O director geral do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, Camilo Ceita, assegurou hoje que as cerca de 600 viaturas utilizadas no censo geral da população de 2014 “não estão abandonadas”, mas sim “ao serviço do Estado”.
“E ssas viaturas não estão abandonadas, elas serviram para o Registo Eleitoral, Campanha de Vacinação contra a Febre-amarela, Registo Civil e Bilhete de Identidade, e apoiaram, e ainda apoiam, várias actividades da província da Huíla”, disse hoje Camilo Ceita em Luanda.
Respondendo aos jornalistas sobre o estado das viaturas, face a relatos de “alegados abandono e deterioração”, Ceita explicou que a maior parte das viaturas está “estacionada num parque aberto”.
“É um espaço aberto. A nossa cidade produz muita poeira e seria ilógico que somente as viaturas do INE é que não tivessem poeira, elas não estão abandonadas, estão pelo país”, explicou.
Falando no final de um workshop sobre Indicadores das Tecnologias de Informação e Comunicação, promovido hoje pelo Instituto Angolano das Comunicações (INACOM), Camilo Ceita adiantou que todos os grandes projectos do executivo utilizam as viaturas do INE.
“Até agora, temos as viaturas tal como elas foram adquiridas. Esta falsa ideia de que as viaturas estão abandonadas não é verdade. As viaturas estão operacionais e a servir o Estado e a instituição”, concluiu.
Isto é tudo uma impoluta “ceita”
Provavelmente essas viaturas estarão também ao serviço da primeira fase do primeiro censo agro-pecuário da sua história enquanto país independente, projecto orçado em 24,9 milhões de dólares (21,6 milhões de euros) financiados pelo Banco Mundial (BM), lançado no dia 18 de Fevereiro deste ano.
Ao contrário do veiculado oficialmente, não foi o primeiro censo agro-pecuário. Na verdade foi, pelo menos, um segundo lançamento. O primeiro foi em Novembro e chamava-se Recenseamento Agro-Pecuário e Pescas (RAPP).
A cerimónia de lançamento da primeira fase do censo, virada essencialmente para a formação técnica, foi realizada na província de Benguela pelo director do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, Camilo Ceita.
Segundo o chefe de Departamento de Inquéritos e Censos do INE, Paulo Fonseca, o processo, que compreende quatro etapas, começou este mês nas províncias de Benguela, Cunene, Cuanza Sul, Moxico e Uíje.
Paulo Fonseca adiantou que a primeira etapa vai estar virada para a formação de pessoal seleccionado para integrar as comissões provinciais e municipais.
A segunda fase decorreu em Luanda, também este mês e visou formar os futuros formadores, com a terceira a abranger a formação dos agentes no terreno e a última a recolha de dados.
Por sua vez, o director do INE reconheceu alguns desafios que se vão enfrentar durante o processo, solicitando maior colaboração dos administradores municipais, realçando sobretudo as dívidas às autoridades tradicionais ainda por pagar e referentes ao Censo Geral da População, realizado em 2014.
“Eu reconheço que temos uma dívida com as autoridades tradicionais (cerca de seis mil sobas), com os quais trabalhamos durante o Censo Geral da População (2014), mas dificuldades financeiras que se colocaram a partir de Junho de 2014 levaram a essa situação, que espero que seja resolvida tão logo haja recursos”, referiu Camilo Ceita, citado pela agência noticiosa angolana, Angop.
O censo agro-pecuário centra-se na recolha estatística, processamento e divulgação sobre a estrutura da agricultura, pecuária e pescas em todo o país.
Um outro censo agro-pecuário foi realizado em Angola em 1961, na era colonial portuguesa.
Mesmo que não seja para valer, convém ir dando a imagem de que Angola é mesmo um Estado a sério e sério. Recorde-se que o Recenseamento Agro-Pecuário e Pescas (RAPP) 2018-2019 (ou censo) nasceu (sem poeiras e com viaturas disponíveis) em 28 de Novembro de 2018, em Luanda, para ajudar o Governo a obter dados actualizados e a definir as novas políticas de actuação nestes dois sectores.
O director do Instituto Nacional de Estatística (INE), obviamente Camilo Ceita, que discursou no lançamento, considerou o RAPP uma operação “estatística exaustiva”, diferente do Censo Populacional, dada a especificidade no que concerne ao número de unidades agro-pecuárias e a sua disposição geográfica, tipo de propriedade, uso e aproveitamento da terra, posse e uso de meios de produção e tecnologia empregue.
“O RAPP é um dos recenseamentos mais complicados de se fazer, sobretudo para um país com uma extensão territorial como o nosso e questões como quantas cabeças de gado o país tem, a nossa capacidade de gestão de culturas e a dimensão de terras aráveis: estas e outras questões fazem parte do questionário que teremos de fazer nos próximos 12 meses”, declarou.
Camilo Ceita explicou que o RAPP vai, foi ou iria incidir também em outros aspectos como características sociodemográficas de cada região (identificadas no seio dos agregados familiares) das explorações, agrícolas, pecuárias, agro-pecuárias ou piscatórias, acesso aos insumos, recursos humanos, maquinaria, posse e uso de terra, irrigação, culturas anuais e permanentes, efectivo pecuário e acesso aos serviços veterinários.
O programa do RAPP, segundo o Jornal de Angola, prevê consultas públicas em várias regiões do país.
No dia 28 de Novembro do ano passado foi realizado um encontro com as direcções nacionais e provinciais da Agricultura e Pescas, associações empresariais, sociedade civil, engenheiros agrónomos e investigadores científicos da região norte que compreende as províncias de Luanda, Uíge, Cabinda, Zaire, Bengo e Cuanza-Norte.
De 16 a 18 de Dezembro, segundo Camilo Ceita, as consultas foram ou seriam feitas em duas regiões em simultâneo, Centro-Sul e Leste. A ideia, disse Camilo Ceita, é recolher contribuições destas instituições para o reforço do programa do RAPP. O INE prevê apresentar os dados do RAPP no último trimestre de 2019.
O RAPP 2018-2019 foi aprovado pelo Decreto Presidencial nº 189/18, de 7 de Agosto, que estabelece as normas para a sua realização, e o Decreto nº 194/18, de 20 de Agosto.
No projecto está envolvido o INE, ministérios da Agricultura e Florestas e das Pescas e do Mar, bem como o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação (FAO).
Folha 8 com Lusa
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