O presidente do Conselho Nacional de Medicina Natural e Tradicional em Angola – COMENTA, Adriano Manuel, descreveu, para além da medicina convencional, outros métodos naturais de combate à cólera fazendo o uso de 10 sementes de moringa para 20 litros de água.
Por Berlantino Dário
Para o biomédico, Adriano Salo, como também é chamado, face ao surto da cólera que assola o país e que vai dizimando centenas e centenas de vidas humanas desde Janeiro do presente ano, em entrevista concedida ao Folha 8, em Março último, revelou que, para combater a cólera, a água para o consumo humano também pode ser purificada com 10 sementes secas da moringa para 20 litros de água.
“Pegar em 10 sementes, triturar, esmagar ou pisar e depois pegar nesta pasta, pôr num copo e adicionar um pouco de água. Vai mexendo até se tornar numa pasta. Essa pasta deve ser depois adicionada com mais 200 mil litros de água, depois de mexido, colocar dentro do recipiente com uns 20 litros de água vai agitando rapidamente durante dois minutos e, no fim dessa agitação rápida, volte a agitar durante 10 a 15 minutos, mas lentamente. Depois de uma hora de repouso, esta mistura está pronta para ser usada” – prescreveu o especialista que considerou a medida como prática e económica para a purificar a água.
Para o devido consumo, o naturopata salientou que, primeiro deve-se coar como se faz para com o óleo de palma depois do fabrico artesanal, aproveitando o azeite com uma concha ou com outro instrumento -, “e neste caso, vai tirar apenas a água clara, porque depois tem aquela pasta que vai ficar no fundo, esta água está pronta para ser usada depois de uma hora”.
Por outro lado, além da semente da moringa, o especialista fez saber que existem ainda produtos naturais que combatem de forma eficaz as doenças diarréicas, como por exemplo – “o chá de marcela, chá verde, chá de folhas de goiabeira, a própria argila também pode ser usada para combater a diarreia e comer a goiaba”.
Para o chá de folha da goiabeira, podem ser usadas “cinco folhas para um litro de água, ferver e tomar uma chávena três vezes ao dia. Se for chá de camomila, tem as indicações no pacote, o chá verde também tem as indicações no pacote”.
No caso da argila que também combate as diarréias, “é pegar numa colher de sopa e um copo com água mexer com uma colher de pau, e o copo tem de ser de vidro. E, quando a argila está em contacto com a água, o recipiente a ser usado deve ser de vidro ou de barro. Portanto, pegar numa colher de sopa, pôr no copo com água, mexer com uma colher de pau, e coar depois tomar. Pode-se fazer isso em jejum e à noite antes de deitar”.
E, para as goiabas, o responsável dos naturopatas angolanos orientou que “a pessoa pode comer a goiaba, sobretudo, aquela meio-madura, porque as verdes ou meio-maduras têm mais eficácia para combater da diarreia”.
Para a prevenção, Adriano Salo aconselha as pessoas a evitarem comer alimentos adquiridos nas ruas e à berma das estradas – “as pessoas têm por hábito, está a sair de casa, não tomou o pequeno-almoço, e estão a adquirir os produtos na rua e vão consumindo. Isso é perigoso, deve ser evitado. Também, nas aldeias, nos quimbos deve-se evitar defecar em qualquer sitio”.
“Há pessoas, de facto, que não fazem o uso da cidadania, não se comportam como cidadãos. Não vamos falar só das estradas, mesmo nos bairros, às vezes, nós vemos também fezes. Há pessoas que defecam em jornais e atiram para a rua ou até mesmo nos contentores de lixo. E, sabemos que há catadores de lixo. Esses vão para lá à procura de algumas coisas para uso pessoal, e depois vão ter contacto com as fezes. No entanto, é uma forma muito rápida de se contrair o surto da cólera. Então, as pessoas devem ter empatia.”
A preocupação do COMETA, segundo o especialista, é sensibilizar as populações para que adotem as medidas de prevenção – beber água tratada, não defecar ao ar livre.
“O nosso acréscimo é – as pessoas que normalmente têm bebés, quando os bebés defecam naquelas fraldas laváveis, onde é que vão lavar? No rio. E depois, é a mesma água que vai ser acarretada para a casa. Portanto, não estão a fazer nada. Vão contaminar a família toda, por falta de cuidados de higiene.”
“Então, nós aconselhamos, aí onde não existem latrinas, as pessoas devem mesmo fazer o uso de buracos. Usar e tapar para evitar que as pessoas sejam contaminadas pelas fezes porque as moscas também vão para lá”, alertou.