Burkina Faso a ferro e fogo

Burkina Faso a ferro e fogo - Folha 8

Centenas de manifestantes entraram no Parlamento do Burkina Faso para protestar contra a planeada mudança na Constituição que permitiria ao Presidente, Blaise Compaore, estender o seu mandato, que dura há 27 anos, por mais cinco.

De acordo com o relato da AFP, a polícia teve de usar gás lacrimogéneo para impedir os manifestantes de entrarem na Assembleia Nacional antes da votação sobre esta alteração constitucional, mas ainda assim cerca de 1.500 pessoas conseguiram romper a barreira policial e entrar no edifício.

Os manifestantes saquearam os gabinetes, incendiando documentos e roubando equipamento informático, e incendiaram carros no exterior do edifício.

Na capital, Ouagadougou, milhares de pessoas protestam violentamente contra a tentativa de Blaise Compaore se eternizar, como outros homólogos africanos, no poder.

Conta o corresponde da BBC, que está no local, que já há vários mortos e que os edifícios do canal de televisão e da estação de rádio do Estado foram ocupados pelos manifestantes. Por outro lado, François Compaore, irmão do presidente, já terá sido detido por militares no aeroporto da capital.

A Oposição tem apelado à população para que se revolte contra o que consideram ser um “golpe de estado constitucional”. “A nossa luta está na fase final. Agora, aconteça o que acontecer, é a pátria ou a morte”, resumiu Zéphirin Diabré, líder da oposição, citado pela agência noticiosa do país, num artigo publicado na terça-feira.

Em 1896, o reino Mossi de Ouagadougou tornou-se protectorado francês depois de ser derrotado pelas forças francesas. Em 1898, a maior parte da região que corresponde hoje ao Burkina Faso foi conquistada. Em 1904, estes territórios foram integrados na África Ocidental Francesa, no coração da colónia do Alto-Senegal-Niger-

Os seus habitantes participaram na Primeira Guerra Mundial nos batalhões da Infantaria Senegalesa. O território foi originalmente administrado a partir da Costa do Marfim, mas transformou-se numa colónia separada em 1919. A 1 de Março de 1919, François Charles Alexis Édouard Hesling transformou-se no primeiro governador da nova colónia do Alto Volta, que foi dissolvida a 5 de Setembro de 1932, sendo dividida entre a Costa do Marfim, o Mali e o Niger.

A 4 de Setembro de 1947, o Alto Volta foi recriado nas suas fronteiras de 1932. A 11 de Dezembro de 1958, alcançou o auto-governo, e tornou-se numa república membro da Comunidade Franco-Africana (La Communauté Franco-Africaine). A independência completa foi atingida em 1960. O primeiro golpe militar ocorreu em 1966, e o país regressou ao governo civil em 1978. Em 1980 deu-se outro golpe, liderado por Saye Zerbo, que foi derrubado em 1982. Um contra-golpe foi lançado em 1983, deixando no poder o capitão Thomas Sankara. O actual presidente, Blaise Compaoré, chegou ao poder em 1987 depois de um golpe de estado que matou Thomas Sankara.

Foto: ISSOUF SANOGO/AFP

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