Cultura (não) tem dono?

A ministra da Cultura de Angola, Carolina Cerqueira, pediu hoje “maior criatividade” aos agentes culturais no intuito de proporcionarem ao público um “produto cultural de qualidade que engrandeça a cultura nacional”.

A governante falava aos jornalistas, em Luanda, no final de uma cerimónia de deposição de uma coroa de flores junto ao busto do primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto, no âmbito do Dia Nacional da Cultura Nacional, que hoje se assinala.

Para Carolina Cerqueira, a valorização, preservação e divulgação da cultura angolana é uma acção que deve ser conjugada com a produção de bens com a qualidade desejável para o mercado interno e externo.

Daí, acrescentou, “deve-se proporcionar ao público o acesso ao produto cultural de qualidade, razão pela qual os criadores e agentes culturais devem, acima de tudo, olhar para o factor qualitativo como fundamental para a cultura angolana”.

O Dia da Cultura Nacional de Angola foi instituído em 1986, devido ao discurso pronunciado pelo primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto, em 1979, na tomada de posse dos corpos gerentes da União dos Escritores Angolanos (UEA). A data foi aprovada pelo decreto nº21 e publicado no Diário da República nº 87, I série, de Novembro de 1986.

Em 1979, na versão oficial e única do MPLA, “o insigne homem de Cultura, o poeta e Presidente Agostinho Neto, durante a tomada de posse dos corpos gerentes da UEA fez uma abordagem sobre a Cultura Nacional, que, de então a esta parte, passou a ser referência fundamental em todas as discussões sobre a problemática da Cultura angolana”.

Em reconhecimento ao seu pensamento, relativamente aos problemas que se prendem com a Cultura Nacional, e à importância que a cultura tem como um dos elementos constituintes do substrato da unidade nacional e factor essencial na afirmação da soberania do país e promoção do desenvolvimento, foi instituída a data.

Exposições, palestras, conferências, teatro, dança e espectáculos musicais estão programados em Angola para a assinalar o Dia da Cultura Nacional.

Entretanto, a Biblioteca Nacional de Angola promove a partir de hoje, terça-feira, no seu espaço, em Luanda, uma mostra bibliográfica sobre a etnografia angolana, no âmbito do Dia da Cultura Nacional.

Trata-se de uma amostra, de acordo com o director-geral da instituição, João Pedro Lourenço, destinada a chamar a atenção dos estudantes para os factos que marcaram e continuam a marcar a história de Angola.

O acervo exposto faz parte de uma colecção de mais de 100 mil exemplares que se encontram nos arquivos da biblioteca. A exposição que ficará patente até ao dia 12 do corrente mês.

João Pedro Lourenço informou que a biblioteca conta com livros produzidos desde a época colonial até aos dias actuais e que retratam a história nacional em diferentes línguas nacionais e estrangeiras.

Quase sem espaço físico para os livros, o director fez saber que dentro em breve estarão em plataforma digital, destacando a necessidade de ser construída uma nova infra-estrutura, tendo em conta que o actual espaço está sem capacidade para a demanda do mercado. Em 2018, a biblioteca recebeu mais de 100 mil usuários.

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