A moeda angolana depreciou-se hoje ligeiramente para um mínimo histórico face à europeia, ao ser transaccionada oficialmente a 355,737 kwanzas/euro, “batendo” os 355,047 kwanzas/euro registados a 20 de Novembro de 2018, indica hoje o Banco Nacional de Angola (BNA).
Segundo os dados do banco central, a moeda angolana, que se tem mantido estável nos últimos dois meses, variando entre os 350 e os 354 kwanzas/euro, continua com essa tendência, depois de, já este mês, ter oscilado entre os 352 (dia 4 de Janeiro) e 354 kwanzas/euro (dia 2).
Desde 9 de Janeiro do ano passado, dia em que começaram as vendas de divisas em leilão aos bancos comerciais, primeiro trissemanais e actualmente diárias, a moeda angolana depreciou-se 47,854%, pois transaccionava-se, então, a 185,40 kwanzas/euro.
Em relação à moeda norte-americana, o kwanza mantém a tendência de estabilidade, embora se tenha depreciado ligeiramente face à cotação de sexta-feira, quando se vendia a 310,473 kwanzas/dólar, transaccionando-se hoje a 310,737 kwanzas/dólar.
A moda angolana mantém-se há duas semanas consecutivas na casa dos 310 kwanzas/dólar, embora tenha desvalorizado 46,604% desde Janeiro do ano passado, quando se transaccionava a 165,920 kwanzas/dólar.
A 2 deste mês, o BNA indicou que vai disponibilizar em Janeiro 700 milhões de dólares (610 milhões de euros) em moeda estrangeira aos bancos comerciais, mantendo a frequência diária de leilões de preços na venda de divisas.
No primeiro comunicado de 2019, o banco central angolano referiu que a venda de divisas se destina a garantir os “plafonds” para cartas de crédito, a liquidação de cartas de crédito e o atendimento às casas de câmbio e às operadoras de remessas.
Após cada sessão, o BNA divulgará, no seu portal institucional, o montante disponibilizado, o número de participantes, as taxas de câmbio máxima e mínima admitidas, bem como a taxa de câmbio média resultante da sessão.
Acabadas as sessões de venda trissemanais de divisas em leilão aos bancos comerciais, iniciadas a 9 de Janeiro de 2018, o BNA está desde 1 de Novembro a proceder a operações diárias, tendo, em Dezembro, colocado no mercado primário 1.450 milhões de dólares (1.260 milhões de euros).
A tendência de estabilidade do kwanza foi explicada a 2 de Dezembro de 2018 pelo administrador do BNA, Castro e Silva, que garantiu, então, que a pressão sobre as divisas em Angola terminou, após as medidas que geraram uma maior previsibilidade no mercado cambial e de uma melhor comunicação com os bancos comerciais.
Segundo Castro e Silva, o BNA já consegue atender ao que os bancos comerciais pedem em divisas, o que tem estabilizado a moeda.
“Vamos manter este curso de actuação da política cambial até Dezembro. Aquilo que tínhamos de fazer no âmbito do Programa de Estabilidade Macroeconómica (PAM), que era uma maior liberalização da taxa de câmbio, já fizemos. Esta tarefa está cumprida e já não temos mais nenhum ajustamento a fazer”, sublinhou.
Castro e Silva disse acreditar que, nos próximos tempos, a tendência será a de Angola entrar numa fase em que a moeda nacional “vai assumir comportamentos como se vêem nas outras moedas”, com movimentos de depreciação, quando a procura for maior que a oferta, e de apreciação, quando suceder o contrário.
“As medidas tomadas geraram previsibilidade e uma maior comunicação com os bancos comerciais, o que acabou por gerar um efeito positivo. Os bancos hoje sabem que, se não comprarem na segunda-feira, têm mais quatro sessões de leilões do BNA. Esta pressão sobre as nossas divisas terminou e o facto de o BNA estar a atender justamente àquilo que os bancos estão a procurar tem contribuído para que a taxa de câmbio se encontre mais estável”, referiu.
“Desde o início do ano que o banco central assumiu o compromisso de fazer um ajustamento cambial. Esse compromisso incluía a depreciação da moeda nacional, para que reflectisse fielmente a relação que existe entre a procura e a oferta. Tivemos maiores depreciações da moeda nacional porque, nessa altura, o desequilíbrio era mais acentuado entre a procura e a oferta”, explicou.
E a inflação veio para ficar
Segundo o relatório mensal do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, os preços em Angola aumentaram 1,31% entre Outubro e Novembro, tendo a inflação acumulada a 12 meses subido para 18,36%.
Segundo o mesmo relatório, o Índice de Preços no Consumidor Nacional de Novembro baixou face aos 1,39% de Outubro, mas a diminuição não foi suficiente para atenuar a subida acumulada dos últimos 12 meses
Assim, a inflação no acumulado de 12 meses passou de 18,04% para 18,36% (Dezembro a Novembro), afastando-se dos 18% previstos pelo Governo angolano para os 12 meses (Janeiro a Dezembro).
Inicialmente, o Executivo previa uma inflação de 28,8% para todo o ano de 2018, previsão entretanto revista em baixa, para 18%, na proposta de lei do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2019.
Para cumprir esta meta, a inflação no mês de Dezembro não poderá ultrapassar 1,04%, valor (mensal) que não se verifica desde Novembro de 2017.
De acordo com o INE, o principal sector a influenciar o IPCN em Novembro foi a “Saúde”, com uma variação mensal de 1,91%, seguindo-se os sectores “Vestuário e Calçado”, com 1,79%, “Lazer, Recreação e Cultura”, com 1,70%, e “Bens e Serviços Diversos”, com 1,69%.
O aumento de preços foi liderado pelas províncias de Bengo (2,10%), Zaire (1,91%), Moxico (1,60%) e Uíge (1,50%), enquanto as províncias com menor variação foram Namibe (0,89%), Bié (1,10%), Huambo (1,12%) e Lunda Sul, Huila e Cuanza Norte (todas com 1,15%).
Em 2016, a inflação em Angola (12 meses) chegou a 41,12% e no ano seguinte desceu para 23,67%.
Folha 8 com Lusa