Isabel (ao contrário
de outros) atira a pedra
mas não esconde a mão

“No âmbito da Conferência de Imprensa do passado dia 28 de Fevereiro, relativa à apresentação de resultados da Sonangol, foram feitas acusações graves, pelo actual presidente do CA daquela empresa, à minha gestão e pessoa. É com o objectivo de repor a verdade que crio este site onde reúno todos os factos que contrariam as acusações proferidas”, explica Isabel dos Santos a propósito do lançamento do site Factos-Sonangol.

Por Óscar Cabinda

Não será com certeza um xeque-mate a Carlos Saturnino, PCA da Sonangol, mas andará muito perto disso. Acresce que, de forma indirecta, é também um demolidor ataque ao Presidente João Lourenço.

Desde que foi exonerada da Sonangol, por decisão do Presidente da República, Isabel dos Santos tem sido visada regularmente por várias notícias (muitas cirurgicamente implantadas e outras em que o gato se escondeu mas deixou o rabo de fora) sobre alegadas irregularidades nos 17 meses de administração na petrolífera.

Até agora Isabel dos Santos tem reagido. A partir de agora, tanto quanto parece, deixou de reagir e passou a agir. A 11 de Dezembro, Isabel referia-se à situação na Sonangol acusando a actual administração de “despedimentos em massa”, nomeadamente de colaboradores que lhe eram próximos.

Numa publicação com o título “Carta Aberta”, que colocou nas redes sociais, como era hábito desde que foi exonerada, Isabel dos Santos assumia estar a partilhar “uma situação preocupante que tem ocorrido nos últimos dias” na petrolífera.

“Estão a ocorrer despedimentos em massa! Os assessores, os directores, e todos colaboradores que foram promovidos ou que entraram para a Sonangol durante a vigência do último Conselho de Administração estão a ser todos despedidos, ou enviados para casa”, afirmava a empresária e filha do actual Presidente… do MPLA.

Denunciava mesmo que estão a ser “conduzidos interrogatórios à porta fechada, com gravadores em cima da mesa, alegando um falso inquérito do Estado e um falso inquérito do Ministério do Interior, intimidando as pessoas para coercivamente responderem às questões”.

“Este procedimento é ilegal. Só as autoridades judiciais ou policiais podem fazer interrogatórios. É preciso respeitar o direito dos trabalhadores”, escreveu Isabel dos Santos, acrescentando, sobre os colaboradores que estarão a ser despedidos, que muitos “recentemente largaram outros empregos para integrarem a Sonangol, porque acreditaram no país e queriam ajudar Angola a crescer”.

Defendendo em tese que queria que Angola fosse um Estado de Direito, o Presidente João Lourenço praticou no caso da Sonangol (mas não só) a conhecida estratégia do quer, posso e mando, juntando-lhe a informação de que “quem não estiver comigo é contra mim”.

Assim, nomeou para as mesmas funções de Isabel dos Santos o seu homem de confiança, Carlos Saturnino, que, recorde-se, em Dezembro de 2016, tinha sido exonerado do cargo de presidente da Sonangol Pesquisa & Produção por Isabel do Santos e que já em Outubro tinha sido nomeado por João Lourenço para secretário de Estado dos Petróleos.

Embora agora a Sonangol fale de “auditorias normais com o propósito de aferir a situação actual da empresa”, Mateus Benza, porta-voz da empresa, confirmou (em Dezembro) à agência de noticias France Press que foi aberto um inquérito para apurar a veracidade das informações divulgadas por vários meios de comunicação social angolanos que davam conta de transferências de dinheiro da Sonangol para empresas no estrangeiro, alegadamente detidas por Isabel dos Santos.

Em causa estiveram e estão notícias de que a nova administração identificou uma transferência considerada suspeita no valor de 57 milhões de euros para uma conta no Dubai, depois de Isabel dos Santos ter sido exonerada.

A Sonangol quer também respostas sobre alegadas transferências mensais de 10 milhões de euros da petrolífera para uma empresa em Portugal onde Isabel dos Santos é accionista principal.

Isabel dos Santos já desmentiu as notícias que começaram a circular e afirmou que está em curso uma campanha de difamação contra si. Que é difamação (ou seja desacreditação), isso é. Corresponderá isso a factos provados? Ainda não se sabe. A actual administração da Sonangol, com a cobertura do Presidente da República, ainda não provou as suas acusações. E, convenhamos, já teve tempo para isso.

“É falsa a notícia da existência de transferências realizadas para entidades terceiras depois da exoneração do anterior Conselho de Administração”, disse, diz e garante que dirá, Isabel dos Santos, acrescentando que “é falsa a notícia de transferências mensais de 10 milhões de euros da Sonangol para a Efacec”.

Isabel dos Santos diz ainda que “nunca foram pedidos esclarecimentos sobre estes temas à anterior Administração, não podendo, por isso, a mesma estar em falta com a prestação de qualquer informação”. E acrescenta que “a anterior equipa sempre esteve disponível para clarificar as dúvidas que pudessem surgir relacionadas com a sua gestão”.

http://www.factos-sonangol.com/

Artigos Relacionados

Leave a Comment