Polícia desafia Igreja

O Comandante-Geral da Polícia Nacional do regime instou hoje, em Luanda, a igreja Católica a pronunciar-se sobre a realização de vigílias em volta dos seus templos e sobre a denúncia de uma “suposta” invasão de efectivos policiais.

A mbrósio de Lemos referia-se às denúncias públicas contra a polícia sobre a alegada invasão policial da igreja de São Domingos, na segunda-feira, no decorrer de uma vigília em solidariedade com os 15 jovens activistas detidos, desde Junho, acusados de actos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o Presidente da República.

“Acho que deveriam, uma vez que houve um pronunciamento de um membro da instituição. Havendo de nossa parte um desmentido e eles sabem concretamente que não aconteceu, deviam pronunciar-se”, disse Ambrósio de Lemos, citado pela agência noticiosa do regime, Angop.

Segundo Ambrósio de Lemos, todos os excessos de agentes da polícia são sancionados à luz do regulamento disciplinar, desde que denunciados.

“Os efectivos foram formados para cumprir as suas obrigações, dentro dos parâmetros que estão constituídos, quer disciplinarmente, quer moral e civicamente. A partir daí, todo o elemento denunciado e que nós constatamos a denúncia castigamos nos termos da lei”, frisou.

O porta-voz da Arquidiocese de Luanda, padre António Bengui, disse que já foi solicitado ao superior hierárquico da igreja São Domingos uma informação sobre o ocorrido naquele tempo, para um pronunciamento sobre o caso.

Além deste caso, foram realizadas antes quatro vigílias na escadaria da igreja da Sagrada Família, em Luanda, apelando igualmente à libertação dos 15 activistas em prisão preventiva, a última das quais no domingo, desmobilizada na presença de um forte dispositivo policial no local.

De acordo com que o Folha 8 apurou, os agentes entraram de facto na Igreja mas apenas para assistirem à missa, como bons devotos, bem como para rezar em prol da longevidade do seu ídolo carismático, também conhecido como o “escolhido de Deus”.

Também é verdade que não prenderam pessoas. Limitaram-se a levar temporariamente para parte incerta alguns dos presentes que, por faltarem às aulas de educação patriótica, perturbavam a concentração religiosa dos que, devotamente, assistiam à homilia, entre os quais estavam polícias.

Como se sabe, e como é prática corrente, os polícias entraram pacificamente, ajoelharam-se e rezaram, pelo que não se vê que tenham cometido qualquer abuso de poder. Foi, aliás, uma manifestação cívica que é de enaltecer…

Os jornalistas viram no local um forte cordão policial. Não conseguiram, é claro, perceber que eles estavam ali apenas para ir à missa. Apenas isso. Já não se pode ser um bom cristão?

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