Brasil traz a Luanda o Museu da “nossa” Língua

Uma exposição itinerante do Museu da Língua Portuguesa, do Brasil, foi apresentada hoje em Luanda e estará patente ao público angolano até 3 de Agosto, para “mostrar a história e diversidade” desta língua, falada em cinco continentes. Aliás, a própria CPLP tem um membro em que duas (2) ou três (3) pessoas falam… português!

Denominada “A Língua Portuguesa em Nós”, a exposição é uma iniciativa da Embaixada do Brasil em Angola e do Centro Cultural Brasil – Angola (CCBA), e propõe “diálogos e troca dos falares de Angola”, para fazerem parte do acervo do Museu em reconstrução em São Paulo, Brasil.

Em conferência de imprensa, a organização informou que a exposição foi organizada em quatro eixos temáticos – “Nós da Língua Portuguesa no Mundo, História da Língua Portuguesa no Brasil, Poesia e Prosa e Diálogos”.

De acordo com o embaixador do Brasil em Angola, Paulino Neto, a exposição itinerante do Museu da Língua Portuguesa do Brasil, em Luanda, “é o cumprimento de uma promessa feita às autoridades angolanas de apoiar o desenvolvimento da indústria criativa em Angola”.

“Além de mostrar a vertente brasileira do português, queremos também captar aqui em Luanda os falares dos angolanos, para o posterior registo em imagens e sons, para estarem à disposição em São Paulo, na sede permanente do Museu da Língua Portuguesa”, referiu.

A montagem da exposição, sublinhou o diplomata brasileiro, “a par de criar alguns postos de trabalho directos e indirectos, também significa partilha de conhecimento em indústria criativa”, tendo sido criados 100 empregos temporários.

Por sua vez, a representante do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo, Marina Toledo, assinalou o propósito da exposição na divulgação da língua portuguesa, falada em cinco continentes, entre elas “estreitar os laços de cooperação e amizade” entre os países falantes da língua.

“Levar também um conhecimento maior sobre o português falado em Angola, sobretudo os falares, porque não se consegue dissociar língua de cultura, porque a língua é construída a partir dos seus falantes e a cultura também se constrói a partir dessas expressões típicas de cada lugar”, adiantou.

Em Luanda, as actividades têm a coordenação artística do escritor angolano Ndalu de Almeida “Ondjaki”, tendo ainda como curador o escritor e jornalista angolano, José Luís Mendonça.

As “curiosidades” sobre a língua falada (isto é como quem diz) na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), nomeadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, estarão igualmente “patentes na exposição”.

Segundo ainda a organização, a exposição terá igualmente “intensa participação” de 30 jovens angolanos estudantes de Letras, Artes Visuais, Comunicação Social, Produção Cultural e áreas afins, que vão participar de “actividades e formação e actuarem como mediadores” das visitas educativas.

A exposição, actualmente ainda em exibição na cidade de Praia, Cabo Verde, chega agora a Angola e, depois de 3 de Agosto, será levada a Maputo, Moçambique.

E por falar nessa coisa (CPLP)

A secretária-executiva do elefante branco que se chama CPLP, Maria do Carmo Silveira, considerou há um ano (5 de Junho de 2017) “dignificante” e “bom para todos” a eleição da Guiné Equatorial para membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU, acrescentando que aquele país “falará pela CPLP e pelos seus Estados-membros”.

Maria do Carmo Silveira bem que poderia, à falta de melhor, ir brincar com os seus antepassados em vez de, num misto de ignorância e orgia canibalesca, teimar em gozar com a nossa chipala. É que a paciência tem limites e até a dos escravos está à beira de estoirar.

“É muito importante para a Comunidade de Países de Língua Portuguesa ver um dos seus membros ser eleito para o Conselho de Segurança da ONU. Dignifica a CPLP”, disse à Lusa Maria do Carmo Silveira, à margem de uma apresentação sobre o Fórum Económico Women In Leadership (Mulheres na Liderança), que decorreu no Dubai.

A Guiné Equatorial é membro da Comunidade dos Países de “Língua” Portuguesa (CPLP) desde Julho de 2014.

“Será bastante importante a CPLP ter um interlocutor a esse nível. Poderá falar pela organização e pelos seus Estados-membros”, disse a máxima responsável da Comunidade de Países de (suposta) Língua Portuguesa.

Para Maria do Carmo Silveira, esta é também “uma forma de o português” (que não se fala na Guiné Equatorial) “entrar e estar presente” no mais importante órgão das Nações Unidas. “Só pode ser bom para todos nós”, concluiu a senhora, certamente satisfeita por mostrar ao mundo que não sabe o que diz, ficando por saber se algum dia dirá o que sabe.

Foi a primeira vez que a Guiné Equatorial entrou no Conselho de Segurança – o que aconteceu com o apoio de 185 dos 193 Estados membros da organização. O Presidente do país, Teodoro Obiang Nguema, tomou o poder em 1979, através de um golpe de Estado, mantendo-se desde então em funções, sendo actualmente o ditador mais longevo do continente africano.

A Guiné Equatorial, como deveria saber Maria do Carmo Silveira, está há décadas na mira das organizações internacionais de defesa dos direitos humanos, que acusam o Governo de Obiang de praticar fraudes eleitorais e cometer graves atropelos contra os seus próprios cidadãos.

Os crimes de corrupção, violação dos direitos humanos e perseguição política figuram dos relatórios de várias organizações internacionais – que acusam o Presidente Obiang e a sua família de controlarem a riqueza do país.

Com apenas 700.000 habitantes, a antiga colónia espanhola registou nos últimos anos um grande crescimento económico, graças às enormes reservas de gás e petróleo descobertas no seu território, mas continua a ser um dos países do mundo com maior percentagem de pobreza e mortalidade infantil, curiosamente como acontece com Angola.

Para melhor se perceber a latrina em que se transformou a CPLP, recorde-se que – é só um dos muitos exemplos possíveis – o Governo da Guiné-Bissau chegou a anunciar a atribuição da sua principal condecoração nacional, a medalha Amílcar Cabral, ao Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema.

“A Guiné-Bissau e a Guiné Equatorial têm excelentes relações”, justificou Olívio Pereira, secretário-geral da presidência do Conselho de Ministros.

De acordo com aquele (ir)responsável, “Teodoro Obiang tem sido um estadista atento à evolução da situação politica na Guiné-Bissau, tendo manifestado a sua solidariedade com diversos governos e em diversas ocasiões com o povo da Guiné-Bissau”.

A atribuição da medalha é, assim, “um gesto de reconhecimento que o Governo liderado por Umaro Sissoco Embaló decidiu prestar-lhe”, acrescentou.

Mas nem todos gostam de chafurdar na porcaria. O antigo embaixador do Brasil junto da CPLP, Lauro Moreira, considera que a entrada da Guiné Equatorial no bloco lusófono é uma questão que envergonha a organização.

“É uma vergonha. Se não fossem suficientes os problemas que nós temos internamente, agora temos um problema que é pavoroso, porque é uma questão que envergonha a CPLP”, afirmou Lauro Moreira, que é presidente do Conselho Directivo do Observatório da Língua Portuguesa (OLP).

Para o antigo embaixador brasileiro junto da CPLP (2006-2010), o bloco lusófono já tem, por exemplo, “problemas seríssimos com a Guiné-Bissau, que é um país maravilhoso, que ao mesmo tempo tem óptimos quadros superiores, mas que agora está reduzido a um narco-Estado”.

“Este país (Guiné Equatorial) é pária na comunidade internacional”, sublinhou Lauro Moreira, acrescentando que Teodoro Obiang “reina em absoluto sobre um país que flutua hoje em petróleo e sobre uma população naufragada na maior miséria”.

É, de acordo com o diplomata, “um país desconsiderado pela comunidade internacional, isolado pela língua (o único a falar espanhol em toda a África), cuja história, cultura e comportamento nada tem a ver com os ideais que presidiram a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em 1996”.

Lauro Moreira afirmou que a CPLP ficou desfigurada com a estrada da Guiné Equatorial para o bloco lusófono, pois é “um país que nada fez na prática para merecer essa concessão a não ser introduzir às pressas o português como língua oficial, ao lado do espanhol e do francês, e acenar com os seus petrodólares de novo-rico”.

Folha 8 com Lusa

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