“Procultura” para PALOP e Timor

O Instituto Camões escolheu o Dia da Música para apresentar hoje um “projecto inédito” que pretende criar 800 novos empregos nas áreas da música, artes cénicas e literatura infanto-juvenil nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e Timor-Leste, metade dos quais para mulheres.

A iniciativa, hoje apresentada em Lisboa, vai permitir, pela primeira vez, que entidades de direito público ou privado a operar no sector cultural nos PALOP e Timor-Leste se candidatem a subvenções até 7,8 milhões de euros.

“É um projecto pioneiro, os olhos europeus estão em nós”, afirmou o presidente do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos, durante a sessão de lançamento de subvenções do Projecto “Procultura” e do Portal “Futuros Criativos”.

O “Procultura” visa a criação de emprego em actividades geradoras de rendimento na economia cultural e criativa nos PALOP e em Timor-Leste através do reforço de competências técnicas, artísticas e de gestão de recursos humanos do sector.

Contempla ainda o apoio técnico e financeiro para reforço de produtos e serviços culturais.

A acção – financiada pela União Europeia, gerida pelo Camões e co-financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian – vai contemplar a criação de 12 cursos técnicos, dois em cada país, dos quais resultarão 300 alunos finalistas, 208 bolseiros internacionais, 420 gestores formados e 180 pequenos negócios.

Para uma maior difusão e comercialização da música e artes cénicas, o projecto terá 24 iniciativas de empreendedorismo e seis a 12 grandes projectos de desenvolvimento.

Na área da literatura infanto-juvenil existirão três a seis grandes projectos editoriais e a formação de 480 educadores e professores.

A iniciativa pretende contribuir para o reforço da economia criativa e cultural nos PALOP e em Timor-Leste, incentivar a profissionalização e transformação do sector cultural num vector dinâmico de desenvolvimento, emprego e inclusão, promover e favorecer a empregabilidade das mulheres e dos jovens.

Numa altura em que a pandemia de cCovid-19 está a afectar de uma maneira especialmente intensa o sector cultural em todo o mundo, Luís Faro Ramos disse esperar um elevado número de candidaturas, tendo em conta o valor “significativo” dos apoios.

“Estranharia se não existissem muitas candidaturas”, afirmou aos jornalistas, à margem da sessão de apresentação do programa, recordando que estas podem ser feitas através do ‘site’ do Camões.

Para o diplomata, “a aposta de juntar cultura e desenvolvimento é uma aposta ganha”.

Ausente por se encontrar na reunião do Conselho de Ministros, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, manifestou o apoio à iniciativa através de uma mensagem gravada, sublinhando a sua filosofia: “Apoiar o desenvolvimento económico nestes PALOP e Timor-Leste através de actividades culturais e do emprego que essa riqueza produz”.

A directora do Programa Gulbenkian Parcerias para o Desenvolvimento, Maria Hermínia Cabral, também presente na sessão, destacou o facto do “Procultura” não se ter “centrado exclusivamente no ‘cluster’ da economia criativa e incluir também medidas dirigidas especificamente à qualificação dos artistas e dos criadores”.

“A importância destas medidas, com apoios sobre a forma de bolsas, é óbvia, pois contribuirá para o fomento e consolidação do sector cultural nos países terceiros, para a sua profissionalização, a criação de redes entre os vários países e a circulação e internacionalização de muitos artistas”, disse.

O embaixador de Moçambique em Portugal, Joaquim Bule, disse não ter dúvidas de que o projecto contará com muitas candidaturas moçambicanas, recordando que este país “dá muita importância à cultura”, entendendo-a como “um elemento indispensável e motor do desenvolvimento humano”.

As candidaturas ao “Procultura” podem ser apresentadas até 9 de Novembro.

Lusa

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