné Equatorial.
João Lourenço, desde que assumiu funções, ocupou exactamente o centro das conversas fulcrais dos nossos tempos: sobre a riqueza e a pobreza, a equidade e a justiça, a transparência, a modernidade, a globalização, o papel das mulheres (…) as tentações do poder.
Todos, angolanos e cidadãos do mundo (da Coreia do Norte à Guiné-Equatorial) desejam que em 2021 todos se lembrem de uma personalidade como João Lourenço que, há décadas nos bastidores e agora na ribalta, tem sido o timoneiro de todas as qualidades e intervenções que devem ser atribuídas a um estadista de craveira Internacional.
No âmbito religioso talvez não tenha o mesmo destaque porque José Eduardo dos Santos foi considerado “o escolhido de Deus”. No entanto, a corte de João Lourença já trabalha para que ele seja qualificado não como o “escolhido” mas como sendo o próprio… “Deus”.
Nessa altura todos dirão que a escolha “não surpreende, tendo em conta a ressonância e a grande atenção que a presidência de João Lourenço desperta em todo o mundo, e arredores”.
Dirá então o Jornal de Angola que “o líder do MPLA, do Governo e Presidente da República, tornou-se a voz da consciência, com a atenção centrada na compaixão”, apresentando João Lourenço como “o Pai do Povo”.
Todos vão considerar “um sinal positivo que um dos reconhecimentos mais prestigiosos no âmbito da imprensa internacional seja atribuído a quem anuncia no mundo valores espirituais, religiosos, morais, éticos e sociais eficazmente a favor da paz e de uma maior justiça.”
Por seu lado, antevemos, João Lourenço explicará que não procura fama nem sucesso, que faz simplesmente o seu trabalho de anúncio do Evangelho do amor que nutre por todos. Se isto atrai milhões de angolanas e de angolanos o Presidente sente-se feliz. Se esta escolha “da Figura do Ano” significa que muitos compreenderam – pelo menos implicitamente – esta mensagem, com certeza que isto o fará sentir-se feliz, concluirá o porta-voz do regime.
E todos ficaremos francamente felizes. Distinguir João Lourenço será uma forma de mostrar ao mundo quanto ele é superior a dirigentes como N’Krumahn, Nasser, Amílcar Cabral, Senghor, Boigny, Hassan II ou Nelson Mandela.
De facto, não fosse a “visão estratégica” do Presidente João Lourenço e, reconheça-se, a democracia, a reconciliação, a igualdade, a liberdade, a equidade social, os direitos humanos, já há muito tinham colapsado.
O mundo tem ainda de perceber, de uma vez por todas, que também na economia, tal como em todas as outras vertentes da vida, e da morte, dos angolanos, Deus tem agora em João Lourenço o seu escolhido.
Capitaneados pela mais alta personalidade mundial de todos os tempos, alguns angolanos continuarão a ser cada vez mais ricos e outros, pouco relevantes para o caso, continuarão a ser cada vez mais pobres. Embora seja assim há 46 anos, certo é que, como tudo na vida, não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe.
Como dizia Teta Lando, eventualmente num poema – quem sabe? – da autoria de João Lourenço, “se tu és branco isso não interessa a ninguém, se tu és mulato isso não interessa a ninguém, se tu és negro isso não interessa a ninguém. O que interessa é a tua vontade de fazer uma Angola melhor. Uma Angola verdadeiramente livre, uma Angola independente.”
Até agora o líder do MPLA (partido que governa Angola desde 1975), presidente da República não eleito nominalmente e chefe do Governo, João Lourenço, mostra que não brinca em serviço e que não descansará enquanto não for escolhido como personalidade mundial e, é claro, não conquistar um mais do que merecido Prémio Nobel.
Em abono do apoio que aqui manifestamos a João Lourenço, lembramos que, de quando em vez, o Presidente revela um humor inaudito, visível quando exorta os seus súbditos a, nem mais nem menos, “não pactuar com a corrupção e com a apropriação de meios do erário público ou do partido”.
Ainda no âmbito da sua veia humorística, nem sempre compreendida pelos jornalistas, João Lourenço também diz que o MPLA pugna desde 1975 “pela defesa das liberdades direitos e garantias dos cidadãos”.
O auge desse humor, dir-se-ia que é quase um orgasmo, regista-se quando o Presidente evoca como a causa de todos os males a “pesada herança do colonialismo”.