Vingança servir-se-á fria?

Não tenho dúvidas nenhumas que se as eleições presidenciais de Angola dependessem dos votos dos portugueses ou até dos restantes habitantes do planeta Terra incluindo os africanos, JLo ganharia com percentagens estalinistas tal a forma eficiente como a máquina propagandista emepeliana trabalha.

Por Brandão de Pinho

Todavia para já e até ver – mesmo que porventura nem todos possam poder exercer o direito de voto nas autárquicas – só os angolanos inscritos nos cadernos eleitorais poderão participar no escrutínio para eleger o próximo presidente da República de Angola.

Muitas vezes coloco-me a questão quando estou com as minhas coisas se devo perdoar e dar a outra face como Cristo, ou, se devo comportar-me como um maquiavélico mafioso siciliano e jamais desculpar e absolver, aguardando o momento certo para me vingar da forma mais dolorosa para o prevaricador.

Uma coisa é certa. Nestas questões o meio-termo é sinal de cobardia e fraqueza. Nelson Mandela e Ghandi perdoaram e com isso permitiram que se formassem grandes países.

Outra coisa certa será que a longo prazo, o desejo de vingança trará prejuízos e desperdícios de energia que farão falta para outras coisas.

Pode-se perdoar e tomar medidas para que o infractor não tenha mais oportunidades de causar-nos mal que despoletasse o nosso desejo de vingança.

João Lourenço é vingativo. É maquiavélico. E definitivamente perdoar não consta no seu dicionário. Aliás aqui há tempos numa entrevista a um órgão de comunicação social português deu o exemplo do que fez Israel aos nazis e aos terroristas dos Jogos Olímpicos de Munich.

Esta perseguição sistemática, reflexo do espírito sionista, ao clã Dos Santos – nomeada e mormente ao seu patriarca e aos poucos elementos do seu círculo fechado de familiares e amigos que não foram vendidos nem bandidos vira-casacas como cata-ventos ao sabor das recentes correntes eólicas, como foi e é o caso do General Kopelipa – já atingiu um ponto indigno de um país civilizado.

Para piorar as coisas, como bem explanou William Tonet num recente artigo no Folha 8 a magistratura no Quadrado não é nada independente, pelo contrário é subserviente ao poder executivo, pelo que não é de estranhar os atropelos semanais à lei de que são vítimas, de facto ou potenciais, os correligionários de Dos Santos.

Concentremo-nos só na Isabel dos Santos.

A inveja e a tendência de menorizar o sucesso alheio é característica comum de portugueses e angolanos de tal forma que ao invés dos palancas se regozijarem pelas excepcionais capacidades empresariais e intelectuais da soviete-angolana, os angolanos, mais, e, os portugueses, menos, atribuem-lhe o sucesso à relação – necessariamente privilegiada – que tinha com o ex-presidente o que não deixa de ser um raciocínio falacioso pois da imensa prole e demais familiares só mesmo a esposa do filantropo congolês e amante das artes, conseguiu atingir tal nível de exuberância e opulência ao ponto de ser considerada SÓ e APENAS a mulher mais rica de África.

Isabel dos Santos antes de ser exonerada – pelo Exonerador Implacável – da Sonangol estava a fazer um trabalho verdadeiramente excepcional e a estancar perdas relacionadas com clientelismos e vícios instalados em 4 décadas de emepelianismo cujos militantes tinham por hábito mamar nas suas numerosas e fartas tetas.

Vi há pouco um índice qualquer onde constavam os 100 africanos mais influentes dos quais muito naturalmente o sul-africano Musk da Tesla, o Nobel da Medicina congolês e o sudanês Mo Ibraim. Também falaram das mulheres mais influentes, de várias. Mas curiosamente nem uma pequena alusão a Isabel dos Santos que em 2015 apareceu no Top 100 da BBC como uma das pessoas mais influentes do MUNDO.

Há 2 ou 3 anos o conceituado site Politik considerava-a uma das mais influentes personalidades políticas na Europa sobretudo pelas posições diversas e valiosas que tinha em Portugal.

Toda a gente sabe os negócios desde ovos a clubes nocturnos onde a primogénita de José Eduardo começou a demonstrar a sua veia empresarial, mas talvez muita gente não saiba que em 2009 adquiriu uma posição no BPI (de Portugal) e 8 anos mais tarde vendeu-a aos espanhóis com um lucro de mais de 80.000.000 de euros num negócio perfeitamente legal e documentado sem jogadas e trafulhices como há muitas quer em Angola quer em Portugal.

Ainda há algumas semanas Orlando Castro, no Folha 8, descreveu a importância da empresária azeri natural de Baku pela posição dominante na Unitel e pela forma extraordinariamente eficiente como essa empresa de telecomunicações era gerida e influente, e, reconhecida internacionalmente.

Já ao General Kopelipa tentaram imputar-lhe situações menos legais relacionadas com a empresa Biocom – empresa cujos padrões são de excelência a todos os níveis e um verdadeiro exemplo para Angola – mas quer capitais sociais quer empréstimos necessários estavam rigorosamente documentados e dentro da lei pelo que a montanha judicial pariu… um rato.

É curioso e triste de certa forma que quer Isabel quer Kopelipa façam parte do núcleo duro de Eduardo dos Santos e como tal conotados como marimbondos perigosíssimos e alvos a abater. Mas é muito triste que Isabel dos Santos se veja obrigada a estar longe da sua pátria devido à possibilidade real de represálias que mais não são do que vinganças encapotadas e encomendadas por aquele senhor dono disto tudo inclusivamente dono da justiça e suas instituições.

Mas os tentáculos de JLo chegam também a Portugal e este, através de uma ministra luso-angolana, obrigou o Ministério Público lusitano a acocorar-se a João Lourenço talvez porque haja marimbondos de primeira e outros de segunda.

Desta forma compreende-se que SAR João Lourenço tenha encarcerado (apesar de o seu poder ser só executivo) um putativo aspirante ao trono do clã Dos santos e o seu lacaio Jean Claude, para reforçar os parcos cofres da pátria e o seu erário tão vorazmente delapidado pelos verdadeiros marimbondos. Parece que foi um processo impróprio de um estado de bem e que demonstrou a fragilidade e fraqueza da Justiça Angolana.

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