Mais gente com menos fome

Angola registou uma diminuição de 70 por cento da população desnutrida, com a queda desde 1990 do número absoluto da fome, revela um relatório das Nações Unidas.

De acordo com esse relatório, Angola viu o número absoluto da fome cair em cerca de 43 por cento desde 1990, significando em termos relativos, uma diminuição de 70 por centro da população desnutrida, fazendo do país outro caso de sucesso, pois ultrapassou substancialmente a meta dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) antes de 2015.

O relatório sobre “O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2014 (SOFI sigla em inglês)” confirmou a tendência positiva que tem sido o decréscimo global do número de pessoas com fome em mais de 100 milhões na última década e em mais de 200 milhões desde 1990-1992.

O relatório é publicado anualmente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e pelo Programa Mundial de Alimentos (PAM).

O número de pessoas que passam fome no mundo baixou de 842 milhões de em 2011-2013 para cerca de 805 milhões em 2012-2014 (uma em cada nove), de acordo com o novo relatório das Nações Unidas.

Na edição deste ano, o Brasil é apresentado como um caso de estudo de sucesso, e estão também disponibilizados dados para alguns dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Timor Leste.

Os dados dos países da CPLP dão conta da prevalência da desnutrição nos países e dos progressos realizados até ao momento em relação ao primeiro ODM, de reduzir para metade a percentagem da população desnutrida e à meta da Cimeira Mundial da Alimentação (CMA), de reduzir para metade o número absoluto de pessoas desnutridas, ambos até 2015.

Segundo os dados presentes no SOFI 2014, São Tomé e Príncipe registou progressos significativos no combate à fome, com uma redução de 52 por cento no número de desnutridos e de 70 por cento em termos relativos, tendo assim atingindo, não apenas o primeiro objectivo dos ODM, como também a meta mais ambiciosa da CMA.

Cabo Verde teve uma queda de cerca de 40 por cento na percentagem da população desnutrida no período compreendido entre 1990 e 2014, sendo que, actualmente, menos de 100.000 pessoas (10 porcento da população) sofrem de desnutrição.

De acordo ainda com o relatório, Timor-Leste teve uma queda de 36 por cento na percentagem da população com fome entre o período de 1990- 1992 e 2012-2014. Mas, apesar dos esforços, 29 por cento da população (cerca de 100.000 pessoas) está ainda desnutrida, sendo o país da CPLP com a taxa mais elevada.

Moçambique mantém também níveis muito elevados de desnutrição, apesar dos progressos observados. A queda em 49,7 por cento na percentagem da população desnutrida indica que o país deverá atingir a meta dos ODM.

No entanto, 28 por cento da população (7.7 milhões de pessoas), do país acima citado, sofre ainda de desnutrição, pelo que é o segundo país da CPLP com a taxa mais elevada.

A Guiné-Bissau contraria a tendência geral dos países lusófonos, pois regista um aumento no número absoluto da fome, estando assim muito longe de atingir as metas dos ODM e da CMA. Este país passou de 200 mil pessoas desnutridas entre 1990-1992 para 300 mil entre 2012-2014, o que representa um aumento de mais de 25 por cento.

Um dos casos de estudo analisados nesta edição do SOFI é o Brasil, que está a caminho de erradicar à fome, pois, de acordo com o documento, atingiu tanto a meta dos ODM, como a meta mais rigorosa da CMA.

Entre 2000-2002 e 2004-2006, a percentagem de desnutridos no Brasil reduziu para metade, de 11 por cento para menos de cinco, transformando-o num dos maiores exemplos de sucesso de combate à fome e à pobreza.

Os progressos realizados para alcançar os objectivos estabelecidos internacionalmente foram acelerados em 2003 com o lançamento do programa Fome Zero, que colocou o combate à fome no centro da agenda política do Brasil e pôs em prática uma estratégia global para promover a segurança alimentar, vinculando o apoio à produção com a protecção social.

A redução bem-sucedida da fome e da pobreza extrema, em áreas rurais e urbanas, resultou de processos participativos de sucesso e na implementação de instituições de coordenação e de políticas públicas socais, nomeadamente através de programas como o Bolsa Família, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Programa Abono de Família, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Plano Brasil Sem Pobreza Extrema, entre outros.

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