O chefe de Estado angolano, João Lourenço, felicitou hoje o novo Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, elogiando a “grande maturidade” na transição (no contexto de partido único e de ditadura, recorde-se) entre gerações naquele país, cujo Governo é um histórico aliado do MPLA, partido no poder em Angola desde 1975.
Na mensagem, divulgada pela Casa Civil do Presidente da República, João Lourenço refere que esta escolha constitui um “acontecimento transcendente na vida política cubana”, onde se processa com “grande maturidade e sabedoria a transição para uma nova geração de líderes”.
“Os angolanos têm uma rica história de amizade, cooperação e solidariedade recíproca com Cuba, a qual se deseja que se mantenha e se fortaleça sob sua liderança”, refere ainda a missiva do Presidente João Lourenço, enviada a Miguel Díaz-Canel. Quando diz “os angolanos” está – com visíveis laivos de segregação – a referir-se aos angolanos do… MPLA.
Na mensagem, volta a ser assinalado o agradecimento ao “Comandante Fidel Castro”, ao “Presidente Raul Castro e ao povo cubano no geral”, por terem “apoiado de forma incondicional Angola e os angolanos no momento mais trágico da sua história, quando a sua própria soberania e independência estavam ameaçadas”.
Aviltando a verdade e ofendendo todos aqueles angolanos que não são do MPLA, João Lourenço mostra que o ADN do regime continua a ser o mesmo, definível na tese de que “Angola é o MPLA e o MPLA é Angola”.
Durante a primeira fase da guerra civil em Angola, logo após a proclamação da independência, a 11 de Novembro de 1975, milhares de militares cubanos (que chegaram ao nosso país bem antes) combateram ao lado das FAPLA (MPLA) contra a guerrilha da UNITA, então apoiada, até ao início da década de 1990, pelas forças sul-africanas.
Ainda hoje, milhares de cubanos trabalham em Angola, como médicos, enfermeiros, professores e outros técnicos, ao abrigo dos acordos de cooperação entre os dois países aliados.
Miguel Mario Díaz-Canel
Miguel Mario Díaz-Canel, o número dois do executivo cubano desde 2013, tornou-se hoje o novo Presidente de Cuba, nasceu depois da revolução cubana e é o primeiro mandatário do país em seis décadas que não tem o apelido Castro.
Díaz-Canel, que comemora amanhã, sexta-feira, os seus 58 anos, recebeu o testemunho entregue por Raúl Castro, que depois de doze anos no poder deixa a Presidência do país em cumprimento da limitação de mandatos para os altos cargos do regime que ele mesmo aprovou em 2013.
Nascido em Villa Clara (Santa Clara, Cuba), a 20 de Abril de 1960 – um ano depois do triunfo da revolução liderada por Fidel Castro -, o novo Presidente cubano é um político forjado nas bases do Partido Comunista (PCC), que ascendeu progressivamente e discretamente nas estruturas ao poder até converter-se no número dois do regime.
Este engenheiro electrónico, graduado em 1982, incorporou-se nas forças armadas de Cuba até 1985 e, em Abril daquele mesmo ano, tornou-se professor na Universidade Central de Las Villas. Foi neste centro que, dois anos mais tarde e sem abandonar a docência, começou a sua carreira na União de Jovens Comunistas (UJC).
De forma paralela, Díaz-Canel iniciou a sua carreira no Partido Comunista: em 1991 ingressou no Comité Central do Partido, em 1993 assumiu a direcção da organização em Villa Clara, sendo posteriormente elevado a secretário provincial entre 1994 e 2003.
O ano de 2003 foi importante para a carreira de Díaz-Canel, pois passou a fazer parte do todo-poderoso bureau político do partido (posto que renovou nos congressos do PCC de 2011 e de 2016); foi eleito deputado da Assembleia Nacional pela circunscrição de Placetas (Villa Clara) e, neste mesmo ano, foi secretário provincial até 2009.
O seu salto para o Governo aconteceu em 2009, quando foi nomeado por Raúl Castro como ministro da Educação Superior.
Três anos mais tarde, a 22 de Março de 2012, Raúl Castro nomeou-o para cargo mais alto, o de vice-Presidente do Conselho de Ministros, em substituição do veterano José Ramón Fernández, mais conhecido como “o Galego Fernández”.
Mas, a ascensão determinante de Díaz Canel aconteceu depois das eleições de Fevereiro de 2013, quando foi designado primeiro vice-Presidente do Conselho de Estado.
A subserviência (do MPLA) a Cuba
O general cubano Rafael Moracén Limonta, que participou na luta armada pela independência de Angola e posteriormente na guerra civil, com nacionalidade angolana desde 2014, foi em Março de 2015 promovido ao grau militar de tenente-general pelo então Presidente (nunca nominalmente eleito) José Eduardo dos Santos.
A informação consta de uma ordem do Comandante-Em-Chefe e Presidente da República e chefe do Governo, de 03 de Março, e que determina a promoção do general cubano, depois de ouvido o Conselho de Segurança Nacional.
Num outro despacho, do mesmo dia, José Eduardo dos Santos autoriziu a passagem à reforma do agora tenente-general do Exército Rafael Moracén Limonta, de 75 anos, “por limite de idade”.
Considerado herói da revolução nacional em Cuba, o general Rafael Moracén Limonta partiu de Cuba para o Congo em 1965, para apoiar os guerrilheiros do MPLA na guerra contra o colonialismo português.
De acordo com uma resolução da Assembleia Nacional, foi concedida a nacionalidade angolana ao mesmo oficial cubano – que nos últimos anos desempenhou o cargo de adido militar na embaixada de Cuba em Luanda -, invocando os “serviços relevantes prestados ao país”.
Com a independência, em 1975, Moracén foi chamado pelo primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto (MPLA), para o cargo de coordenador da segurança presidencial, entre outras funções.
A decisão de conceder a nacionalidade angolana, questionada pela oposição, resultou de uma proposta apresentada por um grupo de dez deputados do MPLA ao presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, em carta de 22 de Janeiro de 2014.
A concessão da nacionalidade ao general cubano foi também justificada pela maioria parlamentar com a “luta pela independência nacional” de Angola e os “esforços para a preservação da paz, integridade territorial e soberana nacional”, que envolveram Moracén Limonta.
Moracén Limonta, que ajudou a matar muitos angolanos, acabava assim de obter a nacionalidade e uma promoção militar. É uma atitude que, no mais puro espírito de reconciliação nacional, invocou “serviços relevantes prestados ao país”.
Pela mesma razão, matar angolanos, deveria ser atribuída a nacionalidade e um grau militar aos jacarés do Bengo.
O general Rafael Moracen Limonta assumiu, numa entrevista concedida em 2007, a sua participação activa no desfecho dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, em que foram assassinados milhares (muitos milhares) de angolanos.
De acordo com a entrevista (www.granmacubaweb.cu) o general cubano, que ao tempo era o responsável pela segurança do presidente Agostinho Neto, dirigiu pessoalmente as acções que culminaram com a tomada da Rádio Nacional de Angola então em poder dos insurgentes.
“Em nosso poder, a rádio não deixou de transmitir. Fui, arrebatei o microfone do locutor e o obriguei a dizer “Viva Neto”, conta o agora angolano Rafael Moracen Limonta, acrescentando: “Depois pronunciei umas palavras fortes e comuniquei à população que a rádio estava nas mãos da revolução”.
Antes de chegar a esta situação, segundo declarações suas, os 200 militares cubanos que se faziam transportar em veículos de combate BTR executaram os mesmos movimentos que os militares insurgentes, ou fraccionistas, faziam em volta das instalações da RNA.
“Em determinado momento confundo os meus soldados com os da contra-revolução, todos estávamos vestidos iguais, mas um dos militares leais é reconhecido e começou um tremendo tiroteio”, recordou o general cubano, agora também angolano.
A rádio foi assim tomada por quinze militares fiéis ao presidente Agostinho Neto, entre cubanos e angolanos, juntando-se depois cerca de 20 outros que se faziam transportar nos veículos BTR e outros camiões militares.
Depois da tomada da rádio, Rafael Moracen Limonta diz ter telefonado para o chefe da Missão Militar Cubana, o general Abelardo Colomé Ibarra, a solicitar a sua companhia de tanques que havia sido enviada para o Palácio do Povo e com a qual tinha dificuldades de comunicação.
O militar cubano revelou igualmente que já havia um conhecimento prévio da situação, tentativa de suposto golpe de Estado, mas que Agostinho Neto sempre minimizou.
Entretanto, os cubanos disseram ao presidente angolano que não estivesse no Palácio, mas apesar de tudo “disse que para ir a outro lugar tinha de certificar-se que o Palácio não seria tomado”.
Para garantir o que Neto queria, o general Rafael Moracen Limonta retirou da sua unidade duas companhias para reforçar a guarda presidencial.
“Ao chegar ao Palácio, deparei-me com uma manifestação que avançava com os militares golpistas com o objectivo de tomar a presidência. Dei ordem de que eles não podiam apoderar-se do palácio. Dei instruções à unidade para que, formada em coluna, estivesse pronta para sair até Luanda”, lembrou o general cubano.
Na verdade, esta unidade de tanques encontrava-se na área da Vidrul, arredores de Luanda, e a sua movimentação para a capital tinha sido objecto de um pedido do Presidente Agostinho Neto, tendo sido levada à capital pelo próprio general Rafael Moracen Limonta.
Numa outra entrevista, o general Abelardo Colomé Ibarra “Furry”, admite ter falado com Agostinho Neto sobre o golpe e a disposição dos militares cubanos de entrarem em acção e “o presidente pediu que actuássemos”.
Furry diz ter havido um desconhecimento da composição das forças e meios com que contavam os sublevados e por esta razão procurou o contacto com o então ministro da Defesa, Iko Carreira, que lhe pareceu frio para a gravidade da situação.
“Ofereci-me para o ajudar no que estimava que fosse conveniente. Estava com uma grande passividade, como que esperando que o fossem buscar para ser fuzilado”, disse Abelardo Colomé Ibarra.
Apesar de terem ficado sem os batalhões de tanques para a efectivação do contra-ataque, os cubanos ainda assim socorreram-se de tanques destinados à instrução e marcharam para a nona brigada que foi tomada sem problemas.
As relações de amizade entre Angola e Cuba foram forjadas com laços de sangue e são indestrutíveis uma vez que nesta terra cidadãos de ambos os países deram a sua vida na luta pela preservação da integridade territorial. Este pronunciamento foi feito pelo adido de defesa da Embaixada de Cuba em Angola, general Rafael Moracen Limonta, quando intervinha no acto político alusivo ao 55º aniversário do desembarque de Granma.
De acordo com general cubano, agora também angolano, não se pode deixar de frisar que os internacionalistas cubanos contribuíram na luta pela preservação da integridade territorial de Angola durante 15 anos, tendo fortalecido os laços de irmandade com o sangue de cidadãos dos dois países que foi vertido nessa acção.
“Quando falamos das forças armadas revolucionárias de Cuba, não podemos deixar de fazer uma incursão histórica da luta pela independência desta ilha, a qual durou mais de cem anos e contou com a colaboração de cidadãos oriundos de outros países, o que fez com que tivéssemos uma divida para com a África, a qual foi paga em Angola durante 15 anos”, referiu.
Rafael Moracen Limonta realçou que os internacionalistas cubanos fizeram jus às palavras de ordem do primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto, quando afirmou que “Angola era a trincheira firme da revolução em África”, uma vez que colaboraram para a independência do Zimbabué, Namíbia e o fim do apartheid na África do Sul.
Destacou o estado das relações de cooperação bilateral existente actualmente, tendo referido que actualmente ambos os países as quais tem maior enfoque nos domínios da educação, saúde, agricultura e energia.
Agradeceu na ocasião o apoio que Angola tem prestado a Cuba na luta contra o bloqueio económico de que é alvo há mais de meio século e pela libertação dos cinco cidadãos cubanos que se encontram detidos nos EUA.
Folha 8 com Lusa
do artigo” o sangue cubano”
“Fidel Castro, pessoalmente, dirigiu a guerra do outro lado do mundo a partir dos escritórios com ar condicionado em Havana.Em vários endereços públicos, Castro se referiu à guerra em Angola. Na ocasião, disse que até mesmo os “caramelos” haviam sido enviados para aquela nação e “se tivesse que enviar o país inteiro, seria enviado o país inteiro”. Nós devemos entender: o seu país. E, como muitos afirmam: a guerra dele.De acordo com os dados mais confiáveis, na chamada “Operação Carlota”, como foram chamadas as operações militares cubanas em Angola, mais de 2.600 cubanos morreram.Para quê no final,aparecerem ditadores atrás de uma pantilha disfarçada de comunismo, proletariado,que nunca existiu no terreno, As perguntas, embora as respostas pareçam óbvias;Os cubanos morreram para quê então, morreram à toa em Angola.Alguém tem que oferecer um pedido de desculpas?