O Secretariado do Bureau Político do MPLA, sob a superior orientação da ex-serviçal de José Eduardo dos Santos, Luísa Damião, encoraja o Executivo liderado por João Lourenço, a reforçar as medidas para garantir a estabilidade macro-económica e financeira do país, apostando fortemente no sector social e na diversificação da economia nacional e no aumento da produção interna de bens e serviços”.
O “Secretariado do Bureau Político do MPLA aproveitou para denunciar as campanhas contra a dignidade e honra do Camarada Presidente, condenando veementemente todas as manobras de diversão visando desacreditar as medidas no âmbito do combate contra a corrupção e a impunidade”.
Diz o MPLA que a “efectivação da entrega das carteiras profissionais aos jornalistas angolanos, considerado o facto um marco importante para a valorização e dignificação da actividade jornalística que, ao serviço dos interesses da Nação e dos cidadãos, reforça o sentido de salvaguarda da pluralidade de ideias e liberdade de expressão, pilares do Estado Democrático e Direito”.
Compreendendo e incentivando a pureza e brilhantismo das intervenções de Luísa Damião, aqui deixamos o esboço (eventualmente já a versão final) da intervenção da vice-presidente no próximo congresso do MPLA:
«Trazemos para todos vós uma saudação fraterna, da Direcção do MPLA, dos seus militantes e simpatizantes que formulam votos de sucesso nos trabalhos do vosso Congresso.
A realização deste Congresso é mais um exercício de democracia no seio do MPLA, pois sabemos que todos os militantes representados pelos delegados aqui presentes participaram com as suas opiniões e sugestões nas matérias agendadas para este Congresso, sempre na perspectiva de tornar o MPLA mais coeso, mais interventivo, mais influente e mais firme na defesa dos ideais do nosso herói nacional o Dr. Agostinho Neto e dos principais interesses das classes trabalhadoras angolanas.
Permitam-me Camaradas, exprimir aqui a nossa grande admiração pela forma como ao longo dos anos da sua existência e principalmente depois do 25 de Abril, o MPLA mantem-se coeso, não vacila ante as adversidades e com firmeza defende os interesses mais sublimes dos trabalhadores angolanos.
O actual cenário político em Angola confere ao MPLA mais responsabilidades no âmbito de entendimentos políticos que lhe permite participar de forma mais directa nas principais decisões políticas do estado angolano. Aí, temos testemunhado a coerência na defesa dos princípios e dos valores defendidos pelo MPLA.
O nosso encorajamento, Camaradas.
Esta firmeza e esta coerência é perceptível igualmente na relação, na empatia, na fraternidade e solidariedade que o MPLA manifesta ao povo angolano e para com o próprio MPLA. Em todos os momentos da nossa história sentimos a vossa presença solidária, a vossa amizade sincera e fraterna.
Como sabem camaradas, a independência de Angola conquistada há 45 anos, depois da grande epopeia dos capitães de Abril e da luta de libertação liderada pelo MPLA, o país foi forçado a enfrentar uma guerra fratricida desenvolvida principalmente por forças estrangeiras que vieram em socorro dos seus servidores angolanos, a UNITA e outros comprometidos em instalar uma independência de fachada. Foram 27 anos de conflito armado cuja consequência foi a morte de milhares de filhos de Angola, a destruição completa das infra-estruturas, desestruturou famílias e inviabilizou qualquer perspectiva de desenvolvimento do país.
Há 21 anos alcançamos a paz, uma paz conseguida por nós mesmos e de imediato lançamo-nos para um exigente programa de reconstrução nacional e reconciliação nacional.
Era necessário desminar, reorganizar, reequipar e reconstruir. Era preciso reconstruir fisicamente quase tudo e curar as feridas do conflito. O país ressurgiu dos escombros e os indicadores económicos e sociais que se seguiram são excelentes.
Simultaneamente com a recuperação das infra-estruturas, fizemos uma grande aposta na formação das pessoas. O país precisa de cidadãos preparados, formados e qualificados para assegurar o seu desenvolvimento sustentável. Esta é, no nosso entender, a forma sustentável de distribuição da renda nacional e construir o futuro seguro. Permitam-nos que partilhemos com todos os camaradas algumas cifras que reputamos de extrema importância para as opções que fizemos e que constituirão a base do desenvolvimento e de luta contra a pobreza.
Quando alcançamos a paz, em 2002, o país tinha cerca de 14 mil estudantes universitários e pouco menos de 4 milhões de crianças matriculadas no sistema de ensino básico público. Hoje temos cerca de 230.490 estudantes universitários e mais de 8 milhões de crianças matriculadas no sistema básico público.
Gizamos um ambicioso programa habitacional, com o objectivo de oferecer melhores condições de habitabilidade e consequentemente de fornecimento de água potável e energia eléctrica as populações. Em todo país, foram erguidas centralidades habitacionais e hoje no quadro de um programa que daremos continuidade, estão concluídos 103.662 fogos habitacionais e 104.317 lotes para auto construção dirigida.
Os investimentos feitos em sectores estruturantes permitiram por exemplo a conclusão do alteamento a barragem de Cambambe que permitiu já passar dos 180 para 780 megawatts, a construção de raiz da Barragem de Laúca com uma capacidade de 2067 megawatts, bem como a construção da Central do Ciclo Combinado do Soyo, que fará o aproveitamento do gás para gerar uma potência de 750 megawatts.
Convidamos pois os camaradas a reflectirem sobre o impacto que estes investimentos terão num futuro breve, em termos de desenvolvimento do país, mormente da industrialização do pais, do desenvolvimento agrário e da produção alimentar e de outros sectores que no quadro da diversificação da economia se revelem importantes.
A crise financeira que assolou o mundo em consequência da baixa vertiginosa do preço do petróleo, o principal produto de ingressos financeiros, atingiu duramente a economia angolana e provocou o abrandamento da dinâmica que esta registava.
Sempre tivemos consciência de que o país não deveria depender exclusivamente de um produto ou de um sector e na ocasião já trabalhávamos num programa de diversificação da economia, com apostas noutros sectores, nomeadamente no sector mineral, industrial, agrário, pescas, turismo e outros.
O choque da crise impôs-nos uma maior dinâmica no programa de diversificação da economia. Alguns dos programas estão a produzir agora os seus resultados.
Reconhecemos no entanto, que os desafios ainda são enormes, principalmente no domínio da produção dos produtos básicos e na prestação de alguns serviços. Estes são os nossos desafios, os desafios para os quais o nosso Partido está focado, comprometido e mobilizado.
Não há milagres para inverter o actual quadro económico e social de Angola. Há trabalho reservado para todos angolanos e para os estrangeiros que escolheram o nosso país para viver ou para investir e trabalhar.
Angola é esta que os angolanos e gentes de tantas outras nacionalidades escolheram para viver ou trabalhar e erguem com trabalho, sacrifício, sabedoria e honestidade.
Angola não é apenas as imagens que alguma comunicação tendenciosa escolhe para mostrar, nem o que é dito por meia dúzia de angolanos, pagos para promover a intriga política, denegrir o seu próprio país e as suas instituições e servir outros interesses e não ao dos angolanos.
As delegações de outros Partidos e de outros países que nos visitaram muito recentemente, viram aquilo que não interessa mostrar em alguma imprensa portuguesa, porque o que interessa é mostrar o que não está bem e que assumimos como os nossos desafios, que estamos determinados em superar.
Não podemos desassociar este exercício de alguma imprensa do facto de que Angola vai realizar eleições novas eleições e aqueles que não têm a capacidade para conceber um programa sério, de mobilizar o povo e dar garantias de capacidade de execução com seriedade, necessitam desta muleta, destes biscatos que num futuro serão pagos com negociatas que nada beneficiam o nosso povo.
O povo angolano sabe bem quem está comprometido com a defesa e a realização dos seus sonhos.
Quando nos referimos à nossa história, dura, de muitos sacrifícios e da solidariedade que beneficiamos, não nos podemos esquecer de Cuba de Fidel Castro e do seu incomparável legado de amizade, solidariedade, internacionalismo, devoção as causas dos povos oprimidos e que fez de Cuba uma referência nos domínios da educação, saúde, investigação científica, entre outras áreas do saber.
Que a sua alma descanse em paz e os que os seus legados vivam para sempre entre nós. A melhor forma de honrarmos a sua memória é trabalhar para termos um mundo mais justo e mais humano.
Termino, augurando os melhores sucessos para os trabalhos do nosso Congresso, saudando antecipadamente o Comité Central e outros órgãos que serão eleitos, e reiterando o interesse do MPLA em continuar nesta senda de uma amizade profunda e sincera.»
Nota: Com ligeiras alterações de contextualização, o texto aqui reproduzido é mesmo de Luísa Damião e corresponde à sua intervenção no Congresso do Partido Comunista Português, em 4 de Dezembro de 2016, em Almada (Portugal).