CALOTE AOS ALFABETIZADORES JÁ DURA HÁ DOIS ANOS

ANGOLA. O Governo angolano assumiu hoje que não paga subsídios aos alfabetizadores há dois anos, o que justifica (como não poderia deixar de ser) com a “situação económica do país”, que “forçou” ainda a redução do número destes técnicos que são subsidiados pelo Estado.

A situação foi assumida pelo secretário de Estado para o Ensino Pré-Escolar de Angola, Joaquim Cabral, quando discursava hoje, em Luanda, na abertura do encontro que manteve com organizações religiosas para abordar a situação da alfabetização no país.

Segundo o governante, o processo de alfabetização, iniciado em 2012, com a execução do Plano Estratégico de Revitalização da Alfabetização, observou “constrangimentos de vária ordem originado pelo contexto de crise económica” que Angola vive desde finais de 2014.

“Com 24 meses de atraso no pagamento do subsídio aos alfabetizadores, fomos obrigados, em 2016, a reduzir o número de alfabetizadores subsidiados pelo Estado, de 19.600 para 9.516”, reconheceu.

Além dos pagamentos aos técnicos, acrescentou que a execução deste programa está a ser dificultada pela “falta de recursos financeiros para aquisição de manuais”.

Revelou que faltam, igualmente, recursos para “realização de seminários nacionais de formação de professores”, situação que motivou o apelo ao concurso das igrejas e da sociedade civil na busca de mecanismos para inverter a situação.

“Diante destes desafios entendemos que a sociedade civil, de uma forma geral, e as igrejas, em particular, têm um importante papel para o alcance das metas preconizadas pelo executivo neste quesito”, referiu.

Durante a sua intervenção, Joaquim Cabral sublinhou que este encontro “marca a aliança e a reafirmação do Estado com as igrejas”, tendo na ocasião realçado que a taxa de analfabetismo em Angola baixou de 85% em 1975 para 34% em 2014.

“Este resultado só foi possível graças a intervenção de vários atores dos quais as igrejas se destacam”, apontou, acrescentando que “cerca de 25% da população adulta”, maioritariamente mulheres, das zonas rurais, “ainda é analfabeta”.

Folha 8 com Lusa

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