Quem não se sente…

O presidente da UNITA endereçou aos angolanos uma mensagem de confiança, calma e serenidade, quando falava aos candidatos a deputados, militantes e população em geral, sobre o momento que os angolanos vivem. Considerou, aliás, que o país está a atravessar uma curva apertada.

Por Norberto Hossi

“G ostaria de dizer que, em momentos difíceis como esses, nós temos de permanecer unidos. Nós temos sentido esta unidade de acção, de espírito, da parte de todos. Devíamos continuar assim”, sugeriu.

“Devemos também continuar serenos, calmos, mas também, lúcidos, para que não nos precipitemos na tomada de decisões que, temos de tomar ou temos de fazer. Mas, também, não incorramos em situações, em actos que, depois voltem ainda a provocar situações mais difíceis do que aquela que estamos a viver agora”, disse Isaías Samakuva.

Não seria altura de, física e psicologicamente, a UNITA regressar ao Muangai, local de onde saíram pilares como a luta pela liberdade e independência total da Pátria; Democracia assegurada pelo voto do povo através dos partidos; Soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados primando sempre os interesses dos angolanos?

Foi de lá, ou a partir de lá, que nasceram os princípios da defesa da igualdade de todos os angolanos na Pátria do seu nascimento; a busca de soluções económicas, priorização do campo para beneficiar a cidade; a liberdade, a democracia, a justiça social, a solidariedade e a ética na condução da política.

Alguém, na UNITA, se lembra de quem disse: ”Eu assumo esta responsabilidade e quando chegar a hora da morte, não sou eu que vou dizer não sabia, estou preparado”?

Alguém se lembra de que, como estão as coisas, nunca será resgatado o compromisso de Muangai firmado em 13 de Março de 1966?

A UNITA mostrou até agora que sabe o que é a democracia e adoptou-a definitivamente. Tê-lo-á feito de forma consciente? Certamente que sim embora, admitimos, já esteja parcialmente arrependida depois das manipulações e vigarices eleitorais de que foi vítima, de que continua a ser vítima.

Isaías Samakuva mostrou ao mundo que as democracias ocidentais estão a sustentar um regime corrupto e um partido que quer perpetuar-se no poder. E de que lhe valeu isso?

Por força das vigarices do regime, a UNITA continua a fazer o papel de palhaço útil. Se calhar é altura de, honrando o seu passado e a luta dos angolanos que nela acreditam, dizer: Basta!

Quase todos (a excepção é mesmo o MPLA) reconhecemos que o 4 de Abril de 2002 representou “o início de uma nova etapa do processo político angolano”. Mas, 15 anos depois, continuam por cumprir os objectivos políticos preconizados no âmbito da (suposta) democratização e da (suposta) reconciliação nacional.

As reformas previstas nos vários Acordos de Paz, para a criação de um verdadeiro Estado de Direito Democrático em Angola e ao estabelecimento de um sistema de Governo realmente democrático, apenas conheceram passos muito tímidos e, muitas vezes, gigantes retrocessos.

As liberdades fundamentais dos angolanos, constitucionalmente consagradas, continuam coarctadas com a intensificação, nos últimos tempos, de actos de intolerância política praticados em quase todo o país, de forma coordenada, por elementos afectos ao MPLA que, perante o silêncio conivente das autoridades do país (também elas dependentes do MPLA), destroem propriedades, símbolos partidários e causam desaparecimentos, ferimentos e perda de vidas humanas entre militantes e membros de partidos na oposição.

Não será altura de a UNITA defender uma Angola para todos e não apenas para os que são acólitos, voluntários ou não, do MPLA, mostrando ao mundo que os donos de Angola são só e apenas os angolanos?

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