O Executivo do MPLA (há 48 anos no Poder) reafirma o compromisso com a “indústria turística” a julgar pela sua capacidade de fomentar a prosperidade e impulsionar o desenvolvimento sustentável e inclusivo. A comédia continua com novas e velhas… tacadas.
Na altura em que era ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, perspectivava os benefícios de “todos os intervenientes deste amplo e diversificado sector, que vão desde as grandes empresas, incluindo as multinacionais do sector aéreo, até às mais pequenas agremiações, constituídas por pequenas empresas familiares”.
Jomo Fortunato referia que o turismo internacional verificou um abrandamento ao nível das chegadas de 2008 a 2009, provocado pela crise económica e financeira internacional.
“Desde esta altura, o seu crescimento vinha sendo contínuo até 2019, ano em que foram registadas 1,5 mil milhões de chegadas de turistas pelo mundo inteiro, um crescimento na ordem dos 4% relativamente a 2018”, indicou o então ministro.
Vejamos, a propósito do Dia Mundial do Turismo, a narrativa da Angop: “Com uma tacada rente ao relvado, o Presidente da República, João Lourenço, abriu o torneio internacional de Golfe que se disputou no Campo dos Mangais, Barra do Kwanza”.
Na verdade, nada escapou ao jornalista da Angop. Atentemos: “Segurando o taco com as duas mãos, o Chefe de Estado bateu na bola meio em força que percorreu o espaço em direcção ao buraco -1, abrindo o evento ímpar no país, enquadrado no “Fórum Mundial do Turismo”.
Já agora, continuemos com o texto integral da Angop: “A prova conta com a participação de mais de 50 atletas em representação dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Reino Unido, Japão e Turquia.
Além da componente desportiva, Angola busca, com o “Presidential Golf Day”, a interacção entre homens de negócios visando parcerias no âmbito do programa do Executivo de diversificação da economia nacional.
Após a abertura da competição, João Lourenço, acompanhado da Primeira-dama, Ana Dias Lourenço, da Ministra da Juventude e Desportos, Ana Paula do Sacramento Neto, e do Turismo, Ângela Bragança, inaugurou a escola de equitação do clube Mangais”.
O presidente do Fórum Mundial do Turismo, Bulut Bagci, almoçou no dia 12 de Março de 2019, à beira mar, em Luanda. Ementa? Talvez trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, e bebendo de Château-Grillet 2005. Com ele estavam os nossos anfitriões, vestindo – é claro – Hugo Boss, Ermenegildo Zegna e usando relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex…
“Que grande, enorme, maravilhoso é este país”, terá pensado (e bem) Bulut Bagci. Vai daí não esteve com meias medidas. Anunciou que o Fórum Mundial do Turismo iria investir nos próximos anos 1.000 milhões de dólares (870 milhões de euros) para apoiar o desenvolvimento do sector turístico em Angola.
Ali bem perto estavam alguns dos 20 milhões de angolanos pobres que subsistem quando encontram nas lixeiras peixe podre, fuba podre, panos ruins e porrada se refilarem. Mas esses não contam. São apenas uma espécie menor de angolanos…
O anúncio foi feito à imprensa no final do “Breakfast Meeting”, alusivo ao “Presidential Golf Day – Angola 2019”, evento que antecedeu a realização do Fórum Mundial de Turismo, que Luanda acolheu em Maio de 2019.
“Ao longo dos próximos anos, o Fórum Mundial do Turismo vai investir 1.000 milhões de dólares no sector do Turismo em Angola, cujo destino será definido durante os trabalhos do Fórum a realizar em Angola”, afirmou Bulut Bagci, acrescentando (depois de um discreto arroto a caviar) que, nas reuniões que manteve com as autoridades angolanas, ficou decidido que o investimento iria obedecer ao Plano de Desenvolvimento do Turismo Nacional, integrado, por sua vez, no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2918/22.
O presidente do Fórum Mundial de Turismo esteve em Luanda em Fevereiro (2019), e foi recebido, na ocasião, pelo chefe de Estado, João Lourenço, bem como pelo Presidente do MPLA (João Lourenço) e pelo Titular do Poder Executivo (João Lourenço), tendo considerado que Angola tem grandes potencialidades no sector do Turismo e indicado que a realização do fórum na capital ira trazer oportunidades de investimento para os sectores da construção, transportes e na criação de empregos.
Por outro lado, Bulut Bagci assinou com a então ministra do Turismo, Ângela Bragança, um protocolo de cooperação destinado a atrair investimento e impulsionar o turismo nacional.
Na ocasião, Ângela Bragança disse tratar-se de um acordo de parceria com a organização que detém a marca, onde estão definidas as responsabilidades do Fórum Mundial de Turismo e do ministério que tutela.
Segundo a ministra, o evento, em que estimava a presença de 1.500 delegados, “envolve uma máquina organizativa e logística forte”, pelo que os responsáveis do sector em Angola estavam a desenvolver o trabalho necessário para mostrar o potencial turístico do país.
O “Presidential Golf Day” é uma iniciativa mobilizadora que presta um tributo aos esforços para atrair investimentos multi-sectoriais para a economia e promover oportunidades de negócios, com particular realce a dinamização do turismo.
A então ministra considerou que o “Presidential Golf Day – Angola 2019” e o fórum apresentam-se como uma “excelente oportunidade” para fechar negócios e conhecer melhor o potencial turístico de Angola.
Segundo Ângela Bragança, o sector estava já a gerar sinergias com outras áreas da esfera económica, dado a transversalidade que apresenta, pois, com a prática do golfe, podem-se unir-se várias valências, “como turismo, desporto, saúde, ambiente saudável, parceria e negócio, amizade e desenvolvimento”.
Ângela Bragança disse que, com o evento, que terá um carácter anual, “abre-se uma oportunidade para o turismo do golfe como um nicho do mercado bastante promissor”.
“O golfista tem como característica o desejo de viajar e, neste ponto, Angola apresenta vantagens pela diversidade de clima, paisagens, topografia e belezas naturais”, sublinhou.
Turismo é MPLA, MPLA é turismo
Angola está a aplicar, desde 30 de Março de 2018 o regime de isenção e simplificação dos actos administrativos para a concessão do visto de turismo, a cidadãos de 61 países, incluindo da União Europeia.
Nessa altura o então ministro Ângelo Veiga Tavares lembrou que a simplificação dos actos migratórios visa incentivar o investimento e o turismo “e tornar Angola um país mais aberto ao mundo”.
Segundo ele, as facilidades criadas vão contribuir sobremaneira para o movimento de investidores e turistas e os consulados devem assumir a responsabilidade na emissão dos vistos de trabalho e outros de natureza consular, eliminando-se “de forma excepcional, a pressão para serem obtidos vistos no país”.
O então titular da pasta do Interior pediu, no entanto, o aumento da exigência para o perfil técnico-profissional da mão-de-obra estrangeira, naquelas especialidades em que há nacionais capacitados para as mesmas funções, “alguns dos quais jovens formados em universidades de primeira linha de países desenvolvidos”.
“O que vem causando alguma frustração nestes e seus progenitores e o Estado, que investe na sua formação, sem beneficiar do retorno do avultado investimento feito”, disse o ministro na defesa de uma tese que, de per si, diz tudo quanto à certeza de um sinónimo que faz parte do ADN do MPLA: Olhai para o que dizemos e não para o que fazemos.
De acordo com o governante, uma particular atenção deve incidir também sobre o facto de algumas dessas empresas empolarem o salário contratual dos técnicos expatriados como forma sub-reptícia de expatriação ilícita de capitais em benefício dos países de origem desses expatriados.
Teria sido bom o então ministro Ângelo Veiga Tavares ter dado exemplos de empresas que usam essa metodologia? Claro que não podia. Ficaríamos todos a saber que a grande maioria das tais empresas que “empolam o salário contratual dos técnicos expatriados como forma sub-reptícia de expatriação ilícita de capitais” pertencem a empresários do partido/Estado, o MPLA.
“Recomendamos por isso maior rigor na análise dos processos de pedido de vistos de trabalho e que se observe com rigor os postulados da lei”, realçou o governante. Fez muito bem. É claro que, fazendo fé nos exemplos conhecidos desde que o MPLA é governo (ou seja, desde a independência), entre um néscio filiado no MPLA e um génio sem filiação, as empresas devem escolher o… néscio.
Nesse altura o então secretário de Estado do Ministério das Relações Exteriores, Téte António, disse que com esta maior abertura Angola estima que nos próximos dez anos o país venha a receber cerca de 4,6 milhões de turistas.
“Perante esses desafios e outros de vária índole, devemos adaptar as nossas capacidades à nova realidade e melhorar a nossa coordenação”, disse Téte António.
O governante apelou ainda a que seja uniformizada nos postos migratórios as respostas e perguntas, preocupações, que eventualmente serão colocadas, bem como ter a mesma interpretação de cada cláusula dos instrumentos assinados e do decreto presidencial.
Turismo em Angola? Um dia… talvez
Neste âmbito, pela sua oportunidade e assertividade, reproduzimos um artigo de Carlos Pinho publicado no Folha 8 no passado dia 21 de Maio de 2019:
«Isto ultimamente tem sido cá um corrupio na imprensa angolana. Primeiro foi a facilitação dos vistos, depois inúmeras notícias a falar da necessidade de se implementar uma melhor indústria hoteleira em Angola. Agora são as pancadinhas na bola de Sua Excelência o Senhor Presidente da República num campo de golf, lá para as bandas de Luanda.
Porém o turismo em Angola não avança com pancadinhas na bola. Aliás, nem mesmo com umas pancadas valentes nas cabeças pensantes de muitos artistas que pululam pelo país afora.
A questão dos vistos é logo o primeiro problema, ainda antes de um hipotético turista sair do seu próprio país. Porque não se arranjar um processo mais simples de se adquirir o visto à entrada no país. Há uns anos atrás era assim que funcionava o processo em Moçambique. Se uma pessoa tem bilhete de ida e volta e documentos comprovativos de reserva de alojamento, que muitas vezes até já foi antecipadamente pago, era só largarem-se umas massas no momento da passagem no controlo de passaportes, à chegada no aeroporto. Ah, já sei, seria difícil controlar-se o processo de pagamento e existiriam muitas fugas de dinheiro. Mas isso é um problema de polícia, polícia séria, é claro. Mas é uma questão a que o turista deve ser ar alheio.
Bom, continuando. O nosso turista desembarca no Aeroporto de Luanda e como tem de apanhar um voo para uma qualquer capital de província, é-lhe comunicado que tem de ir para o Terminal Doméstico do mesmo aeroporto, apanhar o dito voo. E o nosso homem habituado a aeroportos que funcionam minimamente procura o corredor ou a passadeira rolante que o leve ao tal Terminal Doméstico. Barraca! Então não é que é preciso apanhar um táxi, fora do aeroporto, para se andar umas centenas de metros até ao dito terminal? Fora do aeroporto!? Não há qualquer percurso interno que ponha o nosso turista a salvo das malandragens dos taxistas ou dos sempre prestativos auxiliares que aparecem a correr e que agarram nas suas bagagens para as transportarem. E, mesmo que muito instados, dificilmente as largam, chegando até a ser agressivos. Muitas vezes a conversa engrossa nessas alturas. E o triste do turista, quer pelo táxi, ou pelos carregadores imprevistos, lá será esmifrado de mais alguns dólares. É uma pouca vergonha!
Mas a pouca vergonha começa, na verdade, com as autoridades que gerem o aeroporto. Não tiveram, nem têm honestidade, e diga-se em abono da verdade, a competência profissional, para providenciarem um sistema de autocarros, ou um outro sistema de vai e vem, que transporte os passageiros entre os dois terminais. Qualquer aeroporto minimamente civilizado tem estes serviços de transfer. Excepto o de Luanda é claro! Tinha de ser! Sempre é mais um esquema para uns amigos sacarem umas notas aos viajantes.
E se houver necessidade de o turista esperar algumas horas pela sua ligação aérea? Está feito! Nenhum dos terminais, principalmente o doméstico, tem condições para manter o turista minimamente entretido e confortável durante longas horas. Outro esquema para sacar mais umas notas ao turista. Não será melhor passar a tratá-lo como vítima em vez de turista? A solução é ir para um hotel onde ocupará um quarto por algumas horas até à hora de voltar ao aeroporto.
Nesse entretém, terá a oportunidade de dar umas voltas por Luanda. Os mais prudentes até poderão andar a pé pelas redondezas desse hotel, curtindo os buracos nos passeios e nas ruas e a maravilhosa falta de limpeza tão tipicamente luandense. É um tipicismo pós-independência. Que os colonos tenham sido uns patifes, não discordo. Agora porcos, isso é que não!
Continuo a não consigo entender porque há tanto lixo nas ruas de Luanda, contentores posicionados em cima dos passeios, a transbordarem de porcarias, como se tal fosse normal numa cidade que se pretende civilizada. Enfim, já há umas décadas que não resido em Luanda, novos valores podem ter-se levantado, e civilização pode não ser um deles. Ou então foram os sacanas dos colonos que na década de setenta não levaram o lixo com eles. É que eu não acredito que gente tão competente e prestimosa como aquela que existe a governar a cidade de Luanda seja cúmplice de tal nojeira. Deve haver uma razão cultural que desconheço! Se calhar é algum slogan do tipo: O MPLA é o lixo! O lixo é o MPLA!
Mas pode ser que a nossa vítima, perdão, turista, seja mais aventureiro, e contrate um táxi para dar umas voltas pela cidade. Irá certamente à Ilha do Cabo, onde constatará horrorizado, que numa língua de areia altamente instável, por de origem aluvionar e sujeita aos maus humores das calemas, as tais competentíssimas autoridades da governação de Luanda autorizaram a construção em altura de edifícios, que a única coisa que fizeram, foi afear a paisagem. É evidente que num dia em que a natureza se chateie de vez com estes dislates, uma calema mais mal-humorada irá acertar contas. Aliás, este jeito para a asneira já vem do tempo colonial, a famosa ponte da ilha, que a liga ao continente, não é na verdade mais do que um istmo que bloqueou quase totalmente a renovação das águas da baía, com o consequente assoreamento imparável desta. E após a independência, todo o aterro que se fez na zona da Ilha da Chicala só vem piorando a situação.
E ainda bem que o turista não sabe que em tempos antigos havia a marginal da Praia do Bispo… Ah! Mas um dia haverá uma Nova Marginal, até à Samba e à Corimba, para esconder esta grossa asneira da criação de condições excepcionais para se assorear totalmente a baía. Mas isto é um grande negócio para as empresas de dragagens. Se já o era no tempo colonial, agora nem se fala! Com um pouquinho de paciência chegar-se-á à situação da marginal passar a ficar na própria Ilha do Cabo. Aí é que vão chegar e sobrar terrenos para se construírem mais arranha-céus. Aquela “baiazinha” cheia de pardieiros de dezenas, quiçá centenas de andares! Maravilha! Manhattan terá de se precaver! Certamente que irão chegar charters de turistas vindos da China para verem a beleza que será. (Onde é que eu já ouvi isto? Penso que tinha a ver com futebol!)
Seguidamente, vendo o morro com a Fortaleza de São Miguel lá em cima, o turista irá pedir ao taxista que o leve até lá. Novo horror, alguém construiu um mamarracho, vulgo Shopping Fortaleza, quase em cima do morro.
Por esta altura, a nossa vítima, perdão, turista, já se deve ter compenetrado que talvez seja melhor regressar ao aeroporto. Pode ser que na província as coisas estejam melhores. Até porque com tantas ruas esburacadas que verificou existirem na baixa de Luanda, e o pobrezinho não foi aos bairros da periferia, ver as suas famosas ruas, lixeiras e lagoas, o nosso turista começa a desconfiar ter sido vítima de um logro.
Não entrando em mais pormenores que o texto já vai longo, interessa, no entanto, referir que nos pequenos hotéis da província, excessivamente caros para o serviço que prestam, tal como os de Luanda, o turista irá descobrir que nalguns deles há esquemas de prostituição em andamento, detectados por barulhos nos quartos vizinhos, por vezes sob a forma de choros ou gritos aflitivos de quem não está a gostar da brincadeira. Irá descobrir em sucessivos pequenos-almoços, meninas com um aspecto envergonhado, que se constata claramente não se enquadrarem no ambiente do hotel, por assustadas e envergonhadas, conduzidas por homens mais velhos, alguns com idade mais para a de avô, do que de gentil acompanhante.
Quando as agências de viagem ou entidades hoteleiras são confrontadas com questões sobre o tema, aparece normalmente um chorrilho de desculpas esfarrapadas. É a famosa inclinação dos autoproclamados machos angolanos pelas catorzinhas. Bom, a menos que o governo queira implementar em Angola um sistema de turismo sexual deveras abjecto, tenho as minhas dúvidas de que isto agrade a muitos dos turistas desavisados.
E ainda falta falar na dificuldade e carestia do aluguer de automóveis para que uma pessoa se possa deslocar livremente pelas várias províncias, das praias sujas e cheias de preservativos e que nalguns casos apresentam espectáculos de desempenho sexual alive and kicking, assim à boa maneira de um concerto de rock and roll.
Mas sejamos justos, Angola mudou muito nos últimos sete ou oito anos. As frequentes intervenções da polícia a tentar sacar gasosa ao pessoal diminuíram um pouco. Já lá vai o tempo, mas ainda não tem dez anos, em que numa viagem entre o Huambo e Luanda fomos parados vinte e uma vezes, sendo que na maioria dos casos os argumentos apresentados pelas ditas “autoridades” para chatearem o nosso motorista eram pouco menos que estranhos.
Continuam os buracos nas estradas, ou será que é estrada nos buracos, e as ruas às escuras onde o motorista desavisado é confrontado, às 21 horas, com um desgraçado numa cadeira de rodas a deslocar-se na faixa de rodagem, e isto porque nos passeios nem pensar em lá passar com a dita cadeira de rodas.
De salientar nalgumas cidades do interior algumas agentes da polícia nacional todas coquetes e sorridentes com uma Uzi ao peito assim a modos de colar. Uma simpatia! A sério, agora não é gozo!
De facto, a normal gentileza do povo angolano acaba por suprir as deficiências de um sistema que ainda não está feito para lidar com turistas. Talvez por isso, e quase exclusivamente por isso, talvez valha a pena fazer turismo em Angola. Ver o sorriso na cara das pessoas que nos atendem em hotéis e restaurantes quando interactuamos com elas sem preconceitos de falsa superioridade europeia, quando brincamos com o sotaque deles e eles com o nosso. Quando os questionamos sobre as comidas, quando vamos às feiras e marralhamos os preços e implicamos com eles. E, ao fim de uns dias, quando dizemos que temos de partir, porque as férias acabaram, vemos a tristeza nos olhos deles, e ficamos que a certeza de que apesar das dificuldades e limitações, haveremos de voltar.»