A Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama) anunciou hoje a descoberta de um diamante de 171 quilates na mina do Lulo, na província da Lunda Norte, que se encontra a trabalhar a 50 por cento devido à Covid-19, onde foi também encontrado o maior diamante de sempre em Angola.
“A gema branca, extraída no bloco 6 da mina, é a 15ª de mais de 100 quilates recuperada no Lulo, a 2ª de mais de 100 quilates explorada em 2020, e a 4ª maior desde o início das operações”, adiantou em comunicado a Endiama.
Os blocos 06 e 08 foram responsáveis pela produção de 13 das 15 pedras com mais de 100 quilates saídas desta mina, incluindo o maior diamante alguma vez encontrado em Angola (2016), com 404,2 quilates.
A Sociedade Mineira do Lulo, que opera a mina é formada pela Endiama, a empresa australiana Lucapa Diamond e a Rosas e Pétalas.
O presidente do conselho de gerência da Sociedade Mineira do Lulo, Domingos Machado, citado na nota, indicou que a empresa vai passar a concentrar as suas operações nos blocos 06 e 08 e “intensificará a prospecção na parte sul da concessão, onde, ao que tudo indica, há maior propensão para o aparecimento deste tipo de pedras”.
A mina diamantífera do Lulo, na província da Lunda Norte, está a operar a 50 por cento da sua capacidade instalada, segundo afirmou, à Angop, no início deste mês o seu presidente do Conselho de Gerência, Domingos Alfredo Machado.
Lulo é uma das mais importantes minas diamantíferas mundiais, constituída por uma sociedade entre a estatal Empresa Nacional de Diamantes de Angola (ENDIAMA), com 32%, a também privada angolana Rosa e Pétalas (28%) e a operadora australiana Lucapa Diamond Company (40%).
Domingos Machado disse que as operações haviam sido “reduzidas” tão logo foi declarado o estado de emergência, mas referiu que a empresa “nunca” esteve parada.
Segundo acrescentou, a empresa, que tem 435 trabalhadores, está a laborar com cerca de metade desse total, em dois turnos, de oito horas cada. Lulo foi a mina em que a australiana Lucapa Diamond Company encontrou o 27º maior diamante do mundo, originalmente com 404,2 quilates e sete centímetros de comprimento, que foi vendido por 16 milhões de dólares, na Suíça.
Na sequência da decisão das autoridades angolanas de organização de leilões de venda de diamantes, Angola arrecadou, em Janeiro deste ano, 16,7 milhões de dólares. O evento foi organizado no âmbito da implementação da Política de Comercialização de Diamantes, aprovada a 27 de Julho de 2018 e nele participaram 31 empresas.
O leilão contemplou a venda de um lote de sete pedras especiais, provenientes da Sociedade Mineira do Lulo, com peso entre 43,25 e 114,94 quilates, entre elas uma com 46 quilates, denominada “pink” ou pedra rosa.
As medidas de ajustamento económico previstas e anunciadas pelo governo de Angola face à crise mundial provocada pela Covid-19 devem resultar numa poupança adicional de cerca de 2,7 mil milhões de euros.
Num documento intitulado “A resposta de Angola à deterioração da perspectiva económica global”, a Unidade de Gestão de Dívida salienta que o governo continua “totalmente comprometido” com a agenda reformista que está a implementar com o Fundo Monetário Internacional, para fortalecer a estabilidade económica e financeira do país.
Em resposta às “pressões” resultantes da pandemia de Covid-19, o Conselho de Ministros aprovou um conjunto de medidas adicionais incluindo reformas na administração pública, ajustamentos orçamentais com revisão em baixa dos preços do petróleo e diamantes, recapitalização do Fundo de Garantia de Crédito e adiamento da retirada de subsídios aos combustíveis para o próximo ano.
Com a reforma administrativa, o número de ministérios (não de funcionários) foi reduzido de 28 para 21 e várias agências do Estado, consideradas não essenciais, serão fundidas ou eliminadas.
Os ajustamentos orçamentais incluem a revisão do preço do barril para menos de 35 dólares e os diamantes para 100,3 dólares por quilate, descida da produção de petróleo para 1,36 milhões de barris por dia e uma política monetária conservadora para limitar o efeito da queda de preço do petróleo nas reservas internacionais do Banco Nacional de Angola.
“As reformas previstas incluem cortes orçamentais significativos, monetização de activos do Fundo Soberano de Angola, venda de activos seleccionados e emissão de títulos de dívida locais para a Agência Nacional de Seguros, representando, em termos agregados, poupanças adicionais de 3 mil milhões de dólares durante o resto de 2020”, realça a unidade do Ministério das Finanças.
O documento acrescenta que o Governo continua a trabalhar “de forma estreita com os seus parceiros internacionais e bancos de desenvolvimento multilaterais” para reforçar a posição financeira de Angola e reafirma o empenho da ministra das Finanças com os mercados financeiros e comunidade de investidores internacionais.
A deterioração das perspectivas económicas mundiais causada pela pandemia da Covid-19, associada ao choque da oferta de petróleo e consequente queda de preços das matérias-primas “colocaram pressões adicionais” à economia e às finanças de Angola.