Acho que estamos à espera que nos imponham um imposto meramente por estarmos a viver (imposto de vida). Hoje somos um descartável instrumento de pagamento de impostos sobre impostos, somos indevidamente taxados e quer-me parecer que gostamos já que nada fazemos para inverter esta situação que o país está a viver. As crianças e adultos recorrem aos contentores do lixo e aos aterros sanitários para se alimentar por causa da fome.
Por Elias Muhongo
Tristemente, estou a escrever estas palavras revoltado com tantas polémicas em torno do nosso país. É uma vergonha, estamos entretidos e distraídos com os Jogos do Mundial 2022 (desporto/futebol). Já “esquecemos” o pequeno Lutumba que era feliz na miséria que vivia e jogava a bola com os seus amigos. Segundo as fontes próximas da família, antes da sua morte, ou seja, no momento em que encontrava a jogar, a bola foi para uma vala causada pelas escavações das obras da estrada (em construção há mais de 2 anos), que sai da sétima avenida do CAZENGA até ao BCA.
O adolescente Lutumba correu para retirar a bola daquele local que, embora é perigoso, não se encontra vedado nem sinalizado como zona de perigo. Os amigos do menino tentaram ajudá-lo, mas a lama impediu. Foi-se uma criança por irresponsabilidade e negligência dos nossos representantes do partido-Estado (MPLA).
É óbvio que o que se passa neste executivo, liderado por João Lourenço, é um pior regresso à miserável anterior República de José Eduardo dos Santos, é o desgoverno total, a miséria, o descalabro, os roubos, as pilhagens e o crescimento exponencial da criminalidade. Lamentavelmente, é possível aceitar que não temos soberania. Pois estamos hoje sujeitos à vontade de interesses hostis, somos escravos e o pior é que, desta vez, não há caravelas para nos levar para outras paragens, nem sequer há outras paragens, o país está (para a maioria) muito pobre e miserável. A hipocrisia está a reinar. A ditadura está a reinar. É triste, pós já tivemos um país “normal”. Hoje não passamos também de uma Angola moribunda submetida aos interesses do globalismo, não soubemos fazer opções e agora gramados a bucha. Depois das eleições gerais realizadas em Angola a 24 de Agosto de 2022, vê-se o conformismo e o silêncio total dos concorrentes. “Agora é a hora” ficou para trás. A oposição pretende acreditar pela sexta vez no poder do diálogo e que com ele que pretende superar obstáculos.
Agora pergunto eu… será que a oposição terá a mínima noção daquilo que teremos pela frente? Qual é o tipo de diálogo que a oposição pretende avançar para uma construção de uma sociedade mais justa?
Mas afinal de contas em que povo nos tornámos, que tudo aceitamos sem reclamar, ou melhor, até reclamamos, mas não passamos das palavras aos actos, seremos nós os verdadeiros reclamadores natos, será que nos tornámos numa espécie que tudo aceita, uma cambada de resignados e também conformados?
Basta! Estou farto de ser mentido e roubado. Recuso-me a ser robô, formatado e imbecil. Onde está a soberania? Onde está o governo do povo? Onde está a tão propalada democracia?
Olhem para trás, olhem para o presente. Hoje tudo é pertença do Estado-MPLA, o poder de compra é miserável, grande parte da população a viver na MISÉRIA e no fim disto tudo ainda há idiotas a defender as políticas e os políticos e governantes que nos puseram nesta situação, ainda alinham e participam na farsa através da colocação de um “papelinho” numa urna. Acordem! A escumalha é toda a mesma, todos corruptos, todos mentirosos… não pensem que entre eles há salvadores da pátria porque não os há, não há MPLA nem UNITA, o que há é uma agremiação criminosa que se dedica a parasitar os cofres públicos e a rapinar os bolsos e propriedades dos contribuintes, ou será que ainda não se aperceberam povos angolanos?
É assim que pretendemos viver?