O Ministério da Educação de Angola (Med) vai introduzir no próximo ano as disciplinas de francês e inglês, no currículo dos alunos da 5.ª e 6.ª classes, anunciou a ministra da tutela, Luísa Grilo.
Luísa Grilo, citada pela Rádio Nacional do MPLA diz: “Acreditamos que no próximo ano, 2025, estaremos em condições de introduzir quer a língua inglesa quer a língua francesa porque já teremos recursos humanos qualificados”. O anúncio foi feito à margem do 2.º Conselho Consultivo do Ministério da Educação que decorreu no Bié.
O Med está também a preparar a introdução das oito línguas locais de origem africana no novo modelo curricular, o que levará mais tempo, pois “ainda não há material suficiente disponível” e está a ser feita a formação de professores para que sejam capazes de produzir textos nas línguas nacionais.
O Conselho Consultivo, onde se abordaram temas como os desafios da gestão dos recursos humanos, a distribuição de bolsas de estudo do Projecto de Empoderamento de Raparigas e Aprendizagem para Todos – PAT II, a educação pré-escolar e ensino primário, a gestão das escolas e as modalidades de avaliação no sistema educativo, decorreu sob o lema “Os professores de que precisamos para a educação que queremos — O imperativo global para inverter a escassez de professores”.
A ministra referiu que, tal como noutros países, Angola tem enfrentado o desafio de acolher no seu sistema de educação e ensino bons quadros com a formação técnica e sólida e que, em alguns casos, não têm, infelizmente, a devida formação específica da função de docência.
Para se mudar a situação, continuou, impõe-se a necessidade de se solidificar o sistema de qualificação e agregação pedagógica dos mesmos técnicos, no sentido de se integrarem adequadamente e responder efectivamente às exigências do sistema de educação e ensino e à demanda da sociedade em geral.
Nesta conformidade, informou que o Governo definiu como prioridade, para 2023-2027, a implementação da política de formação e gestão do pessoal docente, que passa pela sua formação, através de cursos de mestrado em metodologias específicas de ensino pré-escolar e primário, língua portuguesa, matemática e ciências do ensino secundário.
De acordo com a ministra, o plano prevê, igualmente, a transição da formação dos professores do ensino secundário para o ensino superior e do plano de formação de quadro técnicos das escolas de magistério, reforço das competências de supervisão pedagógicas dos gestores das escolas, desenvolvimento de cursos de pós-graduação para melhorar o nível académico dos professores e implementação de mecanismos de avaliação da qualidade de ensino nas instituições de formação de professores.
Todavia, reconheceu, por outro lado, que o bom desempenho dos docentes não depende apenas das suas competências técnicas, académicas e científicas, havendo a necessidade de se investir noutras áreas afins, para responder e corresponder às necessidades actuais da sociedade.
Para o efeito, referiu que o sector que dirige está a levar a cabo o programa de Transformação Curricular (PROTC-Angola: 2023-2027), que visa apostar na melhoria da qualidade de ensino, uma perspectiva sistemática, que inclui os planos de estudos, os programas, ao manuais escolares, os cadernos de actividades, os guias do professor e os materiais de suporte ao sistema nacional de avaliação das aprendizagens.
Deste modo, acrescentou, pretende-se que os alunos tenham as competências básicas de leitura escrita e cálculo nos níveis certos.
Ao longo do seu discurso, Luísa Grilo apelou aos directores provinciais para trabalharem com os gestores escolares, para assumirem, com rigor, a sua responsabilidade em relação à política pedagógica.
Para a ministra, os gestores do sistema de educação e ensino, nos seus diversos níveis, devem ter a consideração que não são chamados a cumprir apenas uma função administrativa, pois a pedagogia constitui a base e a razão primária da missão educativa e a chave principal para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
Nesta conformidade, considerou imperioso que os mesmos acompanhem, supervisionem e apoiem os professores nos processos de planificação das aulas e actividades lectivas, com base no currículo, de avaliação das aprendizagem e de todas tarefas afins.
A ministra da Educação referiu também que a visão do Governo em relação ao sistema de educação e ensino continua a girar em torno da sua expansão e modernização, o que implica a promoção da massificação do acesso a todos os níveis de ensino, alargando a rede escolar pública, no sentido de aumentar as taxas de escolarização.
Para o efeito, fez saber que foram disponibilizados, no ano lectivo 2023/2024, mais de mil novas escolas, elevando para uma rede escolar de cerca de 13 mil estabelecimentos, para atender uma população estudantil de mais de nove milhões de alunos dos níveis pré-escolares, primário e secundário.
Para além disso, disse que o ministério continua a apostar na educação digital e no aumento dos níveis de literacia, por constituir uma ferramenta indispensável para o aumento do acesso ao ensino à larga escala, a promoção dos recursos humanos e o reforço da competitividade do capital humano.
O Conselho Consultivo do Med, que se realizou um ano depois do primeiro e que juntou perto de 200 delegados, visa, entre outros objectivos, avaliar o grau de implementação dos programas do sector, redefinir estratégias metodológicas e de acção que concorrem para a melhoria das aprendizagens.
De facto, quando o mais alto magistrado de Angola, general João Lourenço, diz “se haver necessidade” em vez de “se houver necessidade”, não se está a falar de uma variante angolana da língua portuguesa ou de um qualquer acordo ortográfico. Está a falar-se de ignorância e iliteracia. Mas João Lourenço não está só, reconheçamos. E então quando se junta, seja na esfera pública ou na privada, a impunidade da incompetência… temos o retrato exacto desta Angola.
Do nosso (Folha 8) ponto de vista, embora não seja consensual, em vez de todos lutarmos pela excelência para conseguirmos ser bons, lutamos por ser apenas bons e assim não passamos da mediocridade.
No dia 3 de Maio de 2022, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, destacou a “relação secular” de Angola com a língua portuguesa e considerou a comemoração do Dia da Língua como um ganho da diplomacia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Mesmo que a língua portuguesa seja assassinada todos os dias, até mesmo pelos mais altos dignitários do país.
“Ao falar da língua portuguesa, permite-se falar do legado de, já no século XV, os nossos ancestrais terem tomado a decisão de assumirem a língua portuguesa como a língua da corte, à época as escolas eram florescentes e aí já circulavam professores”, afirmou Téte António.
Segundo o ministro angolano, que presidiu na altura, em Luanda, à cerimónia solene alusiva ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, Angola tem uma relação secular com a língua portuguesa, porque em alguns reinos, como do Congo, já se falava na época o português.
“Porque na região teriam sido abertas as primeiras escolas não tradicionais e terá sido a primeira região africana a dedicar-se no ensino de uma língua de origem não africana”, descreveu. “Dedicar-se no ensino” ou “dedicar-se ao ensino”?
Por sua vez, o Presidente da República, João Lourenço, exigiu em Junho de 2020 mais qualidade no ensino e considerou a formação do homem como uma aposta para “corrigir muitas deficiências” que o sector enfrenta. Tem razão. E, reconheça-se, não é por culpa do MPLA que só está no Poder há… 49 anos.
Há cerca de 50 anos, antes de o MPLA ter comprado aos comunistas portugueses a nossa terra, nós os angolanos tínhamos orgulho de sermos angolanos e sermos dos melhores, em muitas coisas éramos mesmo os melhores de todo o dito Império português, o tal que ia do Minho a Timor.
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