O embaixador norte-americano em Angola, Tulinabo Mushingi, destacou hoje a “trajectória muito positiva” da relação entre os dois países, acrescentando que a cooperação não se resume à segurança. Pois não. Aliás abrange tudo o que permita ao dono de Angola continuar a ser criado de luxo dos EUA, pouco importando os 20 milhões de pobres angolanos que continuam a tentar viver sem… comer.
O diplomata, que falava a alguns jornalistas a propósito da visita do secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, afirmou que os Estados Unidos estão a desenvolver os seus esforços em África para trazer diferentes autoridades norte-americanas a Angola e diferentes dirigentes angolanos (leia-se do MPLA) para a América, reforçando que a cooperação não se resume à segurança.
“Os EUA estão interessados na prosperidade partilhada e na diplomacia económica”, salientou, dando também ênfase à boa governação. Falar de prosperidade em Angola e de boa governação é o mesmo que olhar para uma minhoca e dizer que é uma jibóia.
Tulinabo Mushing realçou ainda os “valores comuns” com Angola, declarando-se “feliz” com o estado actual das relações bilaterais e que quer continuar a desenvolver nos próximos anos.
“Este ano estamos a celebrar 30 anos de relações diplomáticas”, lembrou, dizendo que a trajectória neste período tem sido “muito positiva”. Positiva, esclareça-se, sempre os mesmos.
Sobre a “visita histórica” da mais alta autoridade de defesa norte-americana, considerou que mostra a importância que Angola ocupa e deu destaque aos objectivos partilhados de segurança e “parceria estratégica para assegurar prosperidade aos dois povos”.
Lloyd Austin, o primeiro secretário de Defesa norte-americano a visitar Angola, encontrou-se hoje de manhã com o Presidente angolano, João Lourenço, depois de depositar uma coroa de flores no Monumento ao Soldado Desconhecido em Luanda. Esperemos que não se esqueça de presta homenagem ao único herói permitido no reino, o genocida e assassino Agostinho Neto, responsável pelo assassinato de 80 mil angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977.
Em Julho de 2022, citado pelo órgão oficial do MPLA (Jornal de Angola), Tulinabo Mushingi, que falou aos jornalistas após uma audiência conjunta que lhe foi especialmente concedida pelo Presidente da República, João Lourenço, pelo Presidente e recandidato do MPLA, João Lourenço, e pelo Titular do Poder Executivo, João Lourenço, em Luanda, disse que os EUA acompanhavam, há muito tempo, o processo eleitoral angolano, para o qual disponibilizou “apoio financeiro modesto”.
O diplomata indicou que a verba seria canalizada para promover a tolerância política e aceitação das regras do jogo pelos concorrentes (se fosse verdade ao MPLA não caberia nem um kwanza), para que “no final do pleito, vencedores e vencidos se lembrem que todos são filhos da mesma pátria”.
João Lourenço, Presidente (não eleito) de Angola, considerou que os Estados Unidos da América (EUA) e Angola são parceiros em “circunstâncias iguais” e assinalou que a parceria entre os dois países tem promovido mudanças e prosperidade em Angola. Quem quiser que acredite… (Os 20 milhões de pobres angolanos não acreditam).
Isso mesmo foi dito na mensagem de João Lourenço dirigida ao seu homólogo, Joe Biden, por ocasião do 30º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas do MPLA com os EUA, divulgada na página oficial da Presidência angolana no Facebook.
O chefe de Estado, igualmente presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo, mostrou apreço pelo estreitamento crescente dos laços entre os dois países e sublinhou que partilha os pontos de vista já expressos por Joe Biden com “palavras inspiradoras”. “Palavras inspiradoras” onde não constam, no caso de Angola, democracia e Estado de Direito.
O Presidente dos EUA destacou na altura os “valores partilhados que unem” as duas nações, renovando o compromisso de alcançar em conjunto “um mundo mais pacífico, seguro e democrático para todos”.
“Ao assinalar-se três décadas de relações diplomáticas queremos colocar ênfase no facto de terem vindo a revelar-se cada vez mais importantes e transformadoras para os nossos respectivos países e povos”, realçou João Lourenço.
Mentindo com todos os dentes, João Lourenço disse que “o nosso compromisso com a prosperidade, segurança, inovação, justiça e amizade é irreversível e, neste contexto, realço os anúncios feitos pelo Presidente Joe Biden na recente Cimeira do G7, em Hiroxima, no Japão, como mais uma evidência da parceria crescente entre os nossos dois países”, referiu ainda.
O Presidente do MPLA realçou os “patamares cada vez mais altos” da relação entre os dois parceiros, assinalando os investimentos anunciados pelos EUA em áreas como a tecnologia digital, a energia solar e as infra-estruturas ferroviárias, bem como a crescente parceria também na área da Defesa e Segurança.
“A parceria crescente entre as duas nações é um importante catalisador de mudanças que se vão operando no nosso país, contribui paulatina e progressivamente para a criação de condições de vida prósperas para o povo angolano”, sublinhou João Lourenço.
A República (Popular) de Angola, sublinhou, “vai continuar a desenvolver esforços para fortalecer e aprofundar a todos os níveis as relações político-diplomáticas e cooperação económica com os EUA, na base do respeito, da reciprocidade e das vantagens mútuas para o benefício dos dois países e dos seus povos”.
Recorde-se que, segundo o DIP (Departamento de Informação e Propaganda do MPLA), via Jornal de Angola, vários temas de interesse comum entre Angola e os Estados Unidos da América estiveram em análise, em Washington, durante o encontro – Setembro de 2021 – que o Presidente João Lourenço teve com o conselheiro de Segurança americano, Jake Sullivan.
O encontro, com a duração de mais de uma hora, diz o DIP, foi considerado “excelente” pela então embaixadora dos Estados Unidos em Angola, Nina Maria Fite, que lamentou a impossibilidade de Joe Biden estar presente devido a compromissos inadiáveis.
“Foi uma reunião excelente. Eles tiveram uma discussão muito ampla sobre vários temas de interesse mútuo”, sublinhou a diplomata, que destacou o papel-chave de Jake Sullivan na Administração do Presidente Joe Biden. Aliás, é de crer que Jake Sullivan é, na verdade, tão ou mais importante do que Joe Biden. Se assim não fosse, presume-se, João Lourenço não aceitaria tirar uma fotografia com um funcionário… menor.
Por ser uma pessoa muito importante (muito, muito, disse o MPLA) na Casa Branca, acrescentou Nina Maria Fite, isso significa também uma grande vantagem para Angola e para o Presidente João Lourenço ter este tipo de discussão.
Segundo Nina Fite, o encontro foi enquadrado na cooperação estratégica entre os dois países, que mostra, cada vez mais, como os EUA e Angola têm esta “cooperação profunda”.
Os Estados Unidos têm destacado o papel de liderança do MPLA na pacificação da Região dos Grandes Lagos, bem como no fim da escravatura. Na qualidade de presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, Angola já organizou três mini-cimeiras sobre a situação de paz e segurança na República Centro-Africana.
Em 2019, Angola foi um dos facilitadores, juntamente com a República Democrática do Congo (RDC), do Memorando de Entendimento, assinado em Luanda, entre o Ruanda e o Uganda.
O encontro com o conselheiro de Segurança dos Estados Unidos marcou na altura o início da agenda oficial do Presidente João Lourenço em Washington. O Chefe de Estado angolano, não nominalmente eleito (coisa menor para os EUA), foi homenageado pela Fundação Internacional para a Conservação do Ambiente (ICCF), pelo seu envolvimento em iniciativas de defesa do ambiente.
Presume-se que João Lourenço, na versão Presidente do MPLA, terá dado como exemplo o êxito conseguido no vegetarianismo dos jacarés angolanos que, depois de 2017, só mantiveram a opção carnívora quando tinham fome.
Em declarações à imprensa, no final da visita que então efectuou ao Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, que na altura assinalava o 5º aniversário, o Chefe de Estado disse ter sido tocado, profundamente, pelo que viu. “O que vimos é algo bastante emocionante, porque isto é parte da nossa História comum, dos africanos e os da diáspora”, sublinhou.
“Todo o sofrimento por que os nossos irmãos passaram ao longo dos séculos, desde o tempo do esclavagismo, toca profundamente o nosso coração e, por esta razão, temos de estabelecer uma ligação mais próxima entre os países africanos e a nossa diáspora africana, parte da qual está nos Estados Unidos”, reforçou.
Provavelmente João Lourenço poderia emocionar-se de igual modo se visitasse as valas comuns onde foram enterrados os milhares de angolanos que o seu herói nacional, Agostinho Neto, mandou assassinar nos massacres de 27 de Maio de 1977. Ou não?
Questionado se a aproximação passaria pelo retorno desta diáspora, o Chefe de Estado, que esteve acompanhado da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, colocou de parte a ideia de um regresso definitivo, mas sim a manutenção de uma ligação com as origens que, provavelmente, remontam ao tempo do primeiro militante do MPLA, Diogo Cão.
“Neste domínio dei um passo concreto, acabei de convidar a família Tucker a visitar Angola para partilharem a sua experiência com o Arquivo Nacional de Angola, com as universidades e com as nossas comunidades. Isso vai acontecer proximamente. Hoje é esta família, amanhã pode ser outra, de forma que possam manter a ligação com as suas origens, que é o continente africano”, concluiu.
A família Tucker é descendente dos primeiros escravos que foram levados para os Estados Unidos, originários de Angola, em 1619. É claro que, por uma questão de identidade, o MPLA continua a aumentar o número de escravos internos (20 milhões de pobres), garantindo assim que o seu ADN não será adulterado por uma qualquer opção democrática.
O Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana é um edifício imponente, situado nas proximidades da Casa Branca, construído para a conservação do legado dos afro-descendentes nos EUA. Nos vários compartimentos, narra o percurso dos escravos trazidos para América, o papel de alguns soberanos africanos, incluindo a Rainha Ginga Mbande, cujo retrato é exposto, em grande plano, na entrada de uma das galerias.
“O museu narra a história dos afro-americanos, desde a chegada dos primeiros escravos, às colónias americanas, independência americana e o paradoxo da liberdade, participação dos escravos na construção da Casa Branca e Capitólio, surgimento do movimento abolicionista, luta pelas liberdades civis, bem como a ascensão de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos e muito mais”, escreveu o enviado do DIP/MPLA (Jornal de Angola).
Folha 8 com Lusa