NÃO HÁ (OU SERÁ QUE HÁ?) TERRORISTAS BONS

O chefe da diplomacia do MPLA/Angola esteve no Conselho de Segurança e pediu mais investimento na luta contra o terrorismo e coordenação das Nações Unidas. Téte António declarou solidariedade com as realidades congolesa, moçambicana e no Sahel. Por falta de tempo não abordou o terrorismo institucional que o MPLA leva a cabo, há 50 anos, contra os angolanos…

O ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, disse que as cinco regiões africanas estão afectadas pelo terrorismo e é preciso actuar contra a tendência de agravamento do fenómeno.

Após participar numa sessão do Conselho de Segurança sobre o tema, o ministro revelou preocupação com a tendência de migração de terroristas para a costa atlântica num movimento que pode reforçar a pirataria marítima.

“As cinco regiões do continente africano já estão afectadas pelo terrorismo. É preciso reforçarmos as medidas do continente, incluindo o financiamento e a coordenação das Nações Unidas, até através da aplicação da resolução Conselho de Segurança que prevê que a ONU financie 75% das operações desdobradas no continente africano, além de outras medidas não-militares que são necessárias para o combate ao terrorismo,” disse Téte António, mostrando que, afinal, tudo depende de os terroristas (bons) terem financiamentos para combater os terroristas (maus).

Uma das metas de Angola é, segundo a propaganda do regime do MPLA que está no Poder há 50 anos, impulsionar a cooperação internacional para impedir a potencial ameaça no Atlântico Sul com iniciativas multilaterais.

Para o chefe da diplomacia angolana (que sabe o que diz mas não diz o que sabe), é preocupante assistir a casos como o da vizinha República Democrática do Congo, RD Congo, onde Angola desempenha um papel de liderança para a estabilidade regional.  

Téte António declarou ainda a solidariedade do governo com Moçambique, outro país lusófono alvo de actos terroristas, e que conseguiu – com o apoio da comunidade internacional – manter os terroristas bons da Frelimo que, tal como o MPLA, está no Poder há 50 anos, no comando do país.

“Na observação do que se passa no Sahel e num país irmão, Moçambique, Angola tinha proposto uma cimeira e continuamos interessados, tendo em conta as nossas responsabilidades regionais nesta questão. A reunião tem a ver, justamente, com o combate ao terrorismo no continente e a coordenação de esforço no âmbito do Capítulo 8 sobre o Conselho de Segurança”, diz o ministro dos Negócios Estrangeiros do reino do general João Lourenço.

Na sessão do Conselho de Segurança, a Interpol lembrou a ameaça representada pelo Daesh, advertindo sobre sua crescente presença na África. Apesar dos esforços actuais, os ataques do grupo tornaram-se mais coordenados, complexos e fatais. Estes terroristas sabem que lhes basta chegar ao Poder para passarem de terroristas maus para terroristas bons.

Téte António destaca a expansão do terrorismo como uma das maiores ameaças do continente na actualidade. O Sahel é a região africana em que mais se concentram terroristas (maus), que tendem a fazer uma expansão para o sul.

Na África Oriental, o al-Shabab realizou o ataque terrorista mais mortal no Corno de África há quase dois anos, quando carros-bomba mataram pelo menos 120 pessoas e feriram outras 300 em Mogadíscio, na Somália.

TERRORISMO BOM (O NOSSO) E TERRORISMO MAU (O DOS OUTROS)

João Lourenço, presidente angolano não nominalmente eleito, presidente do MPLA (partido no poder há 50 anos), Titular do Poder Executivo e Comandante-em-Chefe das Força Armadas, apelou em Maio de 2022 à mobilização dos países africanos contra o terrorismo, sem ambiguidades nem hesitações e à condenação firme das mudanças anticonstitucionais de Governos em África para que não adquiram “um carácter de normalidade”.

João Lourenço discursava na Cimeira sobre o Terrorismo e as Mudanças Inconstitucionais de Governo em África, que decorreu em Malabo, capital da Guiné Equatorial (cujo presidente chegou ao poder via golpe de estado), onde participam mais de uma dezena de chefes de Estado ou de Governo – entre os quais, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe – que debateram as causas do aumento de golpes no continente em 2021 e 2022 e as implicações para a governação.

João Lourenço mostrou preocupação com o crescimento do terrorismo mau em África, apelando a “um esforço conjunto e concertado” dos países africanos para enfrentar esta grave situação de segurança.

Mas, afinal, tal como hoje – entre outros – acontece no Médio Oriente com o Hamas, como é que os portugueses chamavam aos movimentos de libertação das colónias? Eram terroristas. E assim foram chamados até “derrotarem” o inimigo. Depois passaram a libertadores.

Relembre-se que no fim do século XIX, o sionismo foi um movimento nacionalista judaico (terrorista – “uso deliberado de violência, mortal ou não, contra instituições ou pessoas, como forma de intimidação e tentativa de manipulação com fins políticos, ideológicos ou religiosos) que tinha por objectivo central a defesa da formação de uma nação judaica, bem como da criação do Estado judeu, ou uma Eretz Israel, isto é, a “Terra de Israel”.”

Voltemos à tese do presidente de um movimento terrorista/libertador (o MPA), João Lourenço, que pediu “um consenso claro e objectivo” quanto aos comportamentos e actos que se enquadram na definição de terrorismo e golpe de Estado, de modo a evitar “ambiguidades e hesitações na hora de agir, que afectam em muitos casos a coesão e a firmeza necessárias, ao combate e neutralização destes flagelos”.

É também necessário cuidar mais eficientemente do controlo das fronteiras, para evitar a circulação e movimentação dos grupos extremistas e reflectir sobre as razões internas “que, em muitos casos, levam ao desencadeamento do terrorismo, da instabilidade, da insegurança e da desorientação das populações que se tornam vulneráveis e aceitam facilmente mensagens e ideias que são, no fundo, contrárias aos seus próprios interesses”, salientou o chefe de Estado, reeditando as “leis” que outrora constavam dos manuais das potências coloniais.

João Lourenço condenou igualmente as mudanças inconstitucionais de Governo em África, vulgarmente conhecidas como golpes de Estado, “que vêm ocorrendo com inadmissível frequência perante alguma passividade, indiferença e inacção dos organismos regionais e continental”.

“Estamos perante uma sucessão de actos que constituem um recuo significativo relativamente aos ganhos políticos, económicos, sociais e em matéria de estabilidade e segurança, que o nosso continente obteve nessas últimas duas décadas”, lamentou, pedindo que haja “firmeza e nenhum tipo de vacilação”, na condenação e tomada de medidas que desencorajem e inviabilizem o funcionamento de Governos criados com recurso à força militar.

“É importante que coloquemos uma atenção muito particular sobre essa questão de mudanças anticonstitucionais de Governos em África, para que perante a indiferença, o silêncio e a passividade, esses acontecimentos não adquiram um carácter de normalidade que podem contagiar, estimular e generalizar esta prática no nosso continente”, exortou João Lourenço.

Certamente baseado na experiência do seu partido, que está no poder há 50 anos, apesar de ter exercido terrorismo contra Portugal em 1961 e em 1977 contra os próprios angolanos, apontou igualmente os grandes problemas do continente – a fome, a miséria, a pobreza, as doenças endémicas, o desemprego, a falta de infra-estruturas, a fraca electrificação e industrialização, entre outros — sublinhando que é preciso garantir a paz e segurança para encontrar soluções duradouras para ultrapassar estas dificuldades.

João Lourenço defendeu ainda uma estratégia de defesa comum própria em matéria de segurança, sem prejuízo da cooperação internacional face ao exemplo que vem do actual conflito que se vive hoje na Europa com a guerra da Rússia à Ucrânia (o MPLA não condenou a invasão nem condenou o genocídio de Israel na Palestina) e que confirmou também “as profundas desigualdades no tratamento dos países e povos perante guerras, pandemias e calamidades naturais”.

O Presidente angolano concluiu que “esta situação injusta e vergonhosa levanta mais uma vez a necessidade da reformulação do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, para que não se circunscreva apenas às grandes potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial, e contemple a entrada de países representantes de África, da América Latina e da península hindu.

África foi palco em 2021 e 2022 de cinco golpes de Estado – dois no Mali e um na Guiné-Conacri, Sudão e Burkina Faso -, e uma tentativa de golpe fracassada na Guiné-Bissau.

Margaret Thatcher (primeira-ministra do Reino Unido de 1979 a 1990 ) proibiu em 1979 o seu enviado especial à então Rodésia de se encontrar com Robert Mugabe. O argumento era o de que “não se discute com terroristas antes de serem primeiros-ministros”…

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