Desvalorizar o kwanza… já

Desvalorizar o kwanza… já - Folha 8

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, defendeu hoje uma desvalorização de 8% na moeda nacional, para travar a crescente procura de dólares no mercado, cuja cotação disparou devido à crise no petróleo.

E m causa está a diminuição de receitas de venda do barril de crude por Angola, o que fez diminuir a entrada de divisas no país, provocando a escassez de dólares no mercado, tanto oficial como paralelo, dificultando o pagamento das empresas a fornecedores internacionais.

Com um crescimento actual do sector produtivo a rondar os 8%, o presidente da AIA defende uma desvalorização do kwanza em igual proporção e de forma imediata, para, desta forma, travar a acentuada diferença entre a taxa de câmbio definida pelo Banco Nacional de Angola (BNA) e os valores praticados na rua, onde ainda é possível ter algum acesso a dólares, mas pagos a preço de ouro.

“Nós já teríamos recomendado uma desvalorização do kwanza, para não deixar o câmbio informal subir, depois é mais difícil. Ou tomamos medidas estruturais já ou a procura de cambiais no país vai crescer, porque há mais classe média e necessidades objectivas”, afirmou à Lusa José Severino.

À taxa de câmbio oficial, cada dólar está a ser comprado a 104,6 kwanzas. Já a venda da nota norte-americana é feita por 103,6 kwanzas, nos casos em que é possível fazer ou levantar aos balcões.

Face às dificuldades no acesso aos levantamentos nos bancos comerciais (à taxa oficial), a solução para vários trabalhadores expatriados ou empresas, mas também cidadãos nacionais, passa pelo recurso ao mercado informal, pagando por cada dólar a 130 ou 140 kwanzas.

“A pressão sobre os câmbios é crescente, acho que a taxa de câmbio já devia estar desvalorizada em 8%. De outra forma, o mercado informal parte como uma lebre e com a taxa oficial a andar a nível de cágado vamos ter aqui uma competitividade irregular”, apontou José Severino.

Ainda assim, o presidente da AIA disse ter recebido a garantia da administração do BNA de que se trata de uma situação transitória e que estão a ser estudadas soluções alternativas para travar a escassez de divisas no mercado oficial.

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