Dia negro para a justiça angolana

A justiça em Angola está, vergonhosamente, de luto. Viva a Ditadura! Viva a justiça do regime do rei Eduardo. A Ditadura mostrou as suas garras, para atemorizar as vozes, que clamam por Liberdade, Democracia e Justiça.

O território, pese o dilema, ganhou novos heróis. Heróis jovens. Heróis que se bateram e batem pelos ideais consagrados na própria Constituição e Lei que o regime consagrou e vêm iludindo os cidadãos.

Os nossos jovens, vão para os calabouços. Foram, algemados (não careciam, pois ninguém, consciente da sua inocência foge. É bíblico. Jesus provou isso, esperando que lhe colocassem a pesada cruz no dorso, para gáudio de uma população ruidosa e bajuladora do regime, que levaram Pôncio Pilatos a “lavar as mãos”, em cobarde omissão). As algemas foram mais um sinal da opressão e humilhação de um regime e do seu anacrónico sistema judicial.

Felizmente, para nosso alento colectivo, quem foi algemado é a consciência maldosa e pidesca de quem abraça a putrefacção.

Os jovens, por sua vez, já lançaram as sementes de revolta e de convicção de estarmos a viver sob uma das mais hediondas ditaduras do século XXI, onde não vigora o império da lei, mas o da discricionariedade de um órgão ou de um monarca. Não fosse isso verdade e não haveria necessidade de todo o perímetro do tribunal e da cidade, estar milimetricamente policiada e militarizada.

Eles têm medo da reacção popular. O povo tem disso consciência, mas prefere esperar o momento certo, para sair às ruas e começar um amplo movimento de manifestações para o resgate das liberdades, já que do interior do regime, não emerge nenhum movimento de impulsão.

Existe hoje a convicção da democracia e justiça não existirem em Angola, para defesa dos pobres e dos democratas. Também, que as eleições são e serão sempre uma fraude, com o actual regime e, que, desgraçadamente, a opção, que resta, no actual contexto, para muitos, será uma nova forma de alternância do poder, diferente da do voto. Isto por não existirem, na sociedade referências.

O Presidente da República, está partidocratamente ligado a um partido, não se assumindo quer como órgão imparcial, quer como de referência, para qualquer apelo.

A Igreja Católica, a mais antiga instituição religiosa, com ligações orgânicas ao Estado, deixou de ser a esperança dos pobres e a voz que acalenta os sonhos e anseios dos cidadãos, por muitas das vezes pregar a omissão e outras, o abandono as causas da própria igreja.

As demais confissões religiosas e seitas, estão ideologicamente domesticadas pelo regime e fazem apologia a todas as arbitrariedades, ao se terem convertido em “autênticos supermercados de fé”. Desta feita, desde o dia 28 de Março, os vários povos, integrantes do território de Angola, contam consigo mesmo, com a sua fé e crença para agir, para pôr um fim ao absolutismo e à arbitrariedade.

É mau, quando começa a calcorrear, nos corações, o recalcamento, a revolta, o ódio e o medo das baionetas, pois a explosão destes sentimentos, torna imprevisível o desfecho final, por fechadas as portas do diálogo, quando estas deveriam estar escancaradas, emerge a intolerância, irmã da violência extrema.

Os povos auguram uma nova aurora, que faz parte do sonho colectivo, mas como ela chegará, ninguém sabe, pois repousa na manta do imprevisível e indesejável, mas outras opções, depois desta ilegal e inconstitucional condenação, não parece existir, a não ser, que do seio dos militares, tal como ocorreu em 1974, em Portugal, surja a consciência de ser necessário salvar a soberania nacional, as liberdades e a democracia.

Neste interim, o MPLA partido no poder tem responsabilidades acrescidas, aliás, tem sido e, foi, no dia 28 de Março, o mais condenado à saída do tribunal, pela sua inércia, pela sua bajulação ao presidente Eduardo dos Santos, pela inacção e falta de visão estratégica, pois sabendo estar o país a beira de uma explosão social, prefere encolher as unhas, ao invés de alertar o seu líder, para uma alteração da rota, visando impedir a navegação errante do navio sem bússola.

Os jovens condenados, são já, heróis reconhecidos internacionalmente, serão o farol para a queda deste regime, faça parte ou não do Conselho de Segurança das Nações Unidas, seja ou não considerado uma peça fundamental em África, mas as barbaridades que tem estado a praticar contra as liberdades e democracia, vão acelerar o seu fim. Pode durar, tal como resistiu o governo colonial português ou o consulado fascista de António de Oliveira Salazar, mas vai, seguramente, cair. Recordemos terem sido eleitos como marco do derrube do regime salazarista, o assassinato do general Humberto Delgado e o navio Santa Maria.

Temos ainda o fim do regime do apartheid, bem aqui nas nossas portas, pese o seu poderio económico e militar, nas mão de uma minoria branca, teve de abdicar, para dar lugar a aurora da liberdade. Bom seria que houvesse capacidade de não se plantar tanto ódio no coração dos angolanos, para que todos pudéssemos cantar um hino da democracia e abraçarmo-nos numa festa de crença e fé nas liberdades.

Não foi assim. Hoje, 28.03, o “regime eduardista”, através de um dos seus piores juízes, José Januário Domingos, preferiu mostrar a prepotência e o império da força, por deter as máquinas judicial e bélica.

Os jovens heróis, vão dormir, todos, absolutamente, todos nas fedorentas masmorras do regime, enquanto aguardam, que o Tribunal Supremo, se quiser ter alguma dignidade e distinção na interpretação da doutrina, da constituição e da lei, decida, em nome da justiça, os recursos interpostos pelos advogados de defesa. Assim agindo, pode ser que ainda salve, alguma coisa da imagem do regime, o contrário, será o descalabro total: DITADURA I, DITADURA II, DITADURA III ; seguindo-se, DITADOR I, DITADOR II, ao quadrado e ponto final!

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One Thought to “Dia negro para a justiça angolana”

  1. Democracia ditatorial

    Venho apartir desta manifestar a minha profunda indignação pela condenação dos nossos irmão,pois que até então servirão de reflexo de desdobramento da mudança de governançao no nosso país,indignado estou eu,pelo facto das alegações pelos quais haviam sido acusados não terem sido prova sustentadora motivo pela qual o regime maquiavélico na sua forma menos astuta e sob comando da sua justiça preferiu condenar os nossos irmão injustamente tornando assim um legado negativo para as nossas memórias e naturalmente começa assim o princípio das verdadeiras tomadas de consciência rumo a verdadeira liberdade deste jugo colonial moderno…apartir de agora somos 15+NÓS

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