O poeta, ficcionista e ensaísta Leonel Cosme, antigo jornalista da rádio e da imprensa, morreu na quinta-feira, aos 86 anos, em Gondomar, distrito do Porto (Portugal).
“Há um tempo de chegar e um tempo de partir… Chegou a hora de o meu pai, Leonel Cosme, partir”, escreve a filha Ariana Cosme, na sua página do Facebook.
Na publicação, Ariana Cosme recorda que o pai deixou escrito no seu último livro “Homo Sum: Tempo de Partir e Chegar” (no prelo na Unicepe) a sua última vontade: “Quando eu morrer quero apenas sobre a campa uma lápide ou tampa com o meu nome, pois ele diz o que eu valer (…)”.
Leonel Cosme nasceu em Guimarães, em 1934, e viveu 30 anos em Angola, para onde partiu, em 1950, com a família. Radicou-se naquela então colónia portuguesa, onde foi funcionário público e exerceu jornalismo, tendo regressado a Portugal em 1975.
Em 1982, voltou a Angola e ali permaneceu até 1987, ano em que regressou definitivamente a Portugal.
Prosseguiu, no Porto e em Lisboa, a actividade jornalística que já desenvolvia em Angola, na imprensa e na rádio, e, em 1990, retirou-se do jornalismo profissional para se dedicar à actividade literária, representada por colaboração em jornais e revistas da especialidade, obras de ficção e ensaio histórico-literário.
Publicou as novelas “Um Homem na Rua” (1958) e “A Dúvida” (1961), os contos “Quando a Tormenta Passar” (1959) e “Graciano” (1960), e ainda o livro de poemas “Ecce Homo” (1973).
No domínio do ensaio, publicou “A Separação das Águas – Angola 1975-1976”, “Cultura e Revolução em Angola” (1978), “Agostinho Neto, a Poesia e o Homem” (1984), “Muitas são as Áfricas” (2006).
Escreveu ainda uma `pentalogia`, genericamente intitulada “A Revolta”, iniciada na década de 1980, de que fazem parte títulos mais recentes como “A Terra Da Promissão” e “A Hora Final”.
Em Angola, colaborou na revista Cultura, de Luanda (1957-1961), e no Boletim Cultural de Huambo, publicado na então cidade de Nova Lisboa (1948-1974) e foi um dos fundadores e director das Edições Imbondeiro, de Sá da Bandeira (hoje Lubango), onde prefaciou e publicou, em parceria com Garibaldino de Andrade, as que foram consideradas – pelo conteúdo e pelo momento histórico da edição – as mais importantes antologias da nova literatura angolana: “Contos d` África” (1961), “Novos Contos d`África” (1962) e “Antologia Poética Angolana” (1963).
Leonel Cosme é também o autor do catálogo da Primeira Exposição de Bibliografia Angolana (Sá da Bandeira, 1962), com cerca de 700 títulos distribuídos por seis áreas: História e Sociologia, Etnografia, Literatura e Ficção, Viagens e Narrativas, Vários Estudos, Antropologia.
Participou em congressos, seminários e colóquios, promovidos, designadamente, por institutos universitários de Portugal, do Brasil e de Itália.