O Presidente de Angola dirigiu esta noite aos angolanos uma mensagem de Ano Novo. João Lourenço, que é igualmente Titular do Poder Executivo e Presidente do MPLA, destacou a atenção prestada pelo Executivo ao sector social, particularmente à educação e saúde, no quadro da melhoria da qualidade dos serviços públicos.
Ninguém estava à espera que João Lourenço falasse do total de 86% de crianças angolanas dos 0 aos 23 meses que estão privadas de uma alimentação adequada e que, nesta faixa etária, cerca de 75% estão igualmente privadas de uma habitação, 71,8% da saúde, 53,8% da água. O relatório que revela estes dados não diz, mas convém acrescentar que o país é governado há 43 anos pelo MPLA, que o actual Presidente da República está no Poder há pouco mais de um ano e que o anterior esteve no cargo durante 38 anos…
Os dados contam de um “Relatório sobre a Pobreza Infantil em Angola – Uma Análise Multidimensional”, apresentado no passado dia 19, em Luanda, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, estudo elaborado com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e financiamento da União Europeia (UE).
Segundo o relatório, 60,1% das crianças dos zero aos 23 meses em Angola estão sem acesso ao saneamento e 73,9% sem prevenção da malária.
Depois desta introdução, nada como ler, ouvir e ver na íntegra a mensagem do Presidente, sendo de esperar que cada um tire as suas próprias conclusões. É claro que cerca de 20 milhões de angolanos pobres certamente terão (muito) mais o que fazer. Fica , contudo, a sugestão:
«Mais um ano se aproxima do fim e a tradição leva-nos a invocar, nesta data, que é também a data privilegiada para a reunião das famílias, os valores da paz, da união familiar, da amizade, do perdão e da fraternidade entre os seres humanos.
Desejo, por isso, que todo o povo angolano e aqueles que por diferentes razões escolheram Angola para residir, possam celebrar em paz e harmonia, de acordo com as suas convicções e crenças, as festas que se anunciam e assim iniciar com renovado optimismo o Novo Ano que se avizinha.
O ano que termina destaca-se pelo esforço do Executivo e de outras Instituições do Estado, apoiados pela sociedade civil, na moralização da nossa sociedade, incluindo o combate permanente à corrupção, no resgate dos bons e tradicionais valores da sociedade angolana, através de medidas de educação cívica e patriótica de reposição da autoridade do Estado, entre outras.
Reduziu-se significativamente a criminalidade nas grandes cidades, o garimpo dos nossos recursos naturais como os diamantes, o vandalismo dos bens públicos, a exploração ilegal e desordenada das nossas florestas, o tráfego ilícito de marfim e consequente abate de espécies raras, a venda ilegal de moeda externa.
Porque a batalha não está ainda vencida, temos de ser persistentes na nossa acção. O esforço pela reposição da ordem e da dignidade humana deve ser contínuo.
É, no entanto, no seio das famílias que devem começar a ser transmitidos e aplicados os valores de amor à terra que nos viu nascer, da honestidade das nossas acções, da solidariedade para com o próximo e do respeito pela diferença de opiniões e pela tolerância, que são alguns dos principais fundamentos em que deve assentar qualquer sociedade.
Durante o corrente ano de 2018, foram feitos significativos avanços em matéria da defesa e salvaguarda dos direitos e liberdades fundamentais do cidadão.
Há de facto maior liberdade de pensamento e de expressão, maior liberdade de imprensa, maior respeito pela diversidade de opiniões. A sociedade civil tem mais voz e é mais ouvida e consultada acerca dos principais assuntos da nossa sociedade.
Atenção particular foi dada ao sector social, particularmente à educação e à saúde, com vista a melhorar a qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão neste particular.
Na sequência da tomada de um conjunto de medidas de diferente cariz a favor da criação de um melhor ambiente de negócios, existe um maior diálogo entre o Executivo e a classe empresarial privada.
O objectivo é encontrarmos, em conjunto, os melhores caminhos que nos levem a políticas e acções mais concretas e efectivas a favor da diversificação da nossa economia, ao aumento da produção interna de bens e de serviços essenciais, ao crescimento das exportações e consequente arrecadação de divisas, e a uma maior oferta de emprego, durante o ano que se aproxima.
Confiamos plenamente nas nossas valorosas mulheres e homens de negócios, que vêm demonstrando sua garra, sua capacidade de superar os constrangimentos da actual conjuntura, porque são passageiros, descobrindo neles as oportunidades às vezes escondidas de vencer e se afirmar.
Com eles vamos nos dedicar durante o ano de 2019, a continuar a materializar a agenda do Executivo pelo relançamento e fortalecimento da economia nacional, na satisfação das necessidades e do bem-estar dos angolanos.
Muitos desafios nos esperam, juntos vamos enfrentá-los, determinados a vencê-los, para o bem de Angola e dos angolanos.
Desejo a todos os angolanos e angolanas e a todos os cidadãos residentes no nosso país, Festas Felizes e um Ano Novo pleno de prosperidade e de novas realizações.
Transmito uma mensagem especial de solidariedade a todos aqueles que se encontram afastados das suas famílias, por razões de saúde, de trabalho, ou mesmo privados da liberdade, esperando que encontrem no simbolismo desta data, novas razões para acreditar num futuro melhor.»