No âmbito da troca de seis por meia dúzia, os assalariados do MPLA (de acordo com as ordens superiores recebidas) dizem que a província do Cuanza Norte prevê uma produção superior a 800 mil toneladas de diversos produtos, entre soja, milho, feijão, ginguba, mandioca, batata e cacau, durante a Campanha Agrícola 2024/2025.
A informação foi fornecida pelo governador da província, João Diogo Gaspar, durante a apresentação do memorando sobre a situação socioeconómica do Cuanza Norte ao Presidente da República, general João Lourenço, durante uma reunião no Governo provincial.
João Diogo Gaspar disse que o objectivo é transformar a província numa potência agrícola em Angola, que para tal é necessário mais apoio, especialmente ao processo de escoamento dos produtos.
No âmbito do aumento da produção agrícola e da criação de empregos (há 49 anos em lista de espera), o governador anunciou um projecto de investimento de cerca de 30 milhões de dólares para a reactivação do Perímetro Irrigado de Mucoso, que enfrenta sérios problemas. O projecto está previsto para arrancar no próximo mês e deverá criar mais de 1.000 postos de trabalho para jovens de Cambambe e de outras localidades.
No sector agrícola, o governador enfatizou (ou não fosse um perito na matéria) que é fundamental a infra-estruturação das zonas de produção, com energia e água, de forma a atrair mais investidores. Quanto a energia, informou que a taxa de electrificação na província deverá alcançar os 75 por cento até 2027.
João Diogo Gaspar revelou que o plano inclui a renovação da rede de distribuição eléctrica nos municípios de Cazengo, Cambambe e Ambaca, bem como a manutenção e expansão da rede de iluminação pública nos 10 municípios da província.
O governador também falou da necessidade da construção de uma central térmica em N’Dalatando e de um parque de energia fotovoltaica.
Relativamente ao abastecimento de água, enalteceu a construção do Centro de Captação de Água do Lucala, que permitirá três mil e quinhentas ligações nos municípios do Lucala e 15 mil no Cazengo. Entretanto, sublinhou que o município do Cazengo precisa de 180 mil ligações.
No domínio da habitação, o governador alertou para o elevado número de bairros com casas de adobe e outros materiais inadequados, muitas das quais situadas em zonas de risco.
Por essa razão, disse ser urgente requalificar os bairros periurbanos, especialmente no bairro São Filipe, no Cazengo, e Cambambe, que abrigam a maior parte da população.
João Diogo Gaspar anunciou a conclusão da obra da Centralidade de N’Dalatando, com 212 apartamentos, e o início da construção de uma nova centralidade com dois mil apartamentos.
Além disso, o governo prevê a construção de cinco mil casas sociais no âmbito do processo de requalificação dos bairros da cidade de N’Dalatando e a construção de três mil casas sociais para as populações em zonas de risco.
Aprovados também estão projectos para a construção de 200 fogos habitacionais em todos os municípios e 450 casas sociais no bairro do Km11, no município do Cazengo, para o realojamento das populações afectadas pelas chuvas.
Por outro lado, a província do Cuanza Norte possui uma malha rodoviária superior a quatro mil quilómetros, dos quais cerca de dois mil quilómetros necessitam de intervenção urgente.
O governador destacou a melhoria no troço rodoviário Cambondo/Quilombo dos Dembos, onde o tempo de viagem foi reduzido de sete para uma hora e meia.
Em relação aos transportes, João Diogo Gaspar pediu o reforço na frota de transporte público, que ainda é insuficiente, e a melhoria do transporte ferroviário, que enfrenta dificuldades devido a problemas na linha férrea.
O governador também propôs que o aeroporto “General Nguetu” seja transformado numa escola aeronáutica.
No sector florestal, o governador mencionou a exploração ilegal de madeira nos municípios de Ngonguembo, Quiculungo e Bolongongo, destacando que o Instituto de Desenvolvimento Florestal apreendeu recentemente 200 unidades de madeira em toro e mais de 100 unidades de madeira em bloco.
No turismo, a falta de hotéis e de estabelecimentos similares foi uma das preocupações apresentadas pelo governador, que sugeriu a requalificação das infra-estruturas dos hotéis IU e IKA e o aproveitamento do potencial turístico de Massangano e do Horto-botânico do Kilombo.
Além disso, foi apresentado um projecto para a requalificação da marginal do Dondo.
Na educação, mais de 160 mil alunos estão matriculados no ano lectivo 2024/2025. No entanto, o governador disse que 28 mil crianças em idade escolar ainda estão fora do sistema de ensino e 116 escolas em condições precárias, com necessidade de reabilitação. A província também necessita de 112 novas escolas e cerca de oito mil profissionais de ensino e apoio.
No ensino superior, o governador congratulou-se com o anúncio da construção de um Instituto Superior Politécnico na província e pediu a expansão de instituições de ensino superior nos municípios de Ambaca e Cambambe, além de aumento no número de bolsas de estudo.
Quanto ao sector da saúde, João Diogo Gaspar destacou as 137 unidades sanitárias na província, mas mencionou que há necessidade de construção e apetrechamento de hospitais municipais e centros de saúde de referência em municípios como Bolongongo, Banga e Cambambe, além da construção de um hospital materno-infantil no Cazengo.
Relativamente ao saneamento, sublinhou que a situação é crítica, com apenas cinco por cento da cidade de N’Dalatando a dispor de infra-estruturas adequadas.
O governo prevê a reparação e expansão da rede de esgotos, bem como a construção de aterros sanitários em todos os municípios da província.
Sobre a indústria, comércio e segurança, o governador também referiu a necessidade de reestruturar os pólos industriais de Cambambe e Lucala para fomentar a industrialização e relançar as fábricas da ex-SATEC, VINELO e EKA, as maiores da província.
No sector da segurança, solicitou a construção de mais postos e esquadras policiais, especialmente nos novos municípios que serão criados, e o aumento no número de efectivos.
Além disso, destacou a necessidade de um laboratório de criminalística, um estabelecimento penitenciário com capacidade para mil e quinhentos reclusos, e a construção de um edifício sede para os Serviços de Migração e Estrangeiros.