Cabo Verde aposta nos chafarizes amovíveis

Cabo Verde vai investir 400 mil euros no reforço do abastecimento de água na ilha de Santiago face à seca prolongada, recorrendo a chafarizes amovíveis e autotanques, no âmbito das medidas contra a pandemia da Covid-19.

O investimento, aprovado em resolução de Conselho de Ministros, é justificado pela necessidade de “medidas extraordinários e urgentes de reforço da distribuição de água fora da rede nas zonas rurais da ilha de Santiago”, que concentra mais de metade (56%) da população do país.

“De forma a colmatar a penúria de água potável por que passa a população na decorrência da seca prolongada e satisfazer as exigências acrescidas de higiene individual e colectiva, no quadro da luta contra a pandemia do novo coronavírus – a Covid-19”, lê-se na resolução.

Entre as intervenções, que vão servir mais de 20 mil habitantes de oito municípios, contam-se a construção e instalação de 18 chafarizes amovíveis (totalizando 32), a reabilitação de equipamentos e infra-estruturas existentes de apoio à distribuição de água e o reforço da frota de camiões autotanques, com 13 viaturas, mobilizando para o efeito operadores privados.

Todas as intervenções ficam a cargo da empresa pública Águas de Santiago, que terá ainda de mobilizar água potável adicional através do reforço da dessalinização e “negociação com empresas privadas”.

O investimento de 45 milhões de escudos (406 mil euros) destina-se a “complementar os esforços de investimento” da empresa Águas de Santiago e será mobilizado com recurso a crédito bancário e “cuja amortização tem suporte do Estado, através do Fundo do Ambiente”.

Além disso, estabelece a mesma resolução, é autorizado o adiantamento da verba necessária a partir do Fundo Nacional de Emergência e criada uma Equipa Técnica de Pilotagem para implementar as intervenções urgentes.

Cabo Verde vive uma “seca severa” desde 2017, com “redução drástica da disponibilidade de água” nas reservas subterrâneas da ilha de Santiago, que caiu para 49 litros de água diários por pessoa, “manifestando-se através da diminuição dos caudais ou mesmo falência de muitos furos e nascentes”, condicionando o abastecimento às populações.

O país regista actualmente 55 casos de Covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (51), Santiago (3) e São Vicente (1). Um dos casos da Praia (Santiago) já foi considerado como recuperado da doença e o primeiro caso do país, registado em 19 de Março na ilha da Boa Vista, terminou na morte do turista inglês, de 62 anos.

“Um conjunto de investimentos foram previstos neste sentido e o processo de sua implementação está em curso. Entretanto, o surgimento da pandemia do novo coronavírus, a Covid-19, veio agravar ainda mais a situação, impondo novas exigências e maior urgência na realização destes investimentos”, justifica a resolução do Conselho de Ministros.

Cabo Verde cumpre hoje 19 dias, de 20 previstos, de estado de emergência para conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais fechadas e todas as ligações inter-ilhas e para o exterior suspensas.

Entretanto, o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, anunciou hoje que vai pedir a prorrogação do estado de emergência em todo o arquipélago, declarada desde 29 de Março devido à pandemia de Covid-19, mas diferenciada entre ilhas.

“Decidi, entendi por bem, prorrogar o estado de emergência em todo o território nacional, pelo que já solicitei a necessária autorização da Assembleia Nacional”, anunciou hoje o chefe de Estado, numa mensagem ao país em que comunicou que nas ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente, todas com casos de Covid-19, o estado de emergência será prorrogado até às 24:00 de 2 de Maio. Nas restantes sete ilhas, sem casos diagnosticados de Covid-19, a prorrogação do estado de emergência será mais curto, até às 24:00 de 26 de Abril.

Na mensagem, Jorge Carlos Fonseca assumiu que é “fundamental manter e reforçar a postura de prevenção” à doença, sublinhando que a “situação é muito grave e séria, ainda marcada por muitas incertezas” e que nesta fase “não se pode deitar tudo a perder”.

“Os riscos de pandemia continuam elevados”, alertou o Presidente da República.

A declaração do estado de emergência, bem como a sua prorrogação, é feita pelo chefe de Estado, após aprovação da Assembleia Nacional, que terá de reunir para o efeito, cabendo depois ao Governo aprovar um decreto-lei para regulamentar as medidas previstas.

Lusa

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