Porrada e prisões
prisões e porrada

Como testemunharam jornalistas do Folha 8, a polícia de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos, impediu pela força (muitos agentes estavam à civil) a manifestação de apoio aos activistas detidos, incluindo Marcos Mavungo, que deveria ter acontecido hoje em Luanda.

Com concentração prevista para o Largo Primeiro de Maio, os manifestantes esbarram contra os cordões policiais, fortemente armados, havendo registo de vários detidos e de muitas agressões. Em Benguela o resultado foi o mesmo.

Em Luanda, na esquadra da escola Ginga Mbandi foram brutalmente espancados os jovens Marley Ibrahim, Baixa de Cassange e Buka. Em Benguela estão detidos alguns, casos de António Pongoti, Avisto Botha, Augusto Kalupete e Leonel Casseça.

O MPLA, partido que está no poder em Angola há, “apenas”, 40 anos, e que obedece caninamente às ordens de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos, cumpre o que não diz oficialmente, mas sim o que está no seu ADN: mata primeiro e interroga depois. Dizendo-se vítima da “pressão” estrangeira devido á condenação dos jovens activistas, determinou que as suas forças policiais cerrassem fileiras em torno do rei, não admitindo que alguém seja contra… mesmo que só em pensamento. Hoje foi dada mais uma prova disso.

Sua majestade o rei José Eduardo dos Santos está no poder desde 1979. Quando ele pediu aos seus serviçais que cerrem fileiras à sua volta mostrou que até tem medo da própria sombra. E quando lhe dizem que há jovens que não são seus escravos a manifestar-se, a ordem é só uma: metê-los na cadeia e se ninguém estiver a ver integrá-los socialmente na cadeia alimentar dos jacarés.

Esta posição surge num comunicado do ‘bureau’ político do Comité Central do MPLA, após reunião orientada pelo líder do partido, Titular do Poder Executivo, Presidente da República e Rei, José Eduardo dos Santos, que o documento refere ser um dos visados da “atitude de pressão” de “círculos nacionais e internacionais” para libertação de “cidadãos formalmente acusados (e condenados) de actos preparatórios de rebelião, com o objectivo de derrubar, de uma forma anticonstitucional, o Governo legitimamente constituído em Angola”.

Em causa está sempre, hoje voltou a constatar-se isso mesmo, grupos de jovens com formação superior que, ao contrário da Constituição do regime, teimam em pensar pela própria cabeça, lutam para que o seu país seja uma democracia e um Estado de Direito. Tudo características terroristas que, é claro, não podem ser aceites por sua majestade o rei de um reino esclavagista.

O Governo de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos tem estado sob forte pressão internacional, com vigílias, manifestações e apelos públicos às autoridades e directamente ao rei para a libertação dos activistas.

Dizem os bobos da corte que o reino de Angola é um Estado independente e soberano, que “compete somente aos tribunais” administrar a Justiça “em nome do povo e sem prejuízo do princípio da presunção de inocência” e reafirmam a defesa da “aplicação da separação de poderes”.

Presunção de quê? Não está mal, sobretudo quando se sabe que de facto, de jure é diferente, o princípio vigente – novamente evidenciado hoje – é o de que até prova em contrário todos são… culpados.

Realçam ainda os bobos da corte a “total confiança” na “independência e imparcialidade do poder judicial do país, certo de que este não se deixará influenciar por qualquer mecanismo de pressão”, e no rei José Eduardo dos Santos.

Ou seja, “total confiança” no poder judicial que obedece, caninamente, ao presidente do MPLA, ao chefe do Governo, ao Presidente da República e ao Rei, por sinal a mesma pessoa, como mandam as regras das mais evoluídas democracias do mundo, a começar pela Coreia do Norte.

“O ‘bureau’ político do Comité Central dos bobos da corte (o MPLA) reitera o seu incondicional apoio ao chefe de Estado e titular do poder executivo, Presidente da República e Rei, José Eduardo dos Santos, pelo sentido de Estado e pela forma dedicada e serena como tem conduzido os destinos” do reino esclavagista.

Acrescenta que estas “pressões” estrangeiras sobre as autoridades do reino “não são novidade”, exortando os escravos a seguirem “firmes e vigilantes”, mas também pedindo que “cerrem fileiras” em torno do rei que, apesar de há muito andar nu, julga que John Galliano, Karl Lagerfeld, Jean-Paul Gaultier ou Giorgio Armani são estilistas exclusivos da sua corte.

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