FLEC proíbe exploração de madeira em Cabinda

Em “comunicado de guerra”, assinado pelo tenente-general Alfonso Nzau, Chefe da Brigada de Maoimbe Sul, o Comando das Forças Armadas de Cabinda (FAC), dos independentistas da FLEC, anunciou hoje unilateralmente que “proíbe a todas empresas madeireiras” a continuação da exploração da floresta do Maiombe, naquele enclave angolano, por o território continuar “em guerra”.

Dado o “agravamento da segurança e confrontos” entre as FAC e as FAA, o Comando das Forças Armadas de Cabinda apela aos empresários estrangeiros que operam na indústria da madeira nas regiões de Buco Zau, Miconje, Massabi e Belize, para abandonarem imediatamente do nosso território”, lê-se no comunicado.

A exploração de madeira é uma das principais actividades de Cabinda, simultaneamente responsável pela maior parte do petróleo produzido em Angola, país que a FLEC considera – à luz do direito internacional e dos acordos assinados com Portugal – uma potência ocupante.

A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), através do seu braço armado, recorda que a 1 de Fevereiro de 1885 foi assinado o Tratado de Simulambuco, que tornou aquele enclave num “protectorado português”, o que está na base da luta pela independência do território.

“Cabinda é dos Cabindas. Cabinda está em Estado de Guerra. É estritamente proibida a circulação de qualquer veículo motorizado na floresta de Maiombe. Qualquer presença de tractores e camiões, no presente e no futuro, ilegalmente autorizada pelos angolanos, vai ser severamente sancionada. Todas as viaturas que sejam escoltadas por tropas angolanas são um alvo militar para as nossas forças”, advertem.

No final de Janeiro, os independentistas da FLEC-FAC anunciaram a morte de dois militares das FAA, num ataque daquelas forças, tendo divulgado imagens de cartões de identificação das vítimas, tal como o Folha 8 noticiou. Esta mortes não foram desmentidas pelas autoridades de Luanda.

Durante o ano de 2016, vários ataques do género provocaram, nas contas da FLEC-FAC, desmentidas pelo Governo angolano, mais de meia centena de mortes entre as operacionais das FAA, em Cabinda.

O ministro do Interior de Angola afirmou em Outubro que a situação em Cabinda é estável, negando as informações das FAC, que só entre Agosto e Setembro tinham reivindicado a morte de mais de 50 militares angolanos em ataques naquele enclave.

“Em Cabinda, o clima de segurança é estável, é uma província normal, apesar de algumas especulações e notícias infundadas sobre pseudo-acções militares que se têm realizado”, disse o ministro Ângelo da Veiga Tavares.

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas também desmentiu em Agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos ataques reivindicados pela FLEC-FAC, com dezenas de mortos entre os soldados angolanos na província de Cabinda.

Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer acção da FLEC-FAC, afirmando que aqueles guerrilheiros “estão a sonhar”.

Opinião diferente tem o Secretário de Estado angolano dos Direitos Humanos que, já este mês, admitiu em Cabinda a existência de acções militares na província.

António Bento Bembe, que falava por ocasião das celebrações do Tratado de Simulambuco, desmentiu assim declarações recentes do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Angola, general Geraldo Sachipengo Nunda, e da governadora de Cabinda, Aldina Matilde da Lomba, que negaram a ocorrência de acções militares da FLEC.

Para Bento Bembe, apesar de morrerem pessoas, continuar a guerra em Cabinda é um suicídio e tais acções não passam de uma aventura de pessoas frustradas.

Bento Bembe chamou de “terroristas todos aqueles que pegam em armas para desestabilizar” a província e “descredibilizar o memorando de entendimento”.

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