O Presidente da República, do MPLA e Titular do Poder Executivo, general João Lourenço, reafirmou hoje, sexta-feira, em Malanje, que as obras de construção da barragem hidroeléctrica de Caculo Cabaça, na província do Cuanza Norte, poderão ser concluídas em 2026. Poderão… quem sabe!
Depois de inaugurar o sistema de captação, tratamento e distribuição de água de Quissol, em Malanje, o Titular do Poder Executivo afirmou que se o financiamento não falhar, o projecto poderá estar concluído no prazo previsto.
Sublinhou que Laúca, a partir de agora, está definitivamente concluída e que se pode prestar toda a atenção ao grande aproveitamento hidroeléctrico de Caculo Cabaça, que será o maior do país.
Relativamente ao sistema de abastecimento de água inaugurado hoje, João Lourenço destacou os benefícios do projecto para a população que passa a consumir água com mais qualidade e a prevenir-se de doenças, como as diarreicas agudas. É caso para dizer, quem sabe… sabe!
De acordo com o Presidente, “a melhoria do abastecimento de água é um direito que cabe às populações”, porque “água tratada é saúde, é vida. Haverá menos doenças diarreicas, portanto, vamos salvar vidas”.
O sistema de abastecimento de água está orçado em 31 milhões 237 mil e 861 dólares, financiados no quadro da linha de crédito da China, visa reforçar o abastecimento de água à cidade de Malanje. Quem diria? Mais uma (boa) novidade.
Com a sua entrada em funcionamento, a capacidade de abastecimento de água à cidade passa de 575 para 1.295 metros cúbicos/hora, enquanto o número de consumidores sobe de 55 mil para 395 mil. Já as ligações domiciliares elevam-se de 10.500 para 22 mil.
No dia 4 de Agosto de 2017, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, inaugurou a maior barragem do país, em Laúca, e lançou a primeira pedra em Caculo Cabaça, que a vai superar, obras no rio Kwanza avaliadas em 7.500 milhões de euros. Ouviu também os seus acólitos resumirem a sua divina presença no mundo e que se pode definir na máxima: “Deus no céu, Dos Santos na terra”. Pouco depois os mesmos acólitos alteraram a máxima para “Deus no céu, João Lourenço na terra”.
De iniciativa do Estado, as duas barragens estão instaladas ao longo de cerca de 20 quilómetros do rio Kwanza, entre as províncias de Malanje e do Cuanza Norte, e representam as maiores obras públicas na liderança de José Eduardo dos Santos.
Nas duas cerimónias, além da inevitável corte de ministros e similares, o chefe de Estado teve ao seu lado o vice-Presidente, Manuel Vicente.
“Nunca lhe seremos suficientemente gratos, camarada Presidente”, observou, na sua intervenção oficial, em Laúca, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, naquela que foi a última grande obra inaugurada por José Eduardo dos Santos, enquanto chefe de Estado, passando a partir daí os submissos acólitos a divina possibilidade de beijar a mão de sua excelência o “novo escolhido de Deus” (general João Lourenço).
O Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo Cabaça (gémeos, na tradição local), comuna do município da Banga, na província do Cuanza Norte, será, dentro de cinco anos, a maior barragem em Angola, gerando 2.172 MegaWatts (MW) de electricidade. Cinco anos dava 2022, mas as novas contas remetem para 2026…
A obra, a quarta barragem na bacia do médio Kwanza, cuja primeira pedra foi lançada no dia 4 de Agosto de 2017, será construída, conforme contratação feita em 2015 pelo Governo angolano, pelo consórcio chinês CGGC (China Gezhouba Group Corporation) & Niara Holding, por 4.532 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros), com financiamento do Banco Comercial e Industrial da China.
Com 103 metros de altura máxima, a barragem vai armazenar 440 milhões de metros cúbicos de água e integrará uma central e um circuito hidráulico previstos para um caudal de 1.100 metros cúbicos de água a debitar por segundo, entre quatro grupos geradores.
Segundo o então e actual ministro João Baptista Borges, trata-se de um “grande projecto” nacional para Angola atingir a meta de 9.000 MW de capacidade instalada em todo o país até 2025.
Além do sistema de abastecimento da região norte, que inclui Luanda, entre outras províncias, Caculo Cabaça permitirá, através da interligação das redes centro e sul, a exportação de electricidade para países como a Namíbia ou África do Sul.
“Não nos podemos esquecer que estamos numa região em que o nosso país é um dos que de mais recursos energéticos primários dispõe, sobretudo a água”, sublinhou anteriormente João Baptista Borges.
Depois de Caculo Cabaça, a 270 quilómetros de Luanda, José Eduardo dos Santos presidiu à inauguração do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, cujo primeiro grupo gerador entrou naquele dia, oficialmente, em serviço, debitando na rede nacional os primeiros 334 MW de electricidade.
Em plena barragem de Laúca, província de Malanje, o Ministério da Energia e Águas aproveitou a presença de José Eduardo dos Santos para descerrar um busto do chefe de Estado, como homenagem. Quem diria que tão rapidamente passaria de bestial a besta por ordem superior do general João Lourenço.
A então merecida homenagem (busto) só peca por não ser original e, por isso, fazer parte de inaugurações similares praticadas nas mais avançadas democracias do mundo, nas quais o MPLA se inspira: Coreia do Norte e Guiné Equatorial.
Trata-se de uma obra (não o busto, mas a barragem) que arrancou em 2012, a cargo da construtora brasileira Odebrecht, que ainda subcontratou várias empresas de origem portuguesa, casos da Somague Angola, Teixeira Duarte, Epos, Tecnasol e Ibergru, com mais de 250 trabalhadores, além de 130 empresas angolanas.
Considerada a maior obra de engenharia civil de sempre em Angola, e a segunda maior barragem em África, servirá para abastecer oito milhões de pessoas, chegando – foi então garantido – em 2018 às províncias do centro do país, como o Huambo e Bié.
Foi encomendada por 4,3 mil milhões de dólares (3,6 mil milhões de euros), envolvendo financiamento da linha de crédito do Brasil e movimentou, nas várias fases, cerca de 13.000 trabalhadores.
Desde 11 de Março de 2017 – na altura também na presença do chefe de Estado -, que o enchimento em Laúca condicionou a operação nas restantes barragens do rio Kwanza, devido ao reduzido caudal, limitando o fornecimento de electricidade da rede pública a Luanda, por norma, a poucas horas por dia.
Com um volume de água de albufeira de mais de 2.500 milhões de metros cúbicos, o enchimento da barragem de Laúca só terminaria em 2018, com a elevação até à quota 850, completando o reservatório na sua totalidade.
Nessa altura estava previsto entrarem em funcionamento as seis turbinas instaladas, totalizando 2.070 MW de electricidade, mais do dobro da capacidade das duas barragens – Cambambe (960 MW) e Capanda (520 MW) – já em funcionamento no rio Kwanza.