Portugal e Angola conjugam esforços

Portugal e Angola conjugam esforços

Portugal foi eleito, sem concorrência, para o Conselho de Direitos Humanos da ONU. É a primeira vez que o país vai fazer parte deste órgão onde, juntamente com a Holanda, representará nos próximos três anos o grupo regional da Europa Ocidental. Angola ganha assim, nesta matéria, um bom parceiro para as suas arbitrariedades.

Do ponto de vista angolano, o crime transfronteiriço, o tráfico de seres humanos, o branqueamento de capitais, assim como a melhoria dos serviços de justiça fazem parte do leque de assuntos a abordar no relatório que Angola vai apresentar na Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos, de acordo com recomendações da última sessão.

A informação foi veiculada pela agência do regime, a Angop, que dessa forma transmitiu o ponto de vista do secretário de Estado para os Direitos Humanos, António Bento Bembe. E agora, com as costas protegidas por Portugal, vai dizer, no dia 30, em Genebra (Suíça) que está a cumprir escrupulosamente os direitos humanos, como exige a ONU.

De acordo com o responsável, existe sensibilidade das autoridades públicas para o respeito pelos direitos humanos, expressa na base de politicas públicas, levadas a cabo pelos diversos organismos do Estado. Basta, aliás, ver o que acontece quando os jovens tentam manifestar-se contra o regime.

Bento Bembe afirmou que se têm registado progressos na educação da população para o respeito aos direitos humanos, através do qual se pretende transformar a sociedade angolana para a cultura da consciência virada para a promoção dos seus direitos e deveres.

Como é que isso se faz? No caso de Angola, através da inclusão dos que pensam de forma diferente na cadeia alimentar dos jacarés, bem como na velha máxima de pôr a razão da força a assassinar a força da razão.

“Com este programa de educação da população, para uma cultura de respeito dos direitos humanos, o Estado angolano pretende ter cidadãos que saibam viver em democracia e contribuir para uma sociedade justa, de paz e solidária”, sublinhou o secretário de Estado para os Direitos Humanos, esquecendo-se de dizer que a democracia do seu regime é uma cópia da praticada na Coreia do Norte.

Bento Bembe realçou que a cultura dos direitos humanos trata de valores básicos da vida, para uma convivência pacífica e baseada na dignidade da pessoa humana. Isto é o que se diz nos países desenvolvidos. Não é o que se pratica em Angola. Mas como a palavra do rei (Eduardo dos Santos) é sagrada, ninguém se atreve a mostrar que esse mesmo rei vai nu.

Bento Bembe frisou que os direitos humanos são aqueles privilégios que todo ser humano tem direito, para viver condignamente e, para materializar este pressuposto, têm sido levadas a cabo uma série de actividades, envolvendo a sociedade civil. Daí destacar que, hoje em dia, os direitos humanos são falados em todo o lado e, neste momento, o Ministério da Justiça e Direitos Humanos tem diariamente recebido reclamações das populações, facto que indicia haver já alguma cultura neste sentido.

A apresentação do relatório é um mecanismo da Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas por meio do qual esse organismo avalia o grau de cumprimento das recomendações que, muitas vezes, um país recebe no acto de apresentação de documento análogo anterior.

Acrescente-se que Portugal, também nesta matéria, assina de cruz tudo quanto o regime angolano lhe diz para assinar. É que uma mão lava a outra e as duas ajudam a lavar tudo o que for preciso…

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