“MY WAY” NAVALNY. HEROES NEVER DIE!

Ao som da célebre música de Frank Sinatra “My Way” (“À Minha Maneira”), Alexei Navalny foi hoje enterrado numa cerimónia em Moscovo, perante milhares de russos que desafiaram ameaças de detenção e comprovaram a popularidade do opositor de Vladimir Putin.

Por Geraldo José Letras (*)

AFoi com uma ruidosa salva de palmas que os admiradores de Navalny assinalaram a chegada do carro funerário com os seus restos mortais, ao início de uma tarde gélida no bairro do sudeste da capital russa onde o opositor do Kremlin viveu uma vida de insubmissão ao presidente Putin e à oligarquia russa.

Perante o olhar vigilante de centenas de polícias, incluindo elementos do corpo de intervenção, que guardavam o perímetro, a compacta multidão, composta sobretudo por jovens idosos, gritou em frente à igreja do Ícone da Mãe de Deus “Os heróis não morrem”.

Recorde-se, entretanto, que ontem o Parlamento Europeu aprovou uma resolução relativa ao assassinato do líder da oposição política, Alexei Navalny, responsabilizando Vladimir Putin, com o voto favorável de 506 deputados, 32 abstenções e 9 contra.

No documento lê-se que Vladimir Putin tem pessoalmente responsabilidade criminosa e política pelo assassinato de Navalny, pelo que a maioria dos deputados defende responsabilização da “liderança política da Rússia” e sanções contra as pessoas envolvidas no processo penal de Navalny.

“A sociedade civil russa e o regime de Putin não são a mesma coisa”, alertaram os eurodeputados para combater o que chamam “russofobia” que o mundo está a desenvolver contra o país e o seu povo. “É necessário contrariar as políticas repressivas levadas a cabo pelo regime russo e tomar uma posição decisiva contra tais acções”, lê-se na resolução dos deputados que questionam a legitimidade do Presidente da Rússia.

O documento faz menção a nomes de vários políticos e activistas igualmente presos por criticarem abertamente as políticas de Vladimir Putin, defendendo a imediata libertação destes, entre eles estão Vladimir Kara-Murza, Yuri Dmitriyev, Ilya Yashin, Alexei Gorinov, Lilia Channysheva, Ksenia Fadeeva, Vadim Ostanin, Daniel Kholodny, Victoria Petrova, Maria Ponomarenko, Sasha Skochilenko, Svetlana Petriychuk, Zhenya Berkovich, Dmitry Ivanov, Ioann Kurmoyarov, Igor Baryshnikov, Dmitry Talantov, Alexei Moskalev e Ivan Safronov. Quatro pessoas dessa lista estão sob forças de defesa protectoras.

“É necessário procurar formas reais de libertar aqueles que sofrem de prisão e repreensão na Rússia, especialmente presos doentes ou políticos que foram torturados, incluindo a opção de possível troca de prisões”, lê-se.

Alexei Navalny foi hoje a enterrar no cemitério do Boris. E os pais do político foram dos poucos autorizados a ir ao templo para o último adeus. Enquanto outras pessoas reunidas fora da igreja gritavam os slogans: “não à guerra”, “liberdade aos presos políticos”, “a Rússia será livre”, “a Rússia sem Putin”, “não esqueceremos, não perdoaremos”, “o amor é mais forte que o medo”.

Alguns dos que conseguiram hoje entrar na igreja registaram a presença da mãe do defunto, Ludmila Navalnaia, bem como de embaixadores de países da União Europeia e dos Estados Unidos.

Presente, também, Boris Nadejdin, conhecida figura da oposição e que viu recusada a candidatura às próximas eleições presidenciais, marcadas para dentro de duas semanas.

Título em português: “À Minha Maneira”. Navalny. Os heróis nunca morrem!

(*) Com Lusa

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