A lepra ainda por aí

As autoridades sanitárias da província do Cuanza Sul registaram no primeiro semestre deste ano 62 casos de lepra, anunciou hoje o supervisor do programa de luta contra a lepra.

A ntero Paulo Carlitos, citado pela agência angolana Angop, indicou que os casos foram registados nos municípios da Cela, Cassongue, Seles, Sumbe e Conda, contabilizando-se um aumento de três casos, face ao primeiro semestre de 2014.

Ainda neste mesmo período, disse Antero Paulo Carlitos, 85 pessoas foram curadas e três outras abandonaram o tratamento.

O técnico sanitário defendeu que o tratamento da lepra seja incluído nos cuidados primários de saúde pública, para melhor acompanhamento dos doentes.

Recorde-se que, em 2014, 990 casos de lepra foram registados em 2014, depois de em 2013 serem notificados 900, de cordo com os dados revelados pelo médico João Pedro Brechet.

Falando, em Abril deste ano, à margem da II Assembleia Geral da Associação para a Reintegração das Pessoas Atingidas pela Lepra (ARPAL), o responsável frisou que mais de mil novos casos de lepra têm se registado anualmente desde 2005.

Segundo o responsável, 9% dos doentes são crianças com menos de 14 anos, 10% são adultos com mais de 60 anos, acrescentando que 81 dos doentes são jovens em idade vida activa e que chegam ao tratamento com deformidades em cerca de 13% dos casos.

Referiu que 40% dos doentes são mulheres, lamentando o facto do aumento da doença que é visto como um grande desafio na sua erradicação.

“Se fizermos um diagnóstico precoce evitará com que elevados casos sejam registados em Angola”, disse João Pedro Brechet, acrescentando que os primeiros sinais da doença são a falta de sensibilidade nas mãos e nos pés e manchas sensíveis na pele, devendo o seu tratamento ser feito com uma multidroga Terapia (MDT), que é muito eficaz mas deve ser contínuo e não sendo interrompido.

João Pedro Brechet referiu haver poucos técnicos, pelo que há necessidade de serem actualizados, formados e reformados, sendo actualmente a sua maior preocupação.

“Segundo a orientação do titular da pasta do Ministério da Saúde, José Van-Dúnem, vamos agora trabalhar com agentes das comunidades para o acompanhamento das pessoas atingidas com a lepra”, frisou.

De acordo com médico esse trabalho requer dedicação e financiamento, explicando que no dispensário de Luanda são realizadas diariamente 50 consultas de doenças da pele e que dessas 10% são doentes com lepra.

João Pedro Brechet apelou à sociedade para não estigmatizar os doentes com lepra, reforçando que a mesma tem cura e não tem perigo de contágio após o tratamento.

A lepra é uma doença infecciosa crónica, causada por um micróbio conhecido como “bacilo de hansen” que ataca a pele e os nervos dos doentes.

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