BRASIL. O ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e mais oito pessoas tornaram-se arguidos num novo processo da operação Lava Jato aceite hoje pelo juiz federal Sérgio Moro, sendo o quinto processo judicial a envolver o ex-chefe de Estado.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Lula da Silva terá recebido subornos pagos pela Odebrecht equivalente a 2% a 3% de oito contratos da construtora com a Petrobras, que chegaram a 75,4 milhões de reais (21,3 milhões de euros).
Os investigadores alegaram que o suborno pago ao ex-Presidente inclui um terreno de 12,5 milhões de reais (3,5 milhões de euros) comprado para abrigar a nova sede do Instituto Lula e a aquisição de um apartamento vizinho à residência do político em São Bernardo no valor de 504 mil reais (142,8 mil euros).
Ao aceitar a denúncia, o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, explicou que “quanto ao apartamento 121 ocupado pelo ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, consta (…) prova de que o custo para aquisição em 2010 foi suportado pela construtora Norberto Odebrecht, que não há prova documental do pagamento de alugueres entre 2011 e 2015”.
O juiz acrescentou que o arrendatário “apresentou explicações contraditórias” sobre o recebimento do valor dos alugueres e que são inconsistentes com as declarações de um advogado que, segundo o arrendatário, teria recebido parte dos alugueres.
As outras oito pessoas que também se tornaram arguidas são o advogado de Lula da Silva, Roberto Teixeira, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, além do empresário Marcelo Odebrecht, do ex-ministro Antonio Palocci, e os empresários Branislav Kontic, Paulo Melo, Demerval Gusmão, Glauco da Costamarques.
Na última quinta-feira, a defesa de Lula da Silva rebateu esta denúncia que foi aceite hoje pelo juiz brasileiro, destacando o terreno que não é do ex-presidente e que os investigadores estavam “querendo transformar uma situação de arrendamento privado de um apartamento vizinho àquele que pertence a Lula [da Silva] como mostra o registo imobiliário e onde ele mora, em São Bernardo do Campo, na prática de um crime”.
Segundo os defensores, o que incomodaria os integrantes da Operação Lava Jato “é o facto de Lula [da Silva] e nós, seus advogados, desnudarmos as constantes arbitrariedades e ilegalidades que são escondidas com a ajuda de sectores da imprensa que têm interesse de prejudicar a actuação política do ex-Presidente”.