SONANGOL “ABRE-SE” A INVESTIDORES DOS EUA

A companhia petrolífera nacional (do MPLA) de Angola, Sonangol, participa amanhã numa reunião em Houston para convidar os investidores norte-americanos a apostarem na exploração e produção de petróleo no país, apresentado como “um parceiro competitivo”. Tudo, é claro, no âmbito da diversificação económica… há quase 50 anos dependente do petróleo.

No texto de apresentação do evento lê-se: “A Sonangol aumentou a sua competitividade e capacidade como operador através de um processo de privatização iniciado pelo Governo e que ficará completo em 2026; agora, a Sonangol está activamente à procura de parceiros para projectos de exploração e produção, e está a convidar as companhias norte-americanas a envolverem-se nas oportunidades de Angola”.

Os organizadores da Angola Oil & Gas 2024, a exposição petrolífera que decorrerá em Luanda este ano, afirmam que o evento “será uma plataforma para os investidores norte-americanos e a Sonangol forjarem parcerias estratégicas e explorarem sinergias que potenciem o crescimento mútuo”.

A Sonangol é simultaneamente um operador e um não operador na recente ronda de licitações para blocos em terra nos poços Congo e Kwanza, e está também no bloco KON 15, onde tem um participação de 40%, a que se junta a Afentra, como não operador com 45%.

As companhias interessadas “que se qualificam como parceiros da concessionária nacional têm a oportunidade de ter uma participação de 15% neste bloco, o que oferece promissoras oportunidades para as companhias norte-americanas colaborarem com a Sonangol e a Afentra no desenvolvimento deste bloco, dando acesso a recursos, perícia e perspectivas de investimento no sector energético angolano”, aponta-se ainda na nota.

A Sonangol já tem parcerias estratégicas com petrolíferas norte-americanas, como a ExxonMobil ou a Chevron, mas também no sexctor das energias renováveis, como a Azule Energy.

Recorde-se que a Sonangol anunciou no dia 23 de Fevereiro um resultado líquido de 3,1 mil milhões de dólares (2,8 mil milhões de euros) em 2023, contra os 5,3 mil milhões de dólares (4,8 mil milhões de euros) de 2022.

Este resultado representa uma queda de 41,5%, num ano que a petrolífera estatal (do MPLA) sublinha ter sido “marcado por múltiplos desafios, cujas consequências têm sido visivelmente nocivas, à escala global”.

Em 2023, o volume de negócios da Sonangol foi de 10,9 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros), contra os 13,4 mil milhões de dólares (12,3 mil milhões de euros) de 2022, uma descida de 18,6%.

De acordo com o comunicado sobre o desempenho operacional e financeiro da petrolífera referente a 2023, a instabilidade no ambiente geopolítico e o seu consequente impacto no comportamento dos mercados reflectiram-se no preço do barril de petróleo e na rentabilidade dos agentes económicos.

Nesse cenário, as ramas angolanas foram comercializadas ao preço médio de 82,04 dólares por barril contra os 102,21 dólares comercializados em 2022.

O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado atingiu 3,2 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros).

A petrolífera fez investimentos de cerca de 2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros), dos quais 98% na cadeia primária de valor, com destaque para projectos de desenvolvimento dos blocos 0, 15/06 e 17/20 e desembolsos referentes aos projectos de construção das Refinarias do Lobito e de Cabinda.

Com os referidos investimentos, que representam um aumento de 41% em relação ano anterior, a empresa “reforça a posição no mercado, focando-se na cadeia primária de valor e nas energias renováveis”, salientou a Sonangol.

“Alinhada à sua estratégia de expansão das operações de exploração, a Sonangol retomou as actividades onshore na Bacia do Kwanza, com a perfuração de dois poços nos blocos KON 11 e KON 12, o que resultou na identificação de recursos prospectivos estimados em 80 milhões de barris”, refere-se no comunicado.

Em relação à promoção da autonomia doméstica em termos de produtos refinados, em 2023, a nova Unidade Platforming da Refinaria de Luanda alcançou 221.000 toneladas métricas de gasolina, um aumento de 162% em relação a 2022.

A Sonangol refere ainda que, no âmbito da privatização dos seus activos não nucleares, foram contratualizados, desde 2019, um total de 190 milhões de dólares (175,6 milhões de euros) e recebidos 66,2 milhões de dólares (61,2 milhões de euros), com 31 activos privatizados e cinco em curso.

No início deste ano ficou a saber-se também que a Sonangol adjudicou dois contratos para o fornecimento de gasolina e gasóleo à britânica BP Oil International, que foi seleccionada entre as sete empresas que submeteram propostas no concurso para importação de produtos refinados.

O concurso decorreu entre 17 de Janeiro e 15 de Fevereiro de 2024, visando a adjudicação de contratos para cada um destes produtos para um período de 12 meses.

Para o concurso foram convidadas 14 empresas, das quais sete submeteram propostas: BP, Glencore Energy, Trafigura, Gunvor, Vitol, Mercuria e Totsa.

“Após a fase de clarificações e negociações foi efectuada a avaliação da economicidade das propostas”, que resultou na escolha da BP, lê-se no comunicado da Sonangol.

Com este contrato, fica assegurado o fornecimento de combustíveis para os próximos 12 meses, “permitindo o aprovisionamento do mercado sem oscilações”.

Artigos Relacionados

One Thought to “SONANGOL “ABRE-SE” A INVESTIDORES DOS EUA”

Comments are closed.