Setenta e cinco toneladas de arroz, das 555 produzidas na comuna da Cambândua, província do Bié, começaram a ser colhidas. Noutra frente, regista-se o aumento da produção da mandioca, com uma colheita acima dos 200 milhões de toneladas/ano.
Quanto ao arroz, da variedade “Irga 417”, este lote foi plantado numa área de 50 hectares pela associação de camponeses da comuna da Cambândua, situada a 52 quilómetros da cidade do Cuito, capital do Bié As sementes foram lançadas em Dezembro do ano passado. Na próxima semana, começa a colheita de outras 480 toneladas, produzidas pela fazenda Xaparro, num espaço de 105 hectares.
O governador provincial do Bié, Pereira Alfredo, e o representante da associação de camponeses da comuna da Cambândua, Tomás José, dizem que estão envolvidas 46 famílias na empreitada.
Quanto às preocupações, apontou a falta de uma máquina de colheita, para dar celeridade ao processo e com a qualidade que se exige, já que os associados trabalham de forma manual, um processo que, muita das vezes, causa a diminuição da espessura do arroz. Falou igualmente da falta de uma outra máquina para o corte da plantação, que possa medir a humidade do arroz. Como alento, disse existirem na comuna duas máquinas de descasque do cereal, o que vai facilitar o processo da selecção do produto.
O governador sublinhou também que é necessário um financiamentos de 250 milhões de kwanzas para a compra do sistema de regra, sementes, fertilizantes e parte da mecanização.
Por seu lado, o responsável da fazenda Xaparro, Manuel Maya, assegurou que está tudo pronto para o início da colheita do arroz a partir da próxima segunda-feira. Esta fazenda tem uma extensão de 800 hectares, 120 dos quais preparados para cultivar também milho, feijão, trigo e mandioca.
De acordo com o director do Gabinete da Agricultura no Bié, Felizardo Brito Capepula, pretende-se agora melhorar a capacidade de processamento do arroz, uma vez que todos os municípios da província cultivam o cereal, com excepção do Chinguar. A medida visa retirar do arroz outras componentes, como o rolão e a sua casca, que podem ser utilizados como ração animal.
Em 2023, o Bié produziu cerca de nove mil e 500 toneladas de arroz, ao passo que esta época perspectiva-se colher 14 mil 278 toneladas, cultivadas em sete mil hectares de terra em oito municípios.
Para se continuar a fomentar a produção em grande escala, Felizardo Capepula disse que se vai criar condições de mercado, no sentido de as populações terem acesso fácil ao arroz produzido localmente. No seu entender, a compra do produto constitui também uma componente que impulsiona os produtores.
Na ocasião, o governador Pereira Alfredo disse que o Bié quer contribuir com uma quota significativa da produção de cereais a nível do país, frisando que as condições objectivas, quer de clima quer da população, estão asseguradas.
Anotou também que as famílias estão prontas a adaptarem-se às novas formas de produção, saindo do rudimentar para o convencional, garantindo mais apoio do Executivo, com financiamentos aos produtores.
A par disso, avançou, melhorou-se também as técnicas de adubação do plantio em quase todos os produtos, daí os grandes resultados das colheitas que se registam.
Incremento da produção de mandioca e milho
O aumento da produção de mandioca, com uma colheita acima dos 200 milhões de toneladas/ano, e do milho (mais de 3.2 milhões de toneladas) tem influenciado na estabilização dos preços da cadeia de valor destes produtos, revela a Angop.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Florestas (MINAGRIF), a campanha agrícola 2022/2023 registou um aumento global de 36,8% (1.669,158 toneladas), comparativamente à época de 2021/2022, cuja produção total foi de 24 milhões 788 mil e 69 toneladas.
Uma nota de imprensa do Ministério indica que a tendência crescente resulta da estratégia do Executivo, que prima pelo fomento da produção agrícola no país, com realce para o incentivo aos pequenos, médios e grandes produtores, que têm tido apoio na obtenção de crédito agrícola, disponibilização de insumos, facilidades no escoamento, entre outros apoios.
De acordo com o documento, nos grandes centros de consumo, como Luanda, Benguela e Huambo, os preços da fuba de bombo e de milho permaneceram estáveis, fixados em 150 kwanzas o quilograma e kz 500, respectivamente, um indicador claro de que a oferta está a acompanhar a procura.
Essa estabilidade de preços, lê-se na nota, é resultado de uma série de iniciativas governamentais e privadas que visam melhorar as infra-estruturas, as vias de comunicação e transporte, o apoio técnico aos camponeses, particularmente as cooperativas e associações de produtores.
A produção de milho tem crescido substancialmente devido à introdução de tecnologias agrícolas modernas e ao acesso a sementes melhoradas, sendo os programas de extensão agrícola e suporte financeiro aos produtores cruciais para esse desenvolvimento.
Da mesma forma, a mandioca, uma cultura de base em Angola, também viu um incremento significativo na produção, impulsionada por programas de apoio técnico e de micro financiamento.
A melhoria no escoamento das produções é visível através do aumento das vendas, não apenas no mercado interno, mas também com o início das exportações para mercados regionais.
A descentralização dos mercados de venda, com a criação de feiras e pontos de venda directa, também tem facilitado o acesso dos produtores aos consumidores finais, reduzindo intermediários e aumentando a margem de lucro dos agricultores.
Durante a campanha agrícola 2022/2023 registou-se uma produção de 26 milhões 457 mil e 227 toneladas de produtos diversos, com destaque para as principais cinco fileiras, designadamente, raízes e tubérculos, frutas, cereais, hortícolas, bem como leguminosas e oleaginosas.
Com base no relatório da safra transacta e segundo o Ministério da Agricultura e Florestas, essa colheita representou um aumento global de 36,8% (1.669,158 toneladas), comparativamente à época de 2021/2022, cuja produção total foi de 24 milhões 788 mil e 69 toneladas.
Entre os principais produtos cultivados no período em análise, destaca-se a fileira de raízes e tubérculos, que liderou o top 5, com uma produção de 13 milhões 743 mil e 973 toneladas (6,3%), sendo 11 milhões 240 mil e 420 de mandioca, um milhão 997 mil e 930 toneladas de batata-doce e 505 mil e 622 de batata rena.