“DAR VOZ A QUEM  NÃO TEM VOZ”

Timor-Leste tem a partir de hoje a funcionar um novo órgão de comunicação social timorense online, o Diligente, o primeiro do país com produção exclusiva em português, uma das duas línguas oficiais do país.

Eduardo Soares, director da publicação, explica que “o Diligente quer ser ponte entre a sociedade e a informação, para formar cidadãos mais conscientes do que se passa ao seu redor. Informação livre e rigorosa, para ajudar na construção de uma consciência mais critica”.

“Acreditamos que poderemos apoiar a transformação da realidade com comunicação construtiva, livre, contribuindo para uma democracia que respeite o direito de todos, as culturas, as religiões, a diversidade étnica, orientação sexual, com vista ao bem comum e à redução das desigualdades”, vincou.

Apostando na “informação livre e rigorosa” e em jornalismo de investigação e reportagem, o Diligente (www.diligenteonline.com) pretende, segundo Eduardo Soares, “dar voz a quem não tem voz” e acompanhar os problemas mais prementes do país.

“Estamos conscientes de que a realidade social depois de 20 anos da restauração da independência ainda está muito aquém do que seria expectável. Timor-Leste ainda não conseguiu assegurar água, luz e esgotos a toda a população, há dificuldade no acesso a saúde e educação e a democracia privilegia alguns grupos em detrimento de outros”, disse o jornalista na apresentação da nova publicação online.

“A educação sexual é tabu, as mulheres não são tratadas da mesma forma que os homens e a violação dos direitos humanos em nome de uma suposta cultura é o pão nosso de cada dia”, vincou.

Eduardo Soares disse que apesar de Timor-Leste estar em primeiro lugar no ranking de liberdade de imprensa na região – e em 17º a nível global – a actividade jornalística em Timor-Leste “ainda enfrenta muitos problemas, incluindo a burocracia para obtenção de dados, autocensura e a desvalorização de trabalhos jornalísticos”.

O projecto reúne sete jovens jornalistas timorenses que completaram a sua formação no Consultório de Jornalistas, um projecto apoiado pelo Instituto Camões de fortalecimento das capacidades em língua portuguesa no sector dos media.

No arranque da publicação, o Diligente inclui reportagens sobre os entraves à liberdade de imprensa no país e sobre abusos sexuais de crianças, entre outras.

O panorama dos media em Timor-Leste tem vindo a mudar nos últimos anos, com novos projectos e um crescente foco no espaço digital e nas redes sociais.

Destacam-se, entre outros, projectos como o portal informativo Hatutan, cuja cobertura tem vindo a conseguir um destaque cada vez maior apesar do reduzido número de jornalistas, e o projecto SMNews que usa directos para o Facebook como principal forma de cobertura.

As mudanças afectam tanto o sector público como o privado, com a agência oficial timorense, a Tatoli, a expandir continuamente a cobertura em quatro línguas – português, tétum, inglês e indonésio – e a Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL) a avançar na sua digitalização.

Do lado do privado e na televisão destacam-se projectos com o da GMN, a principal televisão privada, e da TVE que se tornaram espaços crescentes de debate sobre os temas mais importantes do país.

Folha 8 com Lusa

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