METADE DAS MORTES EM ATAQUES TERRORISTAS ACONTECEM EM ÁFRICA

O continente africano concentra mais de metade das mortes em ataques terroristas no mundo, indicou hoje a Organização das Nações Unidas (ONU), frisando que a situação na África Ocidental e no Sahel é particularmente urgente.

Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU em que foi apresentado o relatório estratégico semestral do secretário-geral sobre a ameaça representada pelo Estado Islâmico no Iraque e no Levante, África foi apontada como o centro da actividade desses grupos terroristas.

O chefe do Escritório das Nações Unidas para Contraterrorismo (UNOCT), Vladimir Voronkov, revelou que se observou um ressurgimento das actividades do grupo extremista Estado Islâmico no Grande Saara. Já a província do grupo na África Ocidental emergiu como uma prolífica produtora de propaganda terrorista e atraiu combatentes estrangeiros, principalmente de países da região.

O relatório estima que grupos como o Estado Islâmico na Província da África Ocidental e o Estado Islâmico no Grande Saara tenham hoje entre 8.000 e 12.000 combatentes, apoiados por combatentes terroristas estrangeiros da região.

Além disso, foram descobertas em prisões na Líbia redes de logística e financiamento ligadas ao Daesh (acrónimo árabe do grupo extremista Estado Islâmico) com conexões com o Sahel.

Em Moçambique e na República Democrática do Congo, os afiliados do Estado Islâmico também se mantiveram resilientes, recorrendo a ataques de baixa intensidade e a actividades de sequestro para resgate para sustentar as operações.

Na reunião de hoje esteve igualmente presente a directora executiva do Comité de Contraterrorismo (CTED) da ONU, Natalia Gherman, que apresentou detalhes sobre as recentes visitas do seu comité aos Camarões, Chade, Hungria, Malta, Noruega e Somália.

Em África, as avaliações do CTED centraram-se na evolução da ameaça do Daesh, assim como na capacidade de resposta dos Estados-membros.

Desde o início do ano, o Daesh Somália tem desempenhado um papel cada vez mais proeminente como centro logístico para o grupo terrorista a nível global, embora, nos últimos meses, a Somália e os seus parceiros internacionais tenham reduzido com sucesso algumas capacidades do Daesh dentro do país.

Na região da Bacia do Lago Chade, explicou Natalia Gherman, o Daesh está a receber cada vez mais material estrangeiro e apoio humano para conduzir as suas operações, incluindo dinheiro, drones e conhecimentos especializados em dispositivos explosivos improvisados.

Gherman alertou também para o uso da inteligência artificial (IA) e das redes sociais pelo Estado Islâmico para recrutamento, angariação de fundos e propaganda.

O Estado Islâmico também tem procurado recrutar especialistas em cibersegurança para reforçar as suas capacidades e adaptar a propaganda aos contextos locais, especialmente em África.

Embora a IA esteja a ser utilizada para ampliar o alcance e o impacto dos grupos terroristas, também possui um potencial significativo para que os Estados melhorem a detecção, a prevenção e a interrupção de actividades terroristas, explicou hoje a directora do CTED.

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