PRESIDENTE DEVERIA PRIVILEGIAR “METRO CONTRA A FOME”

O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, pessoa que admiro e respeito, mas me decepciona continuamente, parece continuar alienado (*), noutra galáxia. Da fome, que não é relativa, mas absoluta, que calcorreia na barriga de 30 milhões de pretos pobres, esta (fome) continua no arquivo morto do Executivo.

Por William Tonet

O contraste, quanto à ordem de prioridade, ocorre com a ostentação de quem vai com a mão estendida à caridade e leva uma numerosa, despesista e injustificada delegação.

Esse não é um problema do africano. Não! É de quem tem mente subdesenvolvida. Complexada e assimilada.

Quando alguém no pedestal da mais alta taxa de impopularidade, pode ser convencido a eleger como prioritária a estatística faraónica do Metro de Superfície, para transportar, alegadamente, 12 milhões de passageiros em Luanda.

Esta é mesmo a prioridade de Luanda? De Angola? Dos autóctones? Da maioria preta, pobre e proscrita, que não pára de se alimentar nos contentores de lixo?

Daí que o Presidente da República, João Lourenço, os tenha, mais uma vez, utilizado como mera estatística ao priorizar o Metro de Superfície, para a alegada mobilidade?

Que pobre o utilizará com preços livres de mercado, como vaticinou o Presidente ao desafiar o investimento chinês?

Sinceramente!

Esperei que, pela primeira vez, o Presidente fosse aproveitar e, de forma subtil, solicitar um Metro de Superfície Contra a Fome, desafiando cooperativas chinesas (não especuladores, que deixam marcas de colonialismo) a investir em parceria com homólogas angolanas, para potenciar campos de produção de arroz, no Moxico, Lundas, Kuando-Kubango, milho, no Huambo, Bié, Kwanza Sul, Moxico, trigo nas Lundas, Moxico, Kuando Kubango e algodão, Malanje, Bié, Uíge, para na cadeia final de um ano, os angolanos, não os chineses, começaram a disputar o controlo do mercado interno e de exportação. Debalde!

O Presidente da República, definitivamente, 7 anos depois, com o país a sangrar por todos os poros, não pode continuar alienado (*).

No exterior impõe-se ponderação e visão, para apreender como a China, com recursos próprios e gestão criteriosa, tirou mais de 850 milhões de cidadãos da miséria e, tem, actualmente, a maior classe média.

A economia chinesa robusta é inspirada na economia centralizada, com desdobramento de mercado, numa coabitação, onde os principais activos são públicos e os investimentos estrangeiros, são, maioritariamente, em parceria com os chineses.

Pedir financiamento na China, para aplicar em Angola com o errático projecto económico neoliberal, apenas aumentará a dívida externa, fazendo crescer a miséria no país.

Os autóctones angolanos poderão conjugar o verbo de estarem definitivamente paiados.

Quem não tem orgulho de África, ser africano e de Angola, ser angolano, dificilmente se preocupa em criar e deixar obra imaterial, para se imortalizar no museu cerebral dos povos.

A China não se desenvolveu dentro da visão ocidental, mas da sua tradição, costume e língua. Depois investiu, massivamente, na educação de grande qualidade, nos cursos de engenharia, agronomia, arquitectura, química, física, engenharia nuclear, economia, medicina convencional, medicina tradicional, administração e gestão, direito, entre outros. O êxito deveu-se, fundamentalmente, no respeito do orgulho de ser chinês e da implantação da sua língua.

O Executivo foi buscar apenas dinheiro, sem preocupação de analisar como um país subdesenvolvido como a China hoje disputa a liderança de primeira potência mundial. Não é obra do acaso, mas da resiliência dos homens, blindadamente, comprometidos com o país. Equação em falta da parte de quem, desde 1975, (des)governa Angola.

O Executivo demonstrou com a numerosa delegação, a sua profunda insensibilidade, para com o sofrimento geral.

Em fase de crise, não se deve afastar da parcimónia, nem aliar-se à orgia ou volúpia, principalmente, retirando dinheiro aos pobres.

O Executivo confirmou, na China, ao receber os empresários que vai continuar a fazer leis para beneficiar os estrangeiros e, em sequência, o retalho do país para implantação de colonatos coloniais.

Nada foi vaticinado para um financiamento capaz de servir, de investimento, no incremento de condições condignas para as classes profissionais e a Função Pública.

Mas manteve-se em alta a preocupação para manutenção ilegal do subsídio/mês aos ministros de 35 milhões de Kwz.

Um montante 87 vezes superior ao salário mensal de um ministro, sem escrutínio do Tribunal de Contas, como num verdadeiro conto de fadas.

Isso significa, um montante anual para cada ministro de 420 milhões de Kwanzas.

É lícito?

Mas nesta cadeia despesista extra povo, foi aprovado um decreto de três (3) biliões de dólares para o turismo em 8 províncias desorganizadas e desestruturadas.

Afinal há dinheiro. Temos dinheiro, para a realização das autarquias? Porque não se realizam?

Mais, não sendo dinheiro de sangue, para ser branqueado e ir para engordar corruptos, porque não entra na esfera social? Aqui estão mais de 20 milhões de pretos pobres, eternos escravos e candidatos à fome eterna, sobreviventes, porque, subvencionados, pelos contentores e monturos de lixo…

Ok! BB! Bestial ou Besta, pouco importa, porque havendo estatísticas, elas servem para se ir buscar mais financiamento, na tónica seguida há 49 anos, em nome dos pobres, mas na realidade sempre para enriquecer nababos, principescamente, alojados nos corredores do poder.

A visita à China do Presidente João Lourenço, no 15.03.24, para pedir moratória da dívida, mais financiamento e entregar mais terras para os escravocratas e colonialistas chineses, surge como exemplo e incógnita.

Se Angola tem dinheiro, biliões para o turismo, não sendo esta uma área prioritária, antes da resolução da fome, educação, saúde e organização pública, então porque endividar-se mais as futuras gerações, cujos pais sequer beneficiarão deste pacote?

O exemplo é o mesmo, o pobre, o tal “homem novo”, que o “EME”, incompetentemente, desconseguiu construir, salvo a sua consagração no hino nacional (do MPLA), que nunca esteve no centro da geografia mental dos dirigentes do poder. Nunca, fundamentalmente, pelo facto de serem angolanos!

Mais uma vez, na órbita mental presidencial, o estrangeiro está em primeiro, segundo e terceiro lugar…

E assim, na esquina do vento, a expectativa de algo substantivo para o futuro sustentado de Angola, desvanece-se a cada viagem.

E para defesa da nossa higiene intelectual, temos de reconhecer, que com estas políticas e práticas: “estamos paiados”!

Assim desenganem-se os que pensam poder haver uma ciumeira entre USA e China. Cada um está, magistralmente, a defender os seus interesses, ambos beneficiam, com a desorganização, porque tudo terão a custo zero, preferencialmente, as matérias-primas e terras aráveis.

Para as duas potências é o bastante, porque enquanto o complexo de submissão reinar e a exploração avançar, que se dane a fome e os pobres autóctones, com o actual poder.

E o quadro sinótico de garantia de poder não poderia ser mais expressivo: os americanos ficam com o Corredor do Lobito, terras e minas conexas ao longo da sua rica extensão e, os chineses, ficam com o Corredor de Benguela, para exploração de minas, terras, salinas, pescados e afins, onde se poderá incluir a implantação da famosa e megalómana Califórnia. O resto que têm como 30% do casco urbano de Luanda e outras províncias, não entrou neste acervo…

Lágrimas, para quê…

É preciso reflexão, patrioticamente!

(*) Significado de Alienado: Pessoa sem interesse nem capacidade de compreender a realidade que o cerca; absorto. (Popular) Que evita compreender assuntos relacionados com política e com a realidade mundial; desinformado.

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